Site Meter Sem Salto Alto: 10/09/2006 - 17/09/2006

quarta-feira, setembro 13, 2006

Colônia de talentos


O que Anderlecht, Celtic, Chelsea, Copenhagen, Galatasaray, Hamburgo, Levski Sofia, Manchester United e Steaua têm em comum? Não sabe? Bom, esses são os nove dos 32 clubes da Liga dos Campeões que não têm nenhum jogador brasileiro na equipe. E olhe que não são poucos os brasileiros por lá: no total, são 88 (sem contar o técnico Ricardo Gomes, do Bordeaux).
Poderia ser um motivo de orgulho ver um número tão grande de jogadores do nosso país jogando no que é considerado o melhor campeonato interclubes do mundo. Até seria mesmo, se esse dado não revelasse o triste papel do futebol brasileiro: a de mera colônia de talentos.
Foi por conta desse papel, que poucos flamenguistas conseguem lembrar das atuações de Adriano com a camisa do clube. Afinal de contas, ele deixou a Gávea com 19 anos, em 2001, numa míope negociação de troca pelo volante Vampeta. Pelo mesmo motivo, os cruzeirenses viram Fred tomar o rumo da Europa, em 2005, quando o atacante liderava a artilharia do Brasileiro daquele ano. E não se pode deixar de falar no Robinho, que trocou a camisa branca do Santos pela do Real Madrid, também no ano passado. E o Kaká...
Seria possível citar outros, mas o quarteto tem significativos pontos em comum. Os quatro foram embora antes dos 22 anos; todos serviram à Seleção Brasileira na última Copa; todos só devem voltar ao Brasil quando já estiverem sem mercado lá fora, com idade demais e pernas de menos para que os torcedores brasileiros possam curtir suas melhores atuações. E ainda assim, corremos o risco de vê-los voltar, jogar razoavelmente bem e perdê-los novamente para mercados com menos brilho que o europeu, mas com grana suficiente para achincalhar o futebol brasileiro (o Botafogo que o diga, quando viu Dodô ir embora esse ano, quando este era o artilheiro do Brasileirão).
Que ninguém se engane: apesar da inigualável capacidade de desenvolver craques e bons jogadores, não há muito motivo de orgulho no “País do Futebol”. Somos os únicos pentacampeões do mundo? OK. Mas quem duvida que, com organização dentro e fora das quatro linhas, a Seleção Brasileira faria na Copa o que o Dream Team fez no baquete nos anos 90? Quem duvida que nossos campeonatos nacionais teriam os direitos de transmissão vendidos a peso de ouro se esses nomes que brilham na Europa estivessem em casa, de onde nunca deveriam ter saído.
*****
Já que só me resta o sofá para ter contato com esses e outros craques do futebol mundial, no próximo post, vou comentar a 1ª rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

Foto: AFP

terça-feira, setembro 12, 2006

Como tudo começou...


Meu amor pelo futebol não existiu “desde sempre”. Quando criança, por influência do meu irmão mais velho, até gostava de jogar bola. Mas daí a assistir um jogo na TV, a distância era enorme.Aliás, tinha tudo para detestar futebol, principalmente visto pela TV. Por causa dele – e do programa “Gol, Grande Momento do Esporte” – muitas vezes perdi os desenhos do Pica-Pau. Não sou tão velha, mas sou da época que cada casa tinha apenas um aparelho de TV. Faço um mea culpa: odiava cada grito de gol vindo da telinha. Não sei como pude...
Parecia que ia ser assim para sempre... Até que um dia, eu e meu irmão brincávamos correndo pela casa. E na brincadeira, nós dois derrubamos uma corujinha de porcelana da nossa mãe. Pedaços aqui e acolá, a proposta foi feita: “mãe, a gente vai colar tudinho”. E sentamos os dois para cumprir a missão. E sentamos os dois, em frente à TV. E sentamos os dois para ver um Brasil x Argentina. Não sei qual foi a química, mas a verdade é que fiquei com os dedos grudados de cola e os olhos grudados na partida. Era o ano de 1985, foi o primeiro jogo que vi.
Vinte e um anos depois, quase nem lembro do tempo que não amava o futebol. Acho que esse tempo nunca existiu. De lá para cá, foram inúmeros jogos na TV, nos estádios, nos campos de pelada, no videogame. Perdi horas de descanso. Perdi o sono. Perdi a paciência. Perdi a fome. Perdi a indiferença diante de uma bola rolando. Mas nunca, nunca mesmo, vou saber explicar o quanto ganhei e ganho cada vez que vejo uma partida de futebol.
Hoje, sou parecida com o rapaz da foto: tenho o futebol na cabeça.
*******
Por isso, este blog. É nele que vou unir duas paixões: falar de futebol e escrever. Tenho a pretensão de abordar esse esporte sob os mais diversos aspectos, porque há muito, muito tempo, meu interesse por ele não dura 90 minutos. Quando o jogo acaba, me interesso por tudo que o prorrogue, em qualquer campo que seja: literatura, música, marketing, arte, cinema... Sou uma mulher que gosta e – humildemente – entende de futebol. E essa partida eu vou jogar sem salto alto, podem ter certeza. Seja bem-vindo e volte sempre!