Site Meter Sem Salto Alto: 13/05/2007 - 20/05/2007

domingo, maio 13, 2007

Erro de juiz ou erro de juízo?

Há no Direito o termo em latim error in judicando, cuja definição mais simples é algo como “equívoco na aplicação dos efeitos da norma processual”; “erro ao julgar; erro de procedimento”; “erro que ocorre quando o Juiz decide mal a questão que lhe é submetida”. E quando isso ocorre, o Direito considera que é um erro que merece ser sanado.


Não, meu blog não é para assuntos jurídicos agora. O parágrafo anterior foi para questionar: o que temos visto em campo, em relação às atuações das arbitragens, são meros “erros de juiz” ou “erros de juízo”? Em menos de uma semana, foram pelo menos três erros clamorosos (e decisivos):


1 – O impedimento dado pelo árbitro Djalma José Beltrami, que tirou de Dodô a oportunidade de fazer o gol do título alvinegro contra o Flamengo, na 2ª partida da final do Estadual do Rio. O Flamengo acabou vencendo nos pênaltis;


2 – A sucessão de lambanças do argentino Héctor Baldassi no jogo Flamengo x Defensor, não dando dois pênaltis para o rubro-negro e deixando de coibir o anti-jogo uruguaio (que paralisou mais de 1/3 do jogo segundo o Lance!). Resultado: pelo “conjunto da obra” do juiz, o time carioca não conseguiu fazer o placar que necessitava e saiu da Taça Libertadores da América;


3 – No dia seguinte, foi a vez de Carlos Eugênio Simon decidir um jogo, deixando de dar um pênalti claro, claríssimo, a favor do Atlético-MG, aos 47 do segundo tempo, na partida pelas quartas-de-final da Copa do Brasil contra o Botafogo. O Galo perdeu a chance de empatar e deu adeus ao torneio (atalho para a Libertadores 2008).


Não foram lances duvidosos; todos os lances foram claros, clamorosos, escandalosos. Lances capitais. Erros gritantes e vergonhosos que comprometeram o trabalho de diversos profissionais. Que acabaram com a alegria de milhões de torcedores.


A FIFA que me desculpe, mas a regra 5 precisa ser revista. O parágrafo que garante que “as decisões do árbitro sobre fatos em relação ao jogo são definitivas” tornou-se perigoso e nocivo ao futebol atual. Perigoso porque é muito arriscado para o jogo, como espetáculo, ser decidido pela limitação técnica, péssima interpretação/desconhecimento da regra, má-intenção e até desonestidade de uma única pessoa (escândalos de arbitragem em todos os cantos do planeta não me deixam mentir). Nocivo porque estamos falando de um dito futebol em alto nível profissional e econômico e erros do tipo prejudicam o planejamento, a arrecadação e a credibilidade deste esporte como negócio.


A FIFA gosta de afirmar que erro de juiz pode ser um charme, um elemento que alimenta a magia do futebol. Está errado. Desde o momento que o erro dos juízes têm-se caracterizado pelo erro de juízo. Erros assim tiram a graça, roubam a vontade de acompanhar os campeonatos. É muita coisa em jogo para depender de uma pessoa só. Pessoa essa sujeita a todo tipo de fraquezas, de humores, de defeitos (de preparo profissional e de caráter). Cartão vermelho para a roubalheira e a incompetência de apito!

Fair play é coisa que dá nos outros...

Curioso mesmo foi ouvir a declaração do técnico Cuca, do Botafogo, perguntado sobre o pênalti claro que não foi dado contra sua equipe e que poderia ter dado vaga na semifinal da Copa do Brasil ao Atlético-MG.“Também deram um impedimento que me tirou o título no último domingo”.
Certo, Cuca, certo... O erro de um árbitro prejudicou o alvinegro carioca na final do Estadual; mas nunca poderia servir de justificativa para outro erro – igualmente vergonhoso – na Copa do Brasil. Que o Botafogo não levante o bastião pela moralidade na arbitragem (como ameaçou fazê-lo depois da partida contra o Flamengo) se a idéia for baseada na Lei de Gérson ou no popular “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Se todo mundo que já sofreu um assalto justificasse que outra pessoa fosse assaltada para compensar sua perda, onde a gente estaria? Fair play? Palavrinha bonita que a FIFA inventou para que técnicos, jogadores e dirigentes pudessem jogar pedra nos outros. Esquecendo é claro, que também têm telhado de vidro...