Site Meter Sem Salto Alto

domingo, junho 01, 2008

Quem agüenta?

Mais um papelão protagonizado pelo Botafogo...

Desde que acompanho futebol, escuto a frase “há coisas que só acontecem ao Botafogo”. Ela faz parte do folclore do esporte, do clube e até da torcida alvinegra. Mas ultimamente, a frase poderia mudar para “há coisas que só o Botafogo faz acontecer”. E pior: não são coisas positivas.

O jogo deste domingo, contra o Náutico, foi mais um exemplo dos recentes episódios lamentáveis que o clube carioca tem protagonizado. Desta vez, um lance de jogo – o zagueiro André Luiz recebeu o segundo cartão amarelo e, conseqüentemente, foi expulso – foi o gatilho para uma sucessão de erros.
Justamente expulso, André Luiz saiu fazendo gestos ofensivos, xingando e gesticulando até chutar uma garrafa na beira do campo que atingiu um torcedor do Náutico – aliás, o que este fazia em campo mesmo, hein? Aí veio a troca de empurrões com policiais, a voz de prisão e a cena lamentável do jogador saindo detido do estádio. Vale acrescentar que, na onda do jogador, o presidente Bebeto de Freitas também foi parar na delegacia. Foi apenas mais um dos injustificáveis destemperos vindos de um clube que, há pouco tempo, posicionava-se como uma entidade moderna, liderada por um dirigente sério.

O Botafogo parecia não beber da mesma fonte de clubes e dirigentes atrasados, pequenos e mesquinhos. Parecia ter um compromisso com o novo, com a mudança. Mas foi uma imagem enganosa. A máscara da modernidade caiu em episódios como a eliminação da Copa do Brasil e da Sul-Americana em 2007, o chororó na final da Taça Guanabara deste ano e a atitude absolutamente desnecessária de André Luiz nesta quarta rodada do Brasileiro. São tantas as cenas lamentáveis, que me pergunto se num futuro bem próximo, o alvinegro carioca comece a carregar na bagagem uma certa antipatia dos outros torcedores, dirigentes, clubes e até adversários em campo.

Dizem que, em campeonato de pontos corridos, ganha quem tem mais garrafa vazia para vender. Mas se substituíssemos as garrafas vazias por papelão, já teríamos um favorito...

quinta-feira, maio 22, 2008

Sem Salto Alto volta domingo!

Aos meus queridos leitores, vale um recado: voltarei a escrever no próximo domingo (25/05). Por conta de um período de turbulências no computador, andei sumida do pedaço. Mas já, já, volto a bater minha bolinha - Sem Salto Alto, é claro!

Beijos a todos!

quinta-feira, maio 01, 2008

O que é importante?



Sei que o que é importante para mim não é para os outros. Cada ser humano tem suas prioridades, seus códigos, seus valores. Mas me assusta um pouco determinadas posturas da imprensa e do público em geral no que se refere ao futebol.
Vejamos: no último domingo (27/04), veio a público uma matéria na qual o atacante Jardel admitiu o vício em cocaína. No dia seguinte, outro fato fora das quatro linhas chamou atenção: o jogador Ronaldo envolveu-se num escândalo com três travestis em um motel – e nem vou detalhar nada sobre isso porque é grande a possibilidade que você, que está lendo o “Sem Salto Alto” agora, saiba exatamente do que se tratou a história.
Não me espanta que os dois acontecimentos repercutam. O que me aflige mais é a diferença de peso atribuído a cada um. Não vou discutir ou julgar opções estritamente pessoais. As opções “públicas” é que estão distorcidas a meu ver. Reverberar com quem Ronaldo ou qualquer outro anda, bem como suas atividades nas horas de lazer não deveria ser mais importante do que discutir mais a fundo questões mais profundas no futebol. Como por exemplo, o uso de drogas – lícitas ou não – no mundo da bola. Brincar ou fazer piadinha do constrangimento de um jogador ou colocar em dúvida suas opções sexuais não poderia ser prioridade diante de procurar as causas, as conseqüências e as possíveis soluções para que futebol e drogas não entrassem em campo de mãos dadas.

Some-se o mea culpa de Jardel à recente entrevista de Léo Lima, na qual o meia admitiu o envolvimento com bebida; junte também o alcoolismo de Adriano e do argentino Ortega e o doping por uso de maconha do zagueiro Renato Silva; acrescente também os casos de Garrincha, Reinaldo, Casagrande e Maradona. O resultado é um retrato estarrecedor do futebol de ontem e de hoje. Um problema sem extensão precisa, cuja única evidência real é que se trata de algo maior e mais grave do que aparenta a superfície. Isso sim deveria repercutir em charges, colunas, comentários, manchetes, notícias. E repercutir não como instrumento de julgamentos morais, mas como julgamentos de mazelas sociais.

Argumentem o que for: contesto o que é tomado por “importante” atualmente.Há coisas mais obscuras no futebol que uma noitada mal-sucedida. E por isso, me assusta mais a confissão de Jardel do que qualquer escândalo em motel. Rimou? Pois é... Mas o pior mesmo é que o futebol – brasileiro e mundial – anda fazendo versos tristes por aí, mas nada disso importa se aparecer um travesti. Rimou de novo. Só que não há beleza poética em nada disso.

quarta-feira, abril 30, 2008

A difícil tarefa de ser vencedor

O Fla corre contra o cansaço e os adversários O Fla corre contra o cansaço e os adversários

O futebol atual tem seus dilemas de Tostines. Um deles é: vencer para ser clube de ponta ou ser clube de ponta para vencer?

Apesar de palavras como “planejamento” e “meta” ainda não fazerem parte constante do vocabulário dos dirigentes, os clubes que almejam ser vencedores são “punidos” por isso. Num calendário apertado, os times que efetivamente chegam às finais enfrentam adversários como o cansaço físico, as viagens constantes e os compromissos sucessivos em espaços curtos.

Temos bons exemplos aqui mesmo, no Brasil. O São Paulo é um. Após duas temporadas de sucesso e títulos, o time paulista sofre com uma queda de produção em 2008. Mais do que a perda de alguns jogadores e contratações falhas, percebe-se um esgotamento da equipe.

Algo semelhante foi visto com o Internacional ano passado, após um 2006 vitorioso. Um ano de glórias deu lugar a um ano de decepções, com um 11º lugar no Brasileirão, eliminação no Campeonato Gaúcho e desclassificação da Libertadores ainda na fase de grupos.

Este ano, o Flamengo já sofre com a tarefa de tentar ser vencedor nas competições que participa. Classificado para a final do Estadual do Rio, o rubro-negro já dá sinais de uma possível “falta de pernas” por disputar também a Libertadores.

Mas não há solução aparente para o problema. Para manter as contas em dia, faturar com a torcida, manter-se em exposição na mídia (para atrair patrocinadores e parceiros) e claro, conquistar títulos, os clubes precisam mesmo enfrentar tal maratona. O que falta, talvez, é determinar metas realistas e saber priorizar o que for mais importante. Como qualquer general que quer conquistar batalhas ou uma empresa que quer conquistar mercados. Vencer dá trabalho e é preciso saber o que fazer com ele. Difícil é a tarefa de ser clube de ponta. Porque não basta chegar lá; é preciso também continuar nela.
Foto: Maurício Val /Fotocom.net

quinta-feira, abril 24, 2008

Matar ou morrer

O feriado de São Jorge no Rio valeu não só para os devotos do Santo Guerreiro, como também para os devotos do futebol. A programação esportiva tinha jogo para todos os gostos desde as 15h da quarta até a noite. Liga dos Campeões, Copa do Brasil, Libertadores... Era só escolher.

Escolhi um pouco de tudo, zapeando entre uma partida e outra como sempre faço enquanto não consigo montar meu sonho de consumo: uma sala com vários aparelhos de TV ligados em jogos diferentes para assistir tudo ao mesmo tempo... De mais importante, a definição dos confrontos das oitavas-de-final da Taça Libertadores. Vai começar a fase mata-mata, com confrontos bem interessantes.

Fluminense X Nacional (COL)
Flamengo X América (MEX)
Cruzeiro X Boca Juniors
River Plate X San Lorenzo
Atlas x Lanús
Estudiantes x LDU
Cúcuta x Santos
São Paulo x Nacional (URU)

Não dá para prever muita coisa. Só o básico: algum favorito vai ficar pelo caminho, um time com campanha mais fraca vai crescer e time que fez boa campanha na fase de grupos vai continuar bem. Entre os brasileiros, a dor de cabeça maior é, sem dúvida, a do Cruzeiro. Encarar o Boca Juniors é sempre pedreira, mas desde o ano passado, a coisa parece ter ficado pior. Porque o Boca Juniors parece o Jason, do Sexta-Feira 13. Quando a gente pensa que ele morreu, lá vem ele, mais vivo que nunca, encher a paciência de novo. Foi assim no título de 2007 e na fase classificatória. Quero ver se, agora, na hora do mata-mata, Riquelme & cia “morrem-morrem” de uma vez...

*****

Curioso é observar duas coisas: o São Paulo, 1º do grupo 7, tem vantagem sobre o Nacional, 2º do grupo 4, apesar deste ter feito mais pontos na fase de grupos. Outra curiosidade: a única diferença para o Flamengo em ser 1º ou 2º melhor time na classificação geral foi o adversário. Isto porque, em caso de confronto com o Fluminense - dono da melhor campanha - o rubro-negro vai jogar no Maracanã as duas partidas. Ou seja: se o clube da Gávea apostar na tática de decidir sempre ao lado da torcida, talvez o título seja uma possibilidade real.

quinta-feira, abril 10, 2008

O sapo, o escorpião e o São Paulo

A confusão faz parte da natureza de jogadores como Fábio Santos

Há uma fábula que conta que, certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio, para pedir um favor:
- Ô sapo, você pode me carregar até a outra margem deste rio tão largo?

O sapo respondeu:
- Nem doido! Você vai me picar, vou ficar paralisado e vou me afogar.

O escorpião retrucou:
- Pô, isso é ridículo! Se fizesse isso, nós dois afundaríamos.

Confiando na lógica do escorpião, o sapo então concordou em fazer o favor. Colocou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio. No meio do rio, não deu outra: o escorpião cravou seu ferrão no sapo. Envenenado e já começando a afundar, o sapo perguntou:
- Mas por que você fez isso? Por quê?

O escorpião, também afundando, respondeu:
- Porque sou um escorpião e essa é a minha natureza.

Essa história lembra o atual momento do São Paulo. Em 2008, o clube paulista apostou em nomes como Adriano, Carlos Alberto e Fábio Santos, tidos como “polêmicos” ou “problemáticos” em suas carreiras. A cada contratação, a diretoria do São Paulo ou a comissão técnica gostavam de enfatizar: “aqui não vão dar problema”; “no São Paulo vai ser diferente”. Embalado pelo sucesso nos campos e pela decantada organização fora deles, o clube paulista parece ter errado não nas contratações em si, mas no que esperava delas.

Uma coisa é esperar que esses jogadores – principalmente Adriano – poderiam render mais benefícios que problemas. Outra era esperar que eles fossem mudar por causa do São Paulo. Nem Adriano, nem Carlos Alberto, nem Fábio Santos vão mudar. Não neste momento da vida, da carreira. Porque, assim como o escorpião da fábula, a natureza destes jogadores não permite isso.

E a cada uma que aprontam, mais o São Paulo parece com o sapo da fábula. Será que dirigentes e comissão técnica do clube realmente esperavam que nada disso acontecesse?

quinta-feira, abril 03, 2008

O verdadeira queda do América

 Não é de hoje que o torcedor do América sofre Não é de hoje que o torcedor do América sofre

No insosso Estadual do Rio, a última rodada da fase de classificação da Taça Rio só vai merecer destaque por um único motivo: o América pode cair para a Segundona. A campanha é a mais pífia possível: o tradicional clube alvirubro segura a lanterna do campeonato com sete pontos ganhos em 14 partidas – nove derrotas, quatro empates e uma solitária vitória.

Tenho ouvido muita gente dizer: “coitado do Ameriquinha”; “Ah, o Ameriquinha precisa se safar dessa”; “Torço para X ou Y, mas o América é meu segundo time e vou torcer por ele”. O América não pode cair, bradam alguns. Pois para mim, o América caiu faz tempo. Apenas não percebeu.

O futebol é implacável. A paixão que ele desperta não dá muito espaço para determinados sentimentos. Um deles é a afeição por adversários. Quando um apaixonado por determinado clube declara que “simpatiza” com algum outro, é preciso deixar bem claro uma coisa: isso só é possível porque o “clube simpático” não é adversário direto do clube de coração. Simples assim. Se um flamenguista diz que simpatiza com o também rubro-negro Milan, que “torce” para o time de Kaká e Maldini, a coisa iria por água abaixo se, por acaso, os dois se enfrentassem.

A mesma coisa aconteceu com o América: o clube só tem a simpatia dos torcedores cariocas porque há tempos não mete medo em ninguém. Não assusta. Não tira o sono. Não incomoda. É inofensivo. Não sei você, que lê este texto aqui no “Sem Salto Alto”. Mas para mim, essa é a pior queda que um clube pode sofrer realmente. Segunda divisão é pouco ou nada quando um clube simplesmente entra em campo por anos e anos baseando-se no passado. E despertando apenas... simpatia.

O fundo do poço, galera, é quando alguém faz referência a um time no diminutivo sem intenção pejorativa. Foi assim que América virou “Ameriquinha” e perdeu-se. Torcesse eu pelo América, eu gostaria que “Simpatia pelo Diabo” fosse apenas o título traduzido de uma das mais famosas músicas dos Rolling Stones (*).

(*) Referência à música “Simpathy For The Devil“, do álbum “Beggars Banquet” (1968), dos Rolling Stones.

quinta-feira, março 27, 2008

O dono da América

 Palácio gastou a bola contra o Colo Colo e o Boca Jrs continua vivo Palácio gastou a bola contra o Colo Colo e o Boca Jrs continua vivo
A Libertadores andava me devendo alguns créditos de bom futebol por eu ter suportado bravamente os penosos noventa minutos de Coronel Bolognesi x Cienciano. Pois a dívida foi paga, com todos os bônus possíveis, apenas dois dias depois da pelada peruana. Nesta quinta, Boca Juniors e Colo Colo protagonizaram um jogão – daqueles que uma apaixonada como eu agradece por ter assistido. Isso porque ver uma partida dessas me tira do lugar de mera espectadora para o posto de testemunha da história.

Talvez seja exagero, talvez não. Mas foi um jogo histórico. O Boca precisava vencer e desde o início, pressionou o adversário. Aos 22 minutos, o time argentino perdeu Monzon, após falta violenta e infantil do lateral. Logo depois, o Colo Colo foi ao ataque pela primeira vez e abriu vantagem.

Com um a menos no campo e no placar, dava para pensar que o Boca se perderia. Não foi o que se viu. Nem era possível notar que estavam com dez jogadores. Mais uma vez, os argentinos foram para cima. Tiveram um pênalti marcado, que Palermo desperdiçou. Mesmo Palermo que, logo depois, conseguiu o empate com um gol de pura raça.

Em outro contra-ataque, os chilenos marcaram o segundo no finalzinho do primeiro tempo. Voltaram do intervalo achando que poderiam segurar o resultado. É, poderiam... Se tivessem conseguido segurar o Boca e a própria covardia em não tentar mais o ataque.

O empate veio antes dos cinco minutos com Gracián. A virada, num golaço de Rodrigo Palácio, aos 20. Só a desvantagem fez o Colo Colo sair para o jogo. E com tanto perigo, que não entendo porque não tentaram isso antes. O jogo já estava perto do fim, quando o Boca fez o quarto. E lá foi o Colo Colo fazer o terceiro. Terminou 4 a 3 para os donos da Bombonera.

O apito final não marcou somente o fim de uma partida que vai ficar muito tempo na memória; marcou também a noite em que o Colo Colo teve a oportunidade de sepultar o Boca Juniors na competição. E talvez esse tenha sido um erro imperdoável para os chilenos – que podem não conseguir a classificação para a fase do mata-mata – como para todos os outros times que buscam o título. O Boca Juniors mostrou que a América do Sul tem dono. E quem quiser conquistá-la, não pode simplesmente ignorar essa força.
Foto: Olé

quarta-feira, março 26, 2008

O pior lado da Libertadores

Junte uma crise de enxaqueca com pouca vontade de dormir e um jogo de futebol atrás do outro na TV. Pronto: temos a receita que explica porque fiquei acordada até de madrugada vendo o Coronel Bolognesi enfrentar o Cienciano pela Libertadores.

Há tempos não via algo tão ruim. Os dois times são muito fracos, tão fracos que, em alguns momentos do jogo, fiquei reparando nos torcedores que lá estavam. Não que eles estivessem promovendo um espetáculo ou empurrando os times a qualquer custo. Mas exatamente pela passividade com que assistiam à partida. Até a platéia do desfile do Dia da Independência vibra mais. É certo que o jogo não teve mesmo muitos momentos brilhantes. Mas já que compraram ingresso... Não precisavam agir como membros de um cortejo fúnebre – apesar do futebol morto-vivo que rolava em campo.

Eu não esperava muito mesmo. Talvez esperasse mais vontade das equipes, já que outros times fracos que estão na competição pelo menos atuam de forma menos letárgica. Por mim, as duas equipes peruanas deviam pagar – e caro – para entrar numa Libertadores. Pelo futebolzinho que têm, deveriam, no máximo, disputar o Estadual do Rio – e isso está longe de ser um elogio. Que Flamengo e Nacional tenham vergonha de garantirem as vagas do grupo 4 para que, na minha próxima madrugada vigilante, eu possa ver joguinhos melhores.

terça-feira, março 18, 2008

Bola na rede – e não é a do gol

Rhain Davis: vídeo no YouTube foi atalho para o Manchester United

O futebol é pouco afeito a mudanças. Nem a Fifa nem a International Board - que determina as regras do esporte - promoveram grandes alterações nas leis. Utilização de recursos eletrônicos, reversão da decisão de juízes e outras idéias estão longe de serem aprovadas ou levadas a sério por quem comanda o futebol. Mas tem um elemento que pode sim, dar novos elementos a este esporte. Neste momento, já o tira da mesmice e futuramente, quem sabe, pode revolucioná-lo. Que elemento é este? A Internet.

É na rede mundial de computadores que a bola tem rolado de forma diferente. A tabelinha entre futebol e Internet é cada vez mais freqüente. O início do “casamento” talvez tenha sido as TVs exclusivas dos clubes, assistidas por internautas assinantes.

Ultimamente, vários jogadores já utilizam a rede como atalho para chegar aos clubes. O australiano Rhain Davis, de 9 anos, não me deixa mentir. Seu vídeo foi acessado por milhares de pessoas e, após ser apontado por muitos como o novo “Wayne Rooney”, foi contratado pelo Manchester United.

Em novembro do ano passado, o Hapoel Kiryat Shalom adotou uma forma diferente de interação com os torcedores. Por meio de um site, é possível votar na estrutura tática e na escalação da equipe. O técnico real existe – mas ele segue as decisões dos internautas. Outra iniciativa em relação a clubes foi do site My Football Club, que lançou a idéia de comprar um clube de verdade com o dinheiro que seria arrecadado com os membros cadastrados. No ar desde abril de 2007, a proposta foi concluída com sucesso em fevereiro deste ano, quando o Ebbsfleet United foi comprado pelo site e desde então, tem sido administrado pelos acionistas. Projeto semelhante surgiu aqui no Brasil, com o “Meu Time de Futebol”.

A praticidade da rede também será adotada pela Fifa para agilizar a documentação de transferência internacional dos jogadores. A partir de março, a entidade colocará no ar uma versão teste do “Transfer Matching System”, que também será utilizado para gerar transparência em negociações entre clubes de diferentes países. Num primeiro momento, o sistema englobará apenas vinte federações filiadas à entidade e cerca de 170 clubes.

A Internet entrou em campo com tudo. Seja no âmbito técnico, administrativo, tático ou comercial, é uma ferramenta que não pode deixar de ser utilizada por clubes, jogadores, profissionais do futebol ou dirigentes. Mais do que um meio de comunicação, ela é um indicador de tendências – e conseqüentemente, de oportunidades – que podem gerar um aumento em dois importantes ativos do futebol atual: fãs e renda alternativa.
Tomara que os clubes brasileiros atentem para isso com carinho. Afinal, no campo ou fora dele, é importante colocar a bola na rede.

sexta-feira, março 14, 2008

Reta final da Liga dos Campeões

Quartas-de-final da Liga dos Campeões 2007/2008 Quartas-de-final da Liga dos Campeões 2007/2008


Nesta sexta, a Uefa fez o sorteio que definiu os confrontos das quartas-de-final da Liga dos Campeões. Um clássico inglês (Liverpool x Arsenal); uma possível revanche (Roma x Manchester United), com os italianos tentando devolver a eliminação de 2006/2007; um jogo para garantir pelo menos um time fora da Inglaterra nas semifinais (Barcelona x Schalke 04) e a partida entre a surpresa da competição contra um dos times mais fortes da Europa (Fenerbahce x Chelsea).



Em todos os jogos, há expectativa de alto nível técnico. Favorito? Não gosto de apontar nenhum. Futebol combina com bola de couro e não com bola de cristal. O que sei é que vem muito jogão por aí nos campos europeus...



Imagem: Glaucia Marques

quarta-feira, março 12, 2008

Contradição

O Liverpool, de Torres, bate a Inter e é mais um clube inglês nas quartas da LC


Um clube alemão (Schalke 04), um italiano (Roma), um espanhol (Barcelona), um turco (Fenerbahce) e quatro clubes ingleses (Manchester United, Liverpool, Arsenal e Chelsea). Estes são os times classificados para as quartas-de-final da Liga dos Campeões. O último a confirmar a vaga foi o Liverpool, que venceu as duas partidas do mata-mata contra a Internazionale nesta terça (11/03).

Curioso é ver que a força dos ingleses na competição contrasta com a fragilidade do “English Team”. Dos países representados na LC, a Inglaterra é exatamente o único cuja seleção não está na Euro 2008. É uma contradição e tanto.

O que será que explica o sucesso dos clubes ingleses e o fracasso da seleção da Inglaterra? O excesso de jogadores de outros países nos campeonatos locais? O pouco investimento nas categorias de base por lá? A entrada de investidores estrangeiros nos clubes?

Não sei responder ao certo. Mas essa é uma resposta que os dirigentes e torcedores ingleses deveriam achar a qualquer custo.

Foto: Getty Images/Uefa.com

sexta-feira, março 07, 2008

Cenas do futebol

Pelé e Ricardo Teixeira como velhos amigos Pelé e Ricardo Teixeira como velhos amigos


Finalmente entendi o que realmente quer dizer o ditado "uma imagem vale mais que mil palavras"... E pior: fiquei sem nenhuma delas para comentar a cena.

Foto: Roberto Price/Folha Imagem

Abre o olho, Flamengo

Flamengo no Uruguai: time perde para o próprio desequilíbrio

Recentemente, fiz um post aqui no “Sem Salto Alto”, no qual eu destacava o fraco nível dos times pequenos no Estadual do Rio e o quanto isso poderia ser prejudicial aos clubes grandes em competições de maior porte, com adversários mais preparados. Por ironia do destino, quem dá mostras de que sente essa diferença é exatamente a equipe que conquistou o 1º turno no Rio.

É impressionante a diferença entre o Flamengo da Libertadores e o Flamengo do Estadual. Neste, o rubro-negro caminha fácil, superando uma ou outra dificuldade sem grandes esforços. Já na competição mais importante do continente latino-americano, o clube da Gávea tem dificuldades de se impor aos adversários, sofre com lapsos emocionais e desequilíbrio técnico, tático e o que mais vier pela frente.

O turbilhão de vitórias no campeonato regional encobre algumas falhas que Flamengo tem. Uma delas? O time não sabe jogar fora de casa. É um visitante sedentário: não se esforça, não faz nada. Já na impressionante arrancada no Brasileirão 2007 isso ficava claro. É um fato muito grave para um clube grande. O horizonte flamenguista só traz perspectivas reais de vitória em seu próprio quintal. Fora dele, o Flamengo encolhe-se, desequilibra-se, já entra derrotado por si mesmo. Para piorar esse aspecto, o Estadual não deixa os clubes grandes jogarem “fora de casa”.

Outra falha? O time não tem batedor de faltas. Podia ser um cara que soltasse a varada ou fizesse a cobrança como quem usa a mão. O Flamengo não tem nem um, nem outro. Então, jogadas de ataque muitas vezes são ceifadas perto da área, sem grandes preocupações para os adversários. Não adianta ter jogadores habilidosos, que possam decidir numa jogada individual, porque é raro ver gente fazendo gols depois de driblar meia dúzia. É por isso que o Messi é endeusado cada vez que faz isso – mas na Gávea não tem Messi, só o “primo pobre” dele.

Mais um erro: o clube não aprendeu com a eliminação precoce da Libertadores em 2007. Pior: se aprendeu alguma coisa, aprendeu errado. Diante de adversários tecnicamente mais fracos, o Flamengo faz tudo, absolutamente tudo, para fazê-los crescer. Como foi na derrota para o Nacional – que apesar da tradição, é sim, um time sem grandes mistérios. Íbson esmerou-se em errar passes, até errar a saída de bola que deu origem ao primeiro gol uruguaio. Bruno, uma das peças mais importantes, falhou como poucas vezes se vê um goleiro do nível dele fazer. Sem contar com a infantilidade inexplicável do Toró e o sempre regular Léo Moura tentando virar Bruce Lee num lance no meio-campo.

É, o Flamengo precisa abrir o olho. Para um clube que quer tanto chegar ao Japão, é preciso lembrar que não se chega lá com viradas sobre o Resende ou goleadas sobre o América. A Libertadores é o caminho. Mas para andar por ele, o Flamengo precisa achar a bússola que norteia as grandes conquistas (algo que o clube, ao que parece, não lembra mais o que é).
Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo

sábado, março 01, 2008

Jogando por ópera

Cuca e Botafogo: vocação mútua para o drama Cuca e o Botafogo: vocação mútua para o drama

O Botafogo é um clube atípico. E digo isso não como uma crítica ou elogio. Digo como quem olha para cima e constata que o céu é azul.

Não sei se foi destino ou acaso. Se foi azar ou sorte. Não saberia precisar qual conjunção astrológica foi capaz de unir tamanha fome com tanta vontade de comer. O que sei é que as peças encaixaram-se perfeitamente, num quebra-cabeça extremamente passional. As peças? Bebeto de Freitas, Montenegro, Cuca, os jogadores e torcedores do Botafogo.

O Botafogo de hoje é uma sucessão de atos dramáticos. Se jogasse por música, os alvinegros jogariam por ópera. Tensão e drama do início ao fim. E isso não foi deflagrado pela derrota na decisão da Taça Guanabara. Foi, no máximo, levado ao extremo. Mas a vocação pelo drama... Essa estava lá há tempo, encravada e latente no clube de tal forma, que nem o xixi do Manequinho conseguiu eliminar.

O Bebeto que discutiu com jornalista na coletiva, que tirou o microfone do Lúcio Flávio para poupá-lo do delicado “momento emocional”, o Bebeto que renunciou – ou melhor, licenciou-se do cargo – é o mesmo que disse que tinha vontade de pular da Ponte Rio-Niterói por conta de um empate com o Friburguense.

O Montenegro então... Nem se fala. Este já chamou jogador de sem-vergonha, de frouxo e gritou horrores para a bandeirinha que anulou gols do clube contra o Figueirense, na semifinal da Copa do Brasil de 2007. Ah! Foi o mesmo que nada falou quando o árbitro não deu um pênalti claro contra o Botafogo na mesma competição nas quartas...

Já o Cuca é o cara que deixou o time após o vexame contra o River Plate e voltou menos de dez dias depois. Esta semana, declarou-se insone, alegando que nem dorme pensando no julgamento que vai analisar as confusões em campo na Taça GB. Foi mais longe, afirmando: “se eu souber que faço mal ao futebol do Rio, vou embora”. Mais depressivo só os conflitos no Iraque, a fome no continente africano ou qualquer desses males que assolam o planeta.

O Túlio que esbraveja contra a comemoração do Souza foi aquele que dias antes, pediu para ser sacado do jogo quando o Flamengo empatou; foi aquele que aconselhou botafoguenses a não irem ao estádio por conta do “complô” que impede o Botafogo de vencer; foi o que disse que só jogaria o Campeonato Carioca porque era obrigado por contrato...

A lista dos dramas alvinegros é maior, é quase interminável. Vou deixar de fora o doping de Dodô ano passado, o choro coletivo no vestiário ou as teorias conspiratórias. O que realmente faz o Botafogo perder vai além dos problemas de arbitragem. O fato é que nunca o clube mostrou-se tão fragilizado emocionalmente. Nem nos anos de jejum de títulos, nem na queda para a Segundona, viu-se um Botafogo em frangalhos. E isso, mais do que qualquer coisa, é que deveria ser motivo de discussão entre dirigentes, jogadores e torcedores do clube.
Foto: Agência Lance!

Trophy Tour

Uefa Champions League Trophy Tour Troféu da Uefa Champions League: eu queria um desses em casa

Bonito de longe, mais bonito ainda de perto. Valeu a pena ir na "Uefa Champions League Trophy Tour", promovida pela Heineken. Durante quatro dias (dois em São Paulo e dois no Rio), o troféu do melhor campeonato interclubes do mundo esteve aqui no Brasil.

Segundo os organizadores, cerca de 19 mil pessoas foram ver a Taça da CL. É mais do que o público de muito jogo que rola por aqui. Igualmente impressionante foi notar o enorme número de visitantes que vestiam camisas de clubes europeus (me impressionou também o fato de que vi pouquíssimas camisas da Seleção Brasileira no evento).

Será que algum dia o futebol brasileiro e sul-americano vai aprender a promover seus campeonatos da mesma forma que os europeus fazem? Não custa sonhar...

Foto: Glaucia Marques

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Quando a estrela não brilha...


Botafogo no vestiário: depois de perder o jogo, o time perdeu a razão

Já disseram uma vez que é muito fácil ser nobre quando se vence. Acho que é verdade. Por outro lado, também é muito fácil ser pobre de espírito quando a derrota aparece. E isso ficou muito evidente neste domingo, na decisão da Taça Guanabara.

As coisas que foram ditas no vestiário do Botafogo em nada combinam com a decantada seriedade administrativa que o clube tenta implantar. As palavras, o cenário, os atos e os gestos... Tudo errado. Com perdão antecipado pelo trocadilho, se há algum manual de conduta para as coletivas de imprensa no futebol, o “Fogo” queimou.

Erros de arbitragem? Sim, eles aconteceram. Aconteceu quando Marcelo de Lima Henrique não deu um recuo de bola do Léo Moura para o Bruno; aconteceu quando ele expulsou Zé Carlos e não Castilho; aconteceu quando ele deixou que os jogadores dos dois times o peitassem sem tomar a atitude devida. Errou ao não expulsar Ferrero, que poderia ter feito com Cristian o que Martin Taylor fez com Eduardo Silva no sábado. Mas não, ele não errou ao dar o pênalti, no qual Fábio Luciano quase ficou sem camisa; também não errou ao expulsar Lúcio Flávio, cujo comportamento não foi o de um monge beneditino. Por tudo que vi, os erros mais decisivos foram do próprio Botafogo.

Errou Cuca, ao recuar demais o time quando estava em vantagem e oferecer campo à reação adversária. Errou Lúcio Flávio, capitão da equipe, ao receber um justo cartão amarelo por reclamação e perseguir Juan, até derrubá-lo por trás, num lance próximo à área do...Flamengo! Errou Wellington Paulista, perdendo gols que poderiam ter escrito outra história. Errou a diretoria, quando montou um elenco bom e esforçado, mas sem peças de reposição.

Aos erros em campo, somam-se os erros fora dele. O volante Túlio afirmou que “se pudesse não jogaria mais o Campeonato Carioca e que se fosse o torcedor botafoguense, não iria mais aos jogos”. Montenegro disparou contra a Federação e a Comissão de arbitragem, acusando-os de serem “rubro-negros de cabo a rabo” e “de apitarem com a camisa do Flamengo por baixo”.

E a Bebeto de Freitas, autoridade máxima do clube, coube o papelão maior: renunciar ao cargo, alegando que “comandava o clube há seis anos e estava cansado de tudo”. Logo depois, retirou os jogadores do vestiário, alegando “que não tinham condição emocional de estar ali”. Foi o único acerto dele. Aliás, meio acerto. Se não tinham condição emocional de estar ali, não deveriam nem ter aparecido no vestiário.

O Botafogo esqueceu de uma frase que bem podia estar estampada no pára-choque do caminhão de erros que o atropelou. Frase batida, mas que serve como luva: “se sua estrela não brilha, não tente apagar a estrela alheia”.

Foto: André Durão/ Globoesporte.com

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Créu na paciência

Ronaldo Angelim comemora sem frescuras ou dancinhas: alegria não tem coreografia

A moda começou nos anos 90. Não tenho estatísticas sobre o tema, mas a primeira vez que vi algo do gênero foi em 1991. Flamengo e Botafogo decidiram a Taça Rio (2º turno do Estadual) e o atacante rubro-negro Gaúcho prometeu fazer o gol Xuxa, que garantiria “beijinho, beijinho, tchau, tchau” ao adversário. Gaúcho fez o gol e a dança tirando sarro do adversário. Ele mesmo faria isso mais vezes – dançando ou apenas batizando gols com irreverência.
Daí em diante, a lista de jogadores que aderiram ao modismo foi grande, interminável. Até empresas aproveitam a onda para aparecerem, como foi o caso do da Brahma (com o gesto de número 1 feito por vários jogadores do Brasil em 1994) ou da Nike, que pediu aos jogadores que patrocina para imitarem o gesto usado por Ronaldo Fenômeno como forma de dar força ao jogador a superar sua mais nova contusão (Fábio Luciano, do Flamengo, assim o fez, contra o Vasco). Exemplos não faltariam.

E a cada rodada, a cena se repete nos gramados. Fulano faz gol, lá vem uma dancinha. Beltrano marcou? Um gesto coreografado. X cruzou para Y abrir o placar? Pintam os trenzinhos, os passinhos de funk, samba, cumbia, forró ou coisa que valha. Sem contar os recados apaixonados para a mãe, o pai, a esposa, o filho, o papagaio, em conversas com a câmera atrás do gol.

O que me impressiona é que os jogadores de futebol só se preocupem em passar mensagens para as câmeras ou só queiram ser criativos quando comemoram um gol. Diante de um microfone, a maior parte deles não têm nada diferente a falar. Gaguejam, abusam dos chavões, erram conjugação. Imagem? Ah, importa só aquela da hora do gol.

Grande erro. Não só porque é tênue a fronteira entre irreverência e provocação. Mas principalmente porque o que era original, agora é lugar-comum. Tenho saudades do tempo que o jogador que marcava se deixava levar pela mesma emoção do torcedor. Gritava, corria, levantava os braços, se jogava na grama, se entregava ao inexprimível. Coreografia é coisa de caso pensado e a emoção do gol, para mim, passa longe do racional.

O zagueiro Ronaldo Angelim, convocado a fazer a “Dança do Créu” ao marcar o gol da vitória do Flamengo contra o Vasco, declarou: “Dançar o créu não leva a nada. Tem que respeitar o adversário”. Não só o adversário, mas a torcida também. Quisesse eu ver tantos passos de dança, iria ao balé. Até agora, a tal dança só deu “créu” na minha paciência.
Foto: Marcia Feitosa/FOTOCOM.NET

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Ronaldo

Ronaldo enfrenta novamente o drama de uma séria contusão Um ídolo de novo no chão

“Primeiro, o homem não sabia estar só. Andava sempre em hordas ululantes. E quando, por acaso, desgarrava dos demais, uivava até morrer. Era, assim, o medo que juntava os homens, e repito: - a multidão nasceu do medo. O ser humano só se tornou humano, e só se tornou histórico, quando aprendeu a ficar só” - Nelson Rodrigues
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Esta é uma citação de Nelson Rodrigues, a respeito da solidão. Hoje a reli e vi que ela se aplica a Ronaldo. Sim, a Ronaldo.

Primeiro, Ronaldo não sabia como era estar só. Nem bem chegava ao time principal do Cruzeiro e seus gols o colocaram sob os holofotes. Antes da maioridade, chegou à Seleção e à Copa do Mundo de 1994. Campeão mesmo sem entrar em campo nesta competição, Ronaldo “andava em hordas ululantes”.

E assim andou, na trilha do caminho do sucesso, vestindo a camisa do PSV, do Barcelona, do Internazionale, onde virou o “Fenômeno”. Mas chegou a Copa de 98, que deveria ter sido “a sua” Copa. Uma convulsão, um mistério, uma derrota. Quando o Brasil caiu diante da França na final, a queda maior foi de Ronaldo. Veio a queda de produção. E a contusão no tendão patelar direito, em 2000. Ali, desgarrado dos demais, uivou. Para muitos, havia morrido para o futebol.

Precisou, então, trilhar outro caminho. O da obstinação. Só. Digam o que quiserem: médicos ou fisioterapeutas não foram companhia para Ronaldo nesta trilha. Para voltar, Ronaldo aprendeu a ficar só. A driblar fantasmas, desconfianças. Só, tornou-se humano. E de super-humano que é, tornou-se histórico. Ronaldo escreveu um épico raro de superação. Campeão em 2002 pelo Brasil, foi artilheiro e melhor do mundo pela Fifa. Ronaldo trilhou o caminho dos mitos. E não estava mais só, novamente. Multidões o aclamaram, pelo medo que despertava nas defesas adversárias.

Não precisaria provar mais nada a ninguém. Nem a ele. Depois de passagem pelo Real Madrid, chegou ao Milan. Novamente em má-fase. Contestado. E nesta quarta, 13 de fevereiro, eis que o destino estoura novamente o tendão patelar de Ronaldo. Não o direito, o esquerdo. E, novamente, há quem diga que Ronaldo morreu para o futebol.

Que ninguém se apegue a prognósticos. Ronaldo sabe trilhar as “hordas ululantes”. Mas como poucos, aprendeu a ficar só. Tornou-se humano. E sabe exatamente o caminho para tornar-se – mais uma vez – histórico (e heróico).
Foto: Agência AP/Globo.com

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Vá de retrô

Manchester City e Manchester United relembram desastre aéreo Clássico de Manchester: a onda retrô relembra a história
O futebol é um esporte que vive de estórias e história. As jogadas que testemunhamos, os gols que assistimos, os jogadores que fizeram a diferença, todos permanecem vivos através das narrativas que fazemos, passando o fato adiante. Reparem como no dia seguinte de uma rodada ouvimos várias pessoas contando os lances da partida, descrevendo de forma única tudo aquilo que viram ou ouviram.

Acho que este é o principal elemento que sustenta a moda das camisas retrô, grande filão de mercado hoje em dia. O futebol – principalmente o atual – carece de romantismo. Os uniformes retrô, de certa forma, trazem de volta o tempo que jogador e camisa não tinham uma relação tão promíscua. Beijava-se menos os escudos, amava-se mais os clubes que representavam. Sem contar que antes as camisas não tinham marcas estampadas e não corríamos o risco de ver equipes entrando em campo com verdadeiros abadás...

É por essa saudade que vemos cada vez mais as camisas retrô por aí. Se a ocasião é especial, o passado aparece não só nas prateleiras das lojas como em campo também. Este ano já tivemos dois bons exemplos. Um, aqui no Brasil, no Campeonato Cearense. Em 27 de janeiro, Fortaleza e Ceará jogaram o clássico com uniformes da década de 1910, quando o tricolores e alvinegros tinham o nome de Stella (camisa branca com estrela vermelha no peito) e Rio Branco (camisa lilás), respectivamente. O outro exemplo é inglês. No clássico entre Manchester United e Manchester City, os Reds relembraram os 50 anos do acidente aéreo envolvendo a equipe do M.U., em 06 de fevereiro de 1958. O time do Manchester United irá usar camisas com estilo antigo, dos anos 50. Rivais extremos, os dois times deixaram de lado a richa local para fazer a homenagem: o Manchester United usou uniforme igual ao utilizado pela equipe na época do acidente e o time do City jogou sem a marca do patrocinador na camisa, além de utilizar tarjas pretas nas mangas.

Ainda nos resta isso. Quando as botinadas fazem doer a vista e os times e dirigentes relembram o amadorismo no pior sentido da palavra, não deixe que o amor ao futebol vá embora. Embarque na nostalgia e vá de retrô...

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

O importante é ser fashion...

Ronaldinho Gaúcho em campanha da Oi no Fashion Rio 2008 Eu podia dormir sem essa...

Uma visita ao blog parceiro "Pândegos & Patuscos" mostrou a duvidosa foto de David Beckham no lançamento de um novo aparelho da Motorola. É... Também não entendi a relação entre a cobra e o celular, mas pelo menos a campanha foi feita com um cara que se propõe a ser ícone fashion e não está nem aí para o sentido de determinadas coisas (eu sou uma das pessoas que acham que essa coisa de moda não tem sentido algum).

Mas o que dizer da campanha feita pela Oi com o Ronaldinho Gaúcho para o Fashion Rio 2008? O que dizer dessas asas horrendas, em um cara que não é lá muito bonito?

Nessas horas me pergunto onde estão os agentes dos jogadores. Pode ser que no futebol atual, seja importante ser fashion. Mas precisava ser ridículo também?

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Batendo em bêbado

Quando alguma coisa é muito fácil - e fácil mesmo - é obrigação consegui-la. É, como já diz a metáfora popular, igual a bater em bêbado na ladeira. Quem está batendo tem obrigação de vencer a briga.

Pois a imagem de alguém surrando o "pinguço" é o melhor retrato do Campeonato Estadual do Rio este ano. Não lembro de ter visto um nível tão fraco dos chamados "times pequenos". E os grandes, que ainda não tiveram um teste real no ano, não podem ser avaliados corretamente.
Toda rodada é uma, duas, três goleadas. E se o Vasco - na derrota para o Madureira - e o Fluminense - no empate com o Macaé - perderam pontos para equipes menores, foi muito mais pela displicência com que jogaram do que por méritos dos adversários.

Mas não podia ser diferente. Além do campeonato inchado (com quatro equipes a mais que em 2007), inventaram que os times pequenos não podem enfrentar os times grandes em seus estádios - mesmo quando têm o mando de campo. Na prática, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco jogam sempre em casa. Se as equipes menores já não assustariam em casa, fora delas o que se vê é uma variação de retrancas tentando arrancar um pontinho que seja.

Pior do que isso, só mesmo ouvir determinados comentários nas rádios e ler algumas manchetes de jornais, que vendem os grandes do Rio como máquinas de jogar bola. Os quatro grandes parecem o "Quarteto Fantástico" do futebol mundial, goleando equipes de nível técnico equivalente ao Milan, ao Chelsea, ao Real Madrid...

Não é nada disso. Os grandes clubes do Rio ainda estão na pré-temporada. Se dão ao luxo de fazerem jogos-treinos com chancela oficial da Federação, transmissão de rádio, TV e até pay-per-view. Só quero ver se a festa continua quando os quatro entrarem em campo em competições de verdade - Copa do Brasil, Brasileirão e principalmente, Libertadores da América.

Definitivamente, o futebol do Rio de Janeiro merecia coisa melhor.