Site Meter Sem Salto Alto: 16/12/2007 - 23/12/2007

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Duas caras

Não adianta coçar a cabeça: tem é que usá-la


Apesar do título deste post, ainda não é dessa vez que vou falar de novela por aqui. Aliás, até vou. Mas trata-se de uma novelinha típica do futebol e que não tem nada a ver com o folhetim das 21h da Rede Globo – apesar da chatice em comum.

Os personagens variam. Podem ser Leandro Amaral, o Vasco, o Fluminense e o Botafogo. Ou Thiago Neves, o Palmeiras, o Fluminense – de novo e o Paraná. Ou Beto Acosta, o Náutico, o Corinthians e o Cerrito, do Uruguai. Mas o enredo é sempre o mesmo: motivado por propostas, jogador e procurador(es) metem os pés pelas mãos, fecham acordos a esmo e em determinado momento, ninguém sabe mais a qual(is) clube(s) o boleiro está vinculado. E aí a novela se arrasta para tribunais de justiça desportiva, trabalhista, FIFA, ONU ou qualquer outra instituição que seja capaz de definir qual camisa o sujeito vai vestir.

Já ouvi gente dizendo que isso é conseqüência da modernização do futebol. Afinal, o que rege a coisa toda agora é business e grana. Com isso, pode ser que os direitos federativos estejam vinculados a um clube, mas os direitos econômicos sejam de um grupo de investidores, empresários, sanguessugas e afins. Num resumo básico, o clube é apenas um trampolim para que outras pessoas ganhem muito dinheiro. Não há inocentes envolvidos. Mas os jogadores sempre posicionam-se como vítimas indefesas.

Até quando vamos ouvir essa ladainha de que foram mal-orientados, induzidos, aliciados, como se fossem incapazes de discernir entre o certo e o errado ou como se fossem meros fantoches? Até quando vão culpar procuradores, agentes, dirigentes ou quem quer que seja por assinarem mais de um acordo ou concordarem com contratos cujas cláusulas estejam pré-determinados a não cumprir? Até quando os jogadores de futebol vão agir como se suas cabeças fossem HDs vazios, cujo conteúdo vai sendo colocado aos poucos, sem nenhuma contestação?

Está na hora de mudar. Se gostam de usar tanto a palavra “profissional”, que façam jus a ela. Que se preparem para exercer esta profissão, como fazem tantos “mortais” por aí. E principalmente: que os jogadores de futebol tenham uma cara só. E que não seja de pau, como tantos têm demonstrado ter.

domingo, dezembro 16, 2007

Revanche à milanesa

 Liderado por Kaká, o Milan conquistou o tetra mundial Liderado por Kaká, o Milan conquistou o tetra mundial
A derrota é inevitável até para os clubes acostumados a vencer. Não há registro na história de um clube que tenha vencido tudo, vencido sempre. O futebol não dá espaço para os invencíveis. Mas dá campo sim, aos vencedores. E na final do Mundial Interclubes deste ano, enfrentaram-se os dois clubes com o maior número de conquistas internacionais. Até antes da partida, Milan e Boca Juniors tinha invejáveis dezessete títulos internacionais cada um. Para o Boca, o jogo era um tira-teima. Para o Milan, uma revanche da final de 2003, quando perdeu o Mundial para o time argentino.

O Milan fez mais do que vencer com propriedade por 4 a 2 e com show de Kaká. Com o título em Yokohama, o rubro-negro de Milão serviu ao Boca um prato que o Liverpool já havia degustado também em 2007: a revanche à milanesa.

Dizem que a vingança é um prato que se come frio. Discordo. Pelo menos no futebol, ela é servida ao calor da paixão. De fria, nada tem. Sorte dos torcedores do Milan, que saborearam duas vezes em 2007 a mais fina das iguarias que o futebol pode oferecer: a revanche.
Foto: Reuters/UOL