Site Meter Sem Salto Alto: 2006

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Dez piores momentos de 2006

É Natal e em vez de fazer lista para o Papai Noel, fiz a lista dos dez piores momentos do futebol em 2006 (na minha humilde opinião).

1. Cabeçada do Zidane: um craque como Zizou precisa usar a cabeça sempre, mas não da maneira como fez na final da Copa da 2006.

2. Vídeo do Postama: o goleiro holandês Stefan Postma, do ADO Den Haag, conseguiu ficar famoso no futebol. Mas não pela qualidade técnica... Uma ex-namorada divulgou um vídeo da relação dos dois e na gravação, ela é o “homem” da relação, graças a um apetrecho de borracha. Virou alvo de chacota no mundo. O vídeo foi para o You Tube e retirado depois (quando meio mundo já tinha visto). Mas sem dúvida, quem procurar vai achar pela Internet... Chega a traumatizar...

3. Gol de gandula: Santacruzense e Atlético Sorocaba. Ninguém lembraria dessa partida, válida pela Copa Federação Paulista, se a árbitra Sílvia Regina de Oliveira (da FIFA!!) não tivesse validado um gol de gandula, que deu o empate ao time de Santa Cruz. A árbitra foi suspensa por 30 dias, o auxiliar Marco Antônio Motta Júnior, por 15 e o time beneficiado pagou uma multa de R$ 50 mil. Barato, muito barato pelo tamanho da besteira.

4. Cobrança de pênalti do William: poucas vezes se viu um pênalti cobrado de forma tão bizarra... A cobrança rodou as TVs do mundo e a internet e, sinceramente, quanto mais a assisto, menos entendo...

5. Valdir Papel na final da Copa Brasil: Renato Gaúcho apostou em Valdir Papel para tentar os dois gols de diferença que manteria o Vasco na briga pelo título da Copa do Brasil. A aposta fez “bonito”: levou amarelo por uma falta desnecessária e dura em Renato. E aos 16 minutos do 1º tempo, assinou a “obra”: deu um carrinho no Leonardo Moura e foi expulso. Virou Valdir Papelão.

6. Frango de Robinson na Eurocopa: Croácia 2 x 0 Inglaterra. Uma imagem vale mais do que mil palavras? Que o vídeo fale por mim...


7. Ajeitada no meião do RC: essa todo mundo viu... E preferia esquecer. Roberto Carlos ajeita o meião e Henry entra livre para despachar o Brasil da Copa 2006. Pelo menos, RC decidiu pendurar as chuteiras (e o meião) na Seleção depois dessa.

8. RC fraturando dedo levando drible do Messi: Messi quebrou o dedo de Roberto Carlos, num Barça x Real Madrid. Por que não expulsaram o argentino? Simples... Ele “fez” isso passando como quis pelo lateral. Que na tentativa de segurar o craque, fraturou o dedo...
9. Falta “ensaiada” do FortalezaFortaleza 2 x 1 São Caetano, no Brasileirão. Aos 43 do 1º tempo, Bechara corre para cobrar falta para o time tricolor. Só não avisou para o companheiro Igor, que também quis bater. Os dois trombam e Igor se machuca. Ouvi a música dos Trapalhões por aí?
10. Chuteira da Nike que deu bolha em Ronaldo/Figo e da Adidas que deu bolha no GerrardParecia brincadeira. Em meio às milionárias campanhas das gigantes Nike e Adidas durante a Copa 2006, Ronaldo e Figo (patrocinados pela Nike) e Gerrard (patrocinado pela Adidas), sofriam com as bolhas provocadas pelas chuteiras que usavam. É muito tênue a linha entre o marketing e o mico...

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Marta, melhor do mundo!

Brasil, país do futebol. Mas vale um adendo ao clichê: “Brasil, país do futebol masculino”. Impressionante como no país tido como o mais significativo no universo da bola, o futebol feminino nunca teve vez. Mulher, jogando bola por aqui, logo é rotulada com substantivos que acho dispensáveis.
Mas vocação é vocação, ainda que nem sempre haja incentivo para que esta floresça. E não posso negar que realmente me emociona, me emociona muito, ver a Marta ganhando o prêmio de melhor jogadora do mundo pela FIFA.Ela, que tem feito chover no sueco Umea If, finalmente leva para casa o troféu que havia escapado nas duas edições anteriores.Vitória contra o machismo, contra o preconceito, contra a falta de condições e contra o estigma que futebol é coisa para homem. Não, não é. Futebol é coisa para quem tem talento. E talento nunca foi dom exclusivo de um determinado sexo. Marta, em vez de parabéns, prefiro dizer muito obrigada! Obrigada mesmo por ter marcado esse golaço para as mulheres brasileiras, como sempre, driblando tantas adversidades.

Mundo Vermelho

Que me desculpem os fãs e adeptos dos outros esportes, mas o futebol é incomparável. Só esse esporte tão imprevisível consegue ser tão apaixonante. Comprovo isso sempre e não foi diferente no último domingo, na decisão do Mundial de Clubes. De um lado, a seleção de astros internacionais que joga com a camisa do Barcelona; de outro, o ajustado time do Internacional. Vendo assim, friamente, não teria como: a taça ficaria com o Barça. Ficaria... Mas o futebol não admite futuro do pretérito. E no presente, a realidade é só uma: Internacional campeão do mundo.
O Barça é melhor? Sim. Mas o Inter teve méritos. E dos grandes. Se propôs a parar o Barcelona. E conseguiu. Jogou na defesa? Sim, mas essa é uma opção do futebol, não? E no ano que a Itália ganhou a Copa jogando na defensiva e o zagueiro Fábio Cannavaro faturou o prêmio de melhor jogador do mundo, não se pode dizer que essa é uma tática inválida. Até porque anular Ronaldinho Gaúcho, Deco, Puyol, Giuly e cia não é pouca coisa.
O Barcelona teve mais jogadas de ataque, ameaçou mais o gol? Sim, verdade. Mas futebol é bola na rede e quem fez isso foi o time gaúcho.
Sim, o céu nasceu azul na manhã do último domingo. Mas no mundo da bola, o horizonte é vermelho. Dor de cabeça inimaginável para os gremistas, que ainda têm que ouvir que, para o Internacional se igualar em conquistas com o Grêmio, só falta o título da Série B... Hum, mas acho que esse a torcida vermelha não faz questão não.

Foto: AFP

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Estudiantes dando aula de raça...

Os ingredientes da partida eram suficientes para saber que não seria um jogo qualquer. Há 38 anos, o Campeonato Argentino não era decidido em uma partida extra. O Boca Juniors tentava um tricampeonato inédito, depois de fazer o mais difícil: perder a vantagem de quatro pontos, ao não conquistar um dos seis pontos disputados nos dois últimos jogos (o último no caldeirão de La Bombonera) para assegurar o título. O Estudiantes, depois de 11 vitórias nas últimas 12 partidas, buscava o grito de campeão que não saía há 23 anos. E logo contra o Boca, que não sabia o que era perder para a equipe de La Plata há uma década, longos 21 jogos.
As torcidas ainda tinham o apito inicial do juiz no ouvido quando Palermo fez o primeiro. Parecia que o time de Buenos Aires ia chutar a amarelada das duas últimas rodadas para escanteio. Mas havia muito jogo pela frente. E muita história a ser escrita. O Estudiantes não se abalou. Foi para cima. Perdeu boas chances de empatar. Palermo também perdeu gol feito e não ampliou. E o Boca se fechou. Recuou, tentando administrar a vantagem obtida com menos de cinco minutos. Recuou, recuou, recuou mais. O goleiro Bombadilla fazia o que podia para evitar o empate. E até conseguiu, pelo menos até o fim do 1º tempo.
Com o 2º tempo começando, nada mudou. Estudiantes no ataque; Boca na defesa. Ricardo La Volpe, técnico boquense, apostava na covardia e nos contra-ataques que não saíam. O que saiu foi o castigo. Aos sete minutos, de falta.
O empate do Estudiantes dava mais justiça ao placar. E aos 35, veio a virada. Veio a história. O veterano Verón prendia choro em campo. A pirâmide de jogadores sobre Pavone, autor do belo gol que iria quebrar o jejum platense, foi emocionante. A festa nas arquibancadas também. Estudiantes dando aula de raça. Estudiantes campeão. E o futebol, o mais apaixonante dos esportes, agradece.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Rachando a cara das mulheres...

Inúmeros foram os micos da cerimônia de entrega do “Prêmio dos Melhores do Brasileirão 2006”, promovido pela CBF e realizado na última segunda, 04/12, no Theatro Municipal, no Rio. Mas nada pior do que a “pérola” da atriz Taís Araújo, que, ao chamar os indicados na posição “volante esquerdo”, ela anuncia:
- O Troféu de Bronze para volante esquerdo vai para o Maldonado, do Cruzeiro. A vaia come no Theatro. Afinal, poucos momentos antes, o vídeo que anunciava os indicados mostrava claramente o jogador... com a camisa do Santos!!
O erro já teria sido feio por si só, mas a "intrépida" global conseguiu piorar, justificando:
- Ah, é do Santos? Mas aqui tá escrito Cruzeiro...
E mandou:
- Gente, dá um desconto que eu sou mulher, valeu?!
Não, não valeu. O problema não é ser mulher falando de futebol. O problema é uma pessoa topar fazer algo para o qual não tenha preparo. Se meter a participar de um evento, projeto ou qualquer coisa que o valha sem entender do assunto que está sendo discutido. O problema é não ter humildade de saber que, para apresentar um prêmio qualquer, seja de esporte, cinema, literatura ou feng-shui a pessoa não pode abrir a boca para falar como “entendida” e pagar mico. A partir de agora, neste blog, está instituído o “Troféu Taís Araújo”, que vai ser oferecido aos piores do futebol durante o ano. Porque para ser pior que a global no Prêmio da CBF, só a zaga do Íbis de 79.
P.S.: Ah, Taís... Se achar que mulher não entende mesmo de futebol, só entrar em contato.

domingo, dezembro 03, 2006

Futebol é vida. O resto...

Terminou neste domingo o Campeonato Brasileiro e daqui a uma semana (talvez menos) vão aparecer os primeiros sintomas de “abstinência de futebol”. No caso, futebol nacional. Porque até janeiro, quando começarem os campeonatos estaduais 2007, vou me alimentar meu vício com as partidas dos campeonatos europeus - o que é alimento de primeira, convenhamos.
Mas entre o Natal e o Ano-Novo, sinto calafrios, passo mal e a Síndrome do Zapping se manifesta nervosamente em busca de uma mera reprise de um jogo qualquer.
Sou assim... Desde que comecei a acompanhar futebol – e lá se vão duas décadas – esse esporte virou meu vício, meu hobby. Virou minha cabeça. Virou estudo na faculdade. Virou a motivação para escolher a área de atuação profissional. É parte de mim e de forma tão intensa, que “contamino” as pessoas à minha volta.
Gosto e acompanho esportes em geral. Só que ao futebol me entrego. Acho lindo o espetáculo das Olimpíadas. Mas a Copa do Mundo é insuperável. Basta dizer que os dois eventos já pararam por conta das guerras. Mas só o futebol já parou e provocou algumas delas. É o mais popular. É o mais apaixonante. O mais imprevisível. Explica o mundo. Justifica a vida. Provoca dor de morte. Absurdo? Talvez. Mas só quem já teve dores físicas causadas pela derrota de um time sabe o que estou falando. Sem exagero, até de Deus o futebol aproxima. Porque a vitória nos gramados é divina; um título, a redenção.
Futebol é isso e muito mais. Como diz a inscrição do mousepad da foto: futebol é vida; o resto é só detalhe.

terça-feira, novembro 28, 2006

Indiscustível

No post do dia 24 de outubro, “pedi ajuda” ao grande Nelson Rodrigues para defender Ronaldinho Gaúcho das críticas que estava recebendo. Fechei o texto com uma máxima rodriguiana, que afirma em alto e bom tom: “a única coisa indiscutível no mundo é o gênio”. Pois é... No fim de semana, eis que Ronaldinho Gaúcho apronta das suas, como mostra o vídeo (que aliás, está sendo visto e revisto na Internet). Indiscutível, não?

segunda-feira, novembro 27, 2006

Bola (de Ouro) pro mato...

Nesta segunda, confirmou-se o nome do zagueiro Fabio Cannavarro como novo dono da Bola de Ouro, tradicional premiação oferecida pela “bíblia” France Football.
Surpresa não foi, até porque a notícia tinha vazado para a imprensa há alguns dias. Merecido? Talvez, o italiano é um zagueiro completo, sem dúvida uma referência da posição atualmente.
Mas a escolha não deixa de ser curiosa. A Bola de Ouro é oferecida desde 1956 e essa é a quinta vez que é oferecida para um jogador da defesa. Cannavarro é o quarto jogador desse setor a ganhá-la (o “Kaiser” Beckenbauer faturou duas delas). O primeiro defensor dono da Ballon D´or foi o lendário goleiro Iashin, em 1963. Nove anos depois, em 72, Beckenbauer levou a dele e repetiria o feito em 76. Depois disso, foram necessários vinte anos para a Bola parar na zaga de novo, mais exatamente na marcação do alemão Mathias Sammer. Fora isso, ela sempre rolou com gosto para atacantes e meias com vocação ofensiva. Para completar, o segundo colocado na lista desse ano foi outro jogador de defesa: o goleiro Buffon, companheiro de seleção do vencedor.
Quem acompanhou a Copa, sabe que ela não teve nenhum brilhantismo. Venceu o pragmatismo defensivo da Itália, numa competição na qual nenhum camisa 10 se destacou, exceto o Zidane. Foi a Copa dos defensores, da galera do desarme: Gattuso, Maniche, Vieira, Zé Roberto... Os antes chamados brucutus roubaram a cena de Totti, Figo, Henry, Ronaldinho Gaúcho.
Numa época em que empresas como Nike e Adidas produzem filmes e peças publicitárias exaltando a irreverência e o futebol-arte, é bom pensar: é isso mesmo que predomina em campo?
Parabéns ao Cannavarro, mas eu ainda acho que lugar de Bola (ainda mais de Ouro) é dentro do gol (e nas mãos dos goleadores e articuladores do ataque). Mas já que o momento pede, Bola de Ouro pro mato, que o jogo é de campeonato...

Foto: Presse-Sports

terça-feira, novembro 21, 2006

Viva World Cup

Conforme combinado no texto anterior, voltemos ao assunto NF-Board. A entidade, apesar de não ser muito falada por aqui, já começa a dar mostras de força. Já passa com louvor no teste do Google: ao digitar “Nf-Board”, assim mesmo, entre aspas para refinar mais a busca, já são 20.200 páginas sobre ela. Já tem um verbete de respeito na democrática Wikipédia, no qual podemos ver a lista dos membros (provisórios, associados e em potencial). A olhada vale não só pela informação, mas pelo que esta exprime: há um mundo à parte no futebol, um mundo que precisa de voz (de preferência entoando gritos de torcida) e de campo (no sentido de espaço, mas nada mal se vier junto um belo gramado também).
E é nesse mundo que está rolando a Viva World Cup. A sede é em Hyeres Les Palmieres, na Occitânia (França). A abertura foi no último dia 19. São quatro as seleções que participam: Mônaco, principado que há muito tenta provar na FIFA que pode ter representatividade no futebol e não só na F-1; a Lapônia, região ao norte da Escandinávia, terra dos índios Sami; Camarões do Sul, com as províncias que têm língua inglesa, localizadas à Noroeste e Sudoeste da terra-natal de Roger Milla; e o “time da casa”, a Occitânia, que compreende áreas ao sul da França, dos alpes italianos, da Catalunha e de Mônaco. Esses times disputam o troféu da foto.
Seriam seis, mas dois participantes (Rom e Papua Ocidental) desistiram por falta de recursos. Pouco antes, mais oito seleções entrariam também (Gagaúzia, Groelândia, Quirguistão, Zanzibar, Criméia, República Turca do Chipre do Norte, Tadjiquistão e Tibet), só que houve um racha político. O Chipre, que sediaria a competição, quis levar a coisa para o lado político – e a NF-Board não concordou, nomeando a sede atual. O governo cipriota levou embora o apoio financeiro que custearia as viagens dos outros times e alguns debandaram para uma nova competição – a ELF (Egalité, Liberte, Fraternité) Cup, organizada pela Cyprus Turkish Football Association (CTFA). Esse outro torneio, aliás, está rolando no mesmo período (começou dia 18 e vai até o dia 25 próximo). Tem site também, para quem quiser dar uma olhada. Eu preferi abordar a NF-Board porque, apesar de ter um site mais amador, deu o pontapé inicial nessa partida. Futebol cult e romântico.
Vislumbrando meu texto agora, vejo quantos nomes pouco usuais do futebol precisei usar para escrever esse post. E isso serve para lembrar que o esporte, o futebol mais do que qualquer outro, precisa incluir o máximo número possível de representatividades. Não pode deixar ninguém de fora. É bom lembrar que a bola e o nosso planeta são redondos. E se a Terra abriga tanta diversidade, não pode ser diferente com a bola.

segunda-feira, novembro 20, 2006

NF-Board, pelos excluídos do futebol

Nos anos 20, o francês Jules Rimet começou a idealizar a Copa do Mundo, como forma de reforçar a paz e ideais de integração entre os povos. Conseguiu realizar o torneio em 1930 e o resto, é história. De quatro em quatro anos, a FIFA realiza a Copa, um pouco menos (ou muito menos) pela nobre motivação de Rimet e muito mais pela motivação financeira. Sem tantos romantismos, futebol é negócio, negócio que gera muita grana e a mola principal é essa. Faz parte do espetáculo.Mas de vez em quando, bate saudade daqueles tempos românticos. Aí, vale apelar para os DVDs, para os livros ou para a memória (não sou tão velha assim, mas até os anos 80, o futebol ainda tinha uma certa aura romântica). Ou então, para a Viva World Cup. Conhece?
A Viva World Cup é uma Copa do Mundo que reúne seleções não filiadas à FIFA e que acontece desde ontem (19/11) e vai até dia 25/11. É organizada pela NF-Board (Nouvelle Fédération-Board), uma federação internacional criada há três anos na Bélgica e que quer promover partidas internacionais a países, territórios e nações não reconhecidas pela FIFA. Só exige que não se tenha motivações políticas, religiosas ou econômicas para que essas seleções sejam representadas. Resumindo: é a alternativa para os excluídos, para povos que nem sempre se vêem representados nas seleções que disputam a Copa ou disputam as Eliminatórias.
No site da NF (com o perdão da intimidade), se pode ter idéia do que a entidade pretende. Simplicidade. De ideais e propósitos. Pode ser resumida na tradução livre de um trecho do texto de seu presidente, Christian Michelis, que diz: “A N.F.-Board busca ser uma instituição apolítica e aberta a todos. Para seus membros, seja qual for sua política ou motivação religiosa, o futebol deve ser um instrumento de união, distribuição e transmissão de sonhos para as pessoas, nações e povos de territórios isolados”. Verdade maior não poderia haver...
No próximo texto, vou falar mais dessa entidade e principalmente, da Viva World Cup.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Urubu expiatório

Depois da derrota para a Ponte Preta, muita gente começou a apontar o Flamengo como vilão por não “ajudar” o Fluminense. Como se o time de Ney Franco tivesse embrulhado a partida e dado de presente à Ponte...
Muitos tricolores estão esconjurando o arqui-rival pela perda dos três pontos para o adversário direto do Fluminense na luta contra o rebaixamento. Não só torcedores, mas vários jornalistas falaram ou insinuaram a mesma coisa: que o Flamengo é o vilão da história. Relembram 1996, quando o clube perdeu no Rio para o Bahia e jogou a pá de cal para o Flu no primeiro de seus três rebaixamentos consecutivos (o que por si só seria um dado mais que suficiente para ver que o problema não vinha da Gávea).
Um pouco de mea culpa não faria mal ao Fluminense. Afinal, o time que era apontado como um dos favoritos ao título, ganhou 11 dos 48 pontos disputados no returno do Brasileirão. Tem a terceira pior campanha do segundo turno. Trocou de técnico seis vezes no ano. O elenco está rachado entre estrelas e pratas-da-casa. A relação com o patrocinador está estremecida pelo péssimo desempenho do time dentro das quatro linhas. O Fla tem culpa de tudo isso?

*****

Aliás, não é a primeira vez no Brasileirão que o bode dá lugar ao urubu na hora de expiar as culpas alheias. Quando Ney Franco optou por escalar os reservas contra o Paraná, em virtude do cansaço dos titulares pela viagem aos EUA para o amistoso contra o América do México, o coro dizendo que o Flamengo agiu de forma antiética também foi forte. Era irresponsabilidade e falta de profissionalismo escalar os reservas contra o clube que luta por uma das vagas na Libertadores com o Vasco. Era revanchismo. Quando queriam “aliviar” a carga, criticavam o fato do rubro-negro ter concordado com o amistoso, que rendeu US$ 150 mil aos cofres do clube (mas também criticam quando o clube atrasa salários)...
O Flamengo venceu, aí o ti-ti-ti acabou. Com a Ponte Preta, infelizmente, o clube não conseguiu jogar por terra essas teorias da conspiração. Mas o ideal seria que elas nem existissem, tamanho o absurdo que elas insinuam e a pobreza de mentalidade que exprimem.

Se urna falasse...

Na última segunda, aconteceu a eleição para o Conselho Deliberativo do Vasco, responsável por eleger o novo presidente vascaíno. Na prática: quem vota nos conselheiros da patota do Eurico, está votando nele; a mesma coisa com o Dinamite. Enfim, deu o resultado que muitos esperavam: vitória da situação. Por enquanto... Digo por enquanto porque o Lance! de 14 de novembro traz uma reportagem de César Ferraz e Guilherme de Paula na qual o segundo descreve o passo-a-passo de como conseguiu votar na eleição vascaína mesmo sem ter condição legal para isso. Bastou que estivesse “trajado” com um adesivo da chapa azul de Eurico e dizer que queria dar uma força para ele. Mesmo sem nome na lista, ele teve permissão para votar.
E assim o fez. Dinamite promete usar a reportagem para impugnar o resultado da eleição. Pena que urna tem boca, mas não fala. Se falasse... Se bem que, um clube como o Vasco deveria ter uma voz mais ativa para defendê-lo, não? Será que tem? Ou não? Cenas dos próximos capítulos.

terça-feira, novembro 07, 2006

Hora da virada

Estamos a menos de uma semana das eleições presidenciais do Vasco, que acontecem no próximo dia 13. É uma data que promete. Mas as promessas seguem rumos diferentes. A data promete entrar no clube como marco de mudança do atual panorama. Ou promete simplesmente fincar âncora no mar de marasmo, estagnação e dilapidação histórica no qual a nau vascaína tem navegado há tempos. De um lado, a oposição liderada por Roberto Dinamite. No outro, a situação representada por Eurico Miranda (que no dia 30 de outubro, aliás, foi condenado em segunda instância a seis meses de prisão, convertidos em multa no valor de R$ 12 mil, por ter agredido o jornalista Carlos Monteiro na final do Estadual do Rio de 2004).
Os defensores de Eurico (e pior, ainda são muitos) dizem que ele fez do Vasco um clube mais vencedor. Sob sua tutela, seja como vice-presidente de futebol ou presidente do clube, alegam que o cruz-maltino conquistou muitos títulos. Penso eu que não é privilégio ou mérito de Eurico, devendo-se muito mais à grandeza do clube em si, do que a grandeza dos pensamentos de alguém que, notadamente, recebe mais do Vasco do que dá em troca. Não vou enumerar os episódios que lembro de cabeça e os que poderia relembrar numa rápida pesquisa, mas não foram poucas as vezes que o atual presidente envergonhou com atos desmedidos, pequenos e mesquinhos os vascaínos (e quem sabe, até rubro-negros, botafoguenses e tricolores que amam de verdade o futebol). Um retrato do que seu poder ilimitado fez ao clube pode ser visto no site do Movimento Unido Vascaíno, responsável pela chapa de oposição Por Amor ao Vasco.
Já Roberto Dinamite tenta emprestar sua imagem de maior ídolo cruz-maltino para resgatar a credibilidade que há muito a instituição Vasco não tem. Talvez tente até resgatar junto sua própria imagem, depois de ter sido enxotado da sede do clube nas eleições passadas e também numa partida, da qual foi expulso da Tribuna de Honra a mando todos sabem de quem.
Se o Vasco quiser ser o Time da Virada ainda por muitos e muitos anos, tem que começar virando o placar das urnas na próxima segunda. Ou vira esse jogo ou daqui a um certo tempo, vira sucata.

terça-feira, outubro 24, 2006

Para ler e refletir

No Lancenet, vi outra notícia curiosa do futebol espanhol. "Roberto Carlos fratura dedo ao tentar segurar Messi". A contusão ocorreu no último domingo, no clássico Real Madrid x Barcelona, vencido pelo time madrilenho. Vi a partida e tenho quase certeza que RC conseguiu a fratura depois de tomar um drible humilhante de Messi e cair em campo, desequilibrado, atordoado e com cara de "anotem a placa do caminhão". Tive que rir...
Ouvi alguém aí no fundo dizer "hora de pendurar as chuteiras"? Ou, especificamente no caso dele, o meião?

Indiscutível Ronaldinho

“Eu sei que o brasileiro e Satã têm algo em comum. Como se sabe, o abominável Pai da Mentira é um impotente do sentimento. Não há, em toda sua biografia, um único e escasso momento de ternura. (...) Pois bem. Já o brasileiro é o impotente da admiração. Não sabemos admirar, não gostamos de admirar. Ou por outra: - só admiramos num terreno baldio e na presença apenas de uma cabra vadia. (...) Somos o povo que berra o insulto e sussurra o elogio.”

Nélson Rodrigues escreveu isso na crônica “O escrete precisa de amor”, no ano de 1966. Se referia à Seleção Brasileira, mas pensei nesse trecho especificamente não em relação a ela, mas a ele: Ronaldinho Gaúcho. Já estava pensando nisso há algum tempo, mais exatamente desde a Copa, quando começou a onda de críticas em torno do camisa dez do Barça.
A princípio, após a pífia atuação do Brasil na Alemanha, brotaram teorias, argumentos, broncas e afins em relação ao cara. “Jogador de clube, não de Seleção”, era o que todas elas diziam (quando não claramente, em essência). Com a nova “Era Dunga” na Seleção, na qual visivelmente medalhão algum tem colete no time titular antecipadamente, o coro só aumentou.
Pensei que fosse ficar restrito a isso: aos altos e baixos na Seleção, já que Ronaldinho Gaúcho era unanimidade no Barcelona. O verbo está na conjugação certa: era. Fiquei espantada ao constatar isso com uma notícia que vi no Lancenet hoje, com o título “Torcedores do Barcelona querem Ronaldinho na reserva”. Li, meio descrente. Mas era verdade. Em pesquisa feita pelo jornal “Sport” em seu site, 69% torcedores que opinaram disseram que gostariam que Gaúcho sentasse no banco. Era apenas uma das perguntas feitas e no geral, o resultado apresenta a preocupação da torcida com a má fase (?) do time catalão. Me pergunto que má fase será essa, se o time lidera o Espanhol (junto com o Valencia, mas com um gol a mais no saldo); se está vivo na Liga dos Campeões (está em segundo, cinco pontos atrás do Chelsea, que convenhamos, não é nenhum timeco), num grupo que ainda conta com o equilibrado Werder Bremen.
Bom, não quero discutir se a fase é ou não ruim para o Barcelona. O que me espanta é a facilidade com que surgem brados ferozes para falar mal de um alteta como Ronaldinho Gaúcho. Falar mal, não; desancar. De melhor do mundo a jogador mediano. Juro, já ouvi no ônibus e nas “mesas-redondas” de esquina que “o cara não é tudo isso”.
Não mesmo? Revejam as jogadas dele (o You Tube está aí para isso). Revejam tudo, desde os tempos no Grêmio. Aliás, desde os tempos de molequinho, jogando futsal, nas imagens que até a Nike aproveitou para fazer um comercial. Relembrem que ele foi o cara que a torcida do Real Madrid aplaudiu de pé, após liderar a histórica vitória do Barcelona por 3 a 0 contra os merengues, dentro do Santiago Barnabéu (e isso há de ter algum significado metafísico, além do óbvio fato histórico).
Lembro de todos esses lances. Lembro que ele é humano – mesmo tendo uma capacidade digna dos deuses. Me pego pensando nas coisas que ele ainda irá fazer. E constato que a verdade rodriguiana não se limita aos brasileiros ou a Satã; se estende aos catalães, a boa parte da imprensa esportiva e a alguns amantes do futebol. Exatamente aquelas pessoas que deveriam lembrar o valor de um Ronaldinho.
Criticar sim; mas daí a transformá-lo em jogador qualquer, não. Ronaldinho Gaúcho é gênio. E como também disse Nélson Rodrigues “a única coisa indiscutível no mundo é o gênio”.

sexta-feira, outubro 20, 2006

O show não pode parar...

* A festa brasileira que a gente queria ver na Alemanha durante a Copa aconteceu durante a Liga dos Campeões, mais exatamente em Bremen. Com gols do zagueiro Naldo (foto) e do meia Diego, o Werder Bremen derrotou o Levski Sofia e esquentou a briga com o Barça e o Chelsea por uma das vagas do “grupo da morte”.
* Já a dupla Gomes e Alex, do PSV, estava em campo na emocionante virada do time holandês contra o Galatasaray, dentro da casa do adversário.
* O Bayer de Munique, do zagueiro Lúcio, também fez bonito e manteve os 100% de aproveitamento na LC.
* Infelizmente, Ronaldinho Gaúcho continua jogando menos do que se espera, mas corre e luta como poucos. Messi bem que tentou (como joga esse garoto!), mas dessa vez, o Chelsea levou a melhor. Golaço de Drogba!

Foto: Reuters

quarta-feira, outubro 18, 2006

Show brasileiro da Liga

Meu destaque para a 3ª rodada da Liga dos Campeões vai para os brasileiros que contribuíram decisivamente para a vitória dos seus times:

* Juninho Pernambucano: como sempre, liderando o Lyon. Abriu o placar, de falta, para que o pentacampeão francês passeasse contra o Dínamo de Kiev na casa do adversário. Com os 3 a 0, a equipe de Juninho mantém a liderança do Grupo E, com nove pontos, oito gols marcados e nenhum sofrido;

* Daniel Carvalho: na jogada ensaiada na falta, ele soltou a bomba e fez o gol único da vitória do CSKA contra o Arsenal. Dudu Cearense e Vágner Love também jogaram muito bem pelo time russo. No Arsenal, Gilberto Silva oscilou muito no jogo;

* Robinho: fez um gol de categoria na goleada de 4 a 1 di Real Madrid contra o Steua. Ainda deu um passe açucarado para Ronaldo, que não aproveitou;

* Kaká: já está virando lugar-comum apontar o meia como destaque do Milan. Marcou um golaço, que deu os três pontos ao time rubro-negro, mesmo jogando com um a menos.

***
Hoje tem Chelsea x Barcelona. Tomara que a promessa de jogão se concretize!

terça-feira, outubro 17, 2006

Na jaula

Em boca fechada não entra mosca, já dizia o antigo ditado. Leão falou o que quis e ouviu o que não quis.
Primeiro, na carta aberta divulgada pelo Flamengo em resposta ao desvario do arrogante treinador.
Segundo, na reportagem de capa do Lance! RJ desta terça (17/10), na qual mostra que Leão é freguês do time rubro-negro até na moedinha.
Completando a série de infelicidades, durante um evento do qual era palestrante (e para o qual chegou duas horas atrasado), o treinador corinthiano declarou que vai levar o time alvinegro para Jarinu (interior paulista) para "conseguir uma queda de vaidades e o aumento de responsabilidade". Devia começar por ele, que culpa juízes, dirigentes e jogadores pelos seus fracassos. É a política do "eu ganho, nós empatamos, vocês perdem". Assim é mole...

segunda-feira, outubro 16, 2006

Leão da Metro

Depois de levar uma sapatada de 3 a 0 do Flamengo, Leão, técnico do Corinthians, resolveu rugir contra o time rubro-negro. No vestiário, Leão atacou o Fla após ser questionado por um repórter se tinha medo do rebaixamento. A pergunta, que se restringia única e exclusivamente à situação corinthiana no Brasileirão, teve a seguinte resposta: "Peguei o Corinthians na 2ª divisão, porque o time estava em último. Tenho certeza que isso não vai acontecer. Comecei na 2ª divisão e fui campeão em cima desse time aí que ficou com medo de jogar contra o Sport".
O “time aí” (aliás, o clube) ao qual ele se referia era o Flamengo. O que o Sport tem com isso? Ah, o Sport era o time dirigido por Leão em 1987 e ele se referia ao imbróglio formado naquele ano pela CBF.
Recordando...Em 87, a CBF alegou não ter condições financeiras de organizar o campeonato brasileiro. Isso gerou um racha entre a entidade e os grandes clubes brasileiros, que fundaram o Clube dos Treze. O Clube dos Treze teve sua Ata de Fundação assinada pelos quatro maiores clubes de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos); os quatro grandes do Rio (Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo e Fluminense); os dois maiores de Minas (Cruzeiro e Atlético); a dupla de grandes do Rio Grande do Sul (Internacional e Grêmio) e o Bahia. A eles, juntaram-se Coritiba, Goiás e Santa Cruz e foi organizada a Copa União. O campeonato rolava organizado e bem-sucedido. Mas logo depois, a CBF resolveu fazer o “seu” campeonato (sem tanto interesse de mídia e de público).
Assim, foram realizados dois campeonatos brasileiros paralelos. A Copa União foi batizada de “Módulo Verde” e a “Copa CBF”, de “Módulo Amarelo”. Não bastasse isso, a CBF mudou o regulamento e impôs que o campeão e o vice dos dois Módulos deveriam se enfrentassem num quadrangular final. Mas os clubes da 1ª divisão boicotaram o confronto contra os times da 2ª. Assim, Flamengo e Inter (campeão e vice da Copa União) não jogaram contra Sport e Guarani (campeão e vice do Módulo Amarelo), que foram declarados pela CBF campeão e vice brasileiros daquele ano e participaram da Libertadores de 88.
Foi a ESSE fato que Leão se referiu. Não foi só despeitado na derrota (diga-se de passagem, até ‘barata’, já que o Corinthians não entrou em campo contra o Flamengo). Foi desrespeitoso com o clube de maior torcida do país, com seus torcedores e sua história. Desrespeitoso até com os corinthianos, que esperavam escutar algo mais 'pé no chão'.
Verdade seja dita, apesar dos percalços comuns a todos os times grandes, o Flamengo nunca ficou conhecido como um clube covarde. E convenhamos: o Fla de 87 foi um dos últimos esquadrões do país. O time? Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho e Leonardo; Andrade, Aílton e Zico; Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho. Todos (exceto Aílton, foram da seleção brasileira). O Sport: Flávio, Betão, Estevam, Marco Antônio e Zé Carlos Macaé; Ribamar, Rogério e Neca; Robertinho, Nando e Zico.
Não vou concluir nada. Quem quiser que compare as escalações da época e diga quem deveria temer quem. Rugido de Leão assim, parece o do felino da Metro Goldwin Myer: faz barulho, mas não assusta ninguém.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Dois toques

Fla-Flu, 28/05/2006: Com um gol de Tuta, o Fluminense vence o Flamengo e chega à liderança do Brasileirão.
Fla-Flu, 04/10/2006: Apesar de sair na frente com outro gol de Tuta, o Fluminense é goleado por 4 a 1 pelo Flamengo e com 34 pontos, está cada vez mais próximo da zona de rebaixamento.
Um clube. Dois momentos. Seis técnicos em um ano. Uma vitória nos oito jogos do segundo turno. O que acontece com o tricolor carioca?

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O G14, que reúne os 18 maiores clubes do mundo, resolveu comprar a briga do Newcastle. O clube inglês quer acionar a FIFA e exigir uma indenização porque Michael Owen se machucou enquanto defendia o English Team na Copa e só deve voltar aos gramados em 2007. O Arsenal acena com a mesma possibilidade, já que o zagueiro suíço Phillippe Senderos também está fora da ativa por ter se contundido no Mundial da Alemanha. Quem puxou a fila na verdade, foi o pequeno clube belga Charleroi, que exige indenização de R$ 1,7 milhão pela contusão do marroquino Abdelmajid Oulmers durante amistoso do Marroccos contra a Burkina Faso, em 2004. Briga de cachorro grande. Muita água pode rolar.

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Começa domingo o octagonal da Série C. Bahia, Vitória, Treze (PB), Criciúma, Ferroviário, Ipatinga, Brasil de Pelotas e Barueri disputam quatro vagas na Série B. Promete confrontos mais emocionantes que muitas partidas da Primeirona.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Quando a vida der um limão...


Abril de 2005. Para suprir uma carência e gols e da falta de um ídolo no ataque, o Flamengo prometia um reforço de peso para sua torcida. No dia quatro daquele mês, o clube trouxe... Obina. Verdade que a palavra ”peso” que adjetivava a palavra reforço parece ter sido literal demais a princípio... Mas o cara havia se destacado no Vitória na temporada anterior e quem sabe, poderia dar certo.
Jogo ia, jogo vinha e nada do cara se firmar. Foi xingado, hostilizado, vaiado, criticado, ridicularizado. Ficou dois meses sem marcar. Foi afastado para recuperar a forma. O jogo começou a virar quando, contra o Paraná, marcou o gol que garantiu matematicamente a permanência do Flamengo na 1ª divisão.
Abril de 2006. Com um ano no rubro-negro, os jornais anunciavam: “Obina deve deixar o Flamengo”. A Ponte Preta queria. Os dirigentes não se importariam. Nem a torcida... O negócio não fechou. Assim quis o destino, Obina continuou no Fla. Entrava e saía do time; algumas boas atuações; a maioria, nem tanto...
Até o dia 19 de julho. Neste dia, Obina saiu do banco para brilhar. Era a final da Copa do Brasil contra o Vasco e quatro minutos foi o tempo que ele precisou para abrir o placar. Tinha mais. Três minutos depois, roubou bola no meio-campo. Tabelou, recebeu, passou para Léo Moura cruzar para Luizão fazer o segundo. Com a ratificação do título rubro-negro, uma semana depois, Obina já era outro. Caiu nas graças da torcida. Ou melhor: caiu na graça. Com a corrida atrapalhada, mas raçuda; com os gols difíceis que marca e os fáceis que perde; com o jeito folclórico e “Joselito” que diz “Sou iluminado”.
Pipocam homenagens na Internet... Comunidades no Orkut (a mais engraçada delas, Obina Facts, reúne frases engraçadas e sem noção sobre o atacante). A torcida entoa alegremente “ôôô, Obina é melhor que o Eto´o” e “ééé, Obina é melhor que o Pelé”. Parece brincadeira! E é... Marcou três contra o Fortaleza, dois contra o Fluminense. E vai fazendo a torcida cantar feliz. O fato, é que por não se levar tão a sério quanto tantos outros, Obina está conseguindo espaço no coração da maior torcida do Brasil. Não é pouca coisa. Muita gente só tem feito essa torcida chorar, de raiva ou de dor... Obina não.
A torcida recebeu o limão e está fazendo limonada. E Obina, humilde e sedento por suar a camisa, está bebendo com gosto.

Foto: Carlos Mesquita/ Agência "O Dia"

domingo, setembro 24, 2006

Gol de Letra: Escudos dos Times do Mundo Inteiro


Quando comecei a gostar de futebol, uma das coisas que mais adorava era ficar folheando a "Placar" para ver os escudinhos espalhados pela revista. Alguns anos depois, eis que lançam um livrinho com cerca de 2.500 escudos de times, seleções e confederações do mundo inteiro, com direito a ficha técnica para cada um deles. O autor é Rodolfo Rodrigues (repórter, não o ex-goleiro) e o livro é da Editora Panda. Vale a pena!

quarta-feira, setembro 20, 2006

God save the...football

Ontem (19/09), muita gente que eu conheço estava de olho no vídeo da Cicarelli com senso de menos, num lugar com gente demais... Eu, por minha vez, cheguei em casa caçando outro vídeo na Internet (que infelizmente, ainda não achei). O vídeo ainda não caiu na rede, mas o conteúdo, ao que parece, é bem mais “pesado” que ver a ex do Ronaldo na praia. A pérola leva o nome de “Football's dirty secrets:The undercover story” e foi exibida na BBC. A chamada do programa, em português, resume em grossas linhas o assunto a ser exibido: uma equipe disfarçada expõe a corrupção em alguns clubes da Premier League”.
A exibição já começou a fazer barulho. Na linha de frente, aparece o técnico Sam Allardyce, do Bolton. Segundo a reportagem, ele receberia pagamentos ilegais para favorecer a contratação de determinados jogadores para sua equipe. Outras fontes revelaram que 18 técnicos não-identificados, que atuam ou já atuaram na liga principal, teriam recebido pagamento por transferências. Entre outros envolvidos, Chelsea e Liverpool também são citados no programa, por tentativa de aliciamento de Nathan Porrit, jovem revelação do Middlesbrough.
O programa foi feito com imagens gravadas às escondidas por repórteres disfarçados durante um ano e vem ao encontro de uma investigação que já corre na polícia de Londres sobre pagamentos de propinas em transações de jogadores na liga principal. Já rolou coisa do tipo no futebol alemão, com o escândalo da manipulação de resultados por juízes envolvidos com apostadores. Na Itália, a sujeirada respingou em clubes tradicionais como a Juventus e o Milan e só não foi pior porque a “Azzurra” levou o tetra na Alemanha. Para quem não quiser ir muito longe, basta lembrar casos como o de Edilson Pereira de Carvalho e a CPI da Nike (ok, ok... não deu em nada, mas isso não quer dizer muito no país da impunidade).
Independente do que acontecer, o fato alarmante é que a corrupção no futebol mundial parece tão intrínseca no esporte quanto a paixão que ele desperta. Ai de mim, pobre torcedora...

domingo, setembro 17, 2006

Primeiro ato da Liga dos Campeões

“A mais prestigiada competição de clubes da UEFA”. A definição está lá, na página da própria organizadora do evento e se refere – claro – à Champions League. Ou para nós, brasileiros, a Liga dos Campeões. Confesso: sou fã. E não só pelos craques que o dinheiro europeu pode comprar, mas também pela organização, pelo glamour, pelos confrontos de alto nível, pela promoção do futebol-espetáculo. Só não gosto muito do fato de ser decidida numa partida só, geralmente num estádio que não envolve os finalistas... Mas pode ser que eu não entenda isso por não conseguir trazer esse formato para minha realidade – fico imaginando a Libertadores sendo decidida por um time brasileiro e outro argentino, com a final em um jogo, num estádio do Paraguai... Não seria viável. Enfim, até o dia 23 de maio do ano que vem, teremos partidas envolvendo a elite de clubes no mundo. Hora de analisar a 1ª rodada:
Grupo A (Barcelona, Chelsea, Werder Bremen e Levski Sofia): Como era de se esperar, Barça e Chelsea saíram na frente. No jogo contra o Levski Sofia, o Barcelona mostrou porque é um time admirável não só pela técnica, mas pela tática. Nos 5 a 0, jogadores de todos os setores do time marcaram gols. Vai defender o título com sobras.

Grupo B (Bayern de Munique, Sporting, Internazionale e Spartak Moscu): O Bayer solapou 4 a 0 no Spartak. Já o Sporting fez o Inter sentir que as duas vagas do grupo não estão previamentedecididas. Fez 1 a 0 magro, mas que contam três importantes pontos na briga.

Grupo C (Liverpool, PSV Eindhoven, Galatasaray e Bordeaux): Grupo equilibrado, 1ª rodada idem. Foram dois empates sem gols. Liverpool desponta como favorito a uma das vagas, mas não deve ter moleza pela frente.

Grupo D (Roma, Valencia, Olimpiakos e Shakhtar Donetsk): Roma e Valencia venceram e bem. Briga boa deve ser pela 3ª posição, que dá vaga nas eliminatórias da Copa da UEFA).

Grupo E (Steaua Bucarest, Lyon, Real Madrid e Dynamo Kiev): Não é difícil apontar os favoritos às duas vagas, mas o Real Madrid ainda precisa se acertar. A deficiência do time fique nítida quando pega um adversário acertado taticamente, como foi com o Lyon, que saiu com a vitória.

Grupo F (Manchester United, Benfica, Copenhagen e Celtic): Vitória difícil do Manschester, indicando que o Celtic briga forte por uma das vagas. Benfica e Copenhagen ficaram no empate.

Grupo G (Arsenal, Porto, CSKA e Hamburgo): Boa vitória do Arsenal, que não está essas coisas na Premier League, na casa do Hamburgo. Porto decepcionou um pouco no empate em casa contra o CSKA.

Grupo H (Milan, Anderlecht, Lille e AEK Atenas): O Milan mostra que não se abalou com o escândalo no Campeonato Italiano e disse a que veio com futebol eficiente, liderado por Kaká. Os outros três que briguem pela outra vaga.
Imagem: UEFA.com

quarta-feira, setembro 13, 2006

Colônia de talentos


O que Anderlecht, Celtic, Chelsea, Copenhagen, Galatasaray, Hamburgo, Levski Sofia, Manchester United e Steaua têm em comum? Não sabe? Bom, esses são os nove dos 32 clubes da Liga dos Campeões que não têm nenhum jogador brasileiro na equipe. E olhe que não são poucos os brasileiros por lá: no total, são 88 (sem contar o técnico Ricardo Gomes, do Bordeaux).
Poderia ser um motivo de orgulho ver um número tão grande de jogadores do nosso país jogando no que é considerado o melhor campeonato interclubes do mundo. Até seria mesmo, se esse dado não revelasse o triste papel do futebol brasileiro: a de mera colônia de talentos.
Foi por conta desse papel, que poucos flamenguistas conseguem lembrar das atuações de Adriano com a camisa do clube. Afinal de contas, ele deixou a Gávea com 19 anos, em 2001, numa míope negociação de troca pelo volante Vampeta. Pelo mesmo motivo, os cruzeirenses viram Fred tomar o rumo da Europa, em 2005, quando o atacante liderava a artilharia do Brasileiro daquele ano. E não se pode deixar de falar no Robinho, que trocou a camisa branca do Santos pela do Real Madrid, também no ano passado. E o Kaká...
Seria possível citar outros, mas o quarteto tem significativos pontos em comum. Os quatro foram embora antes dos 22 anos; todos serviram à Seleção Brasileira na última Copa; todos só devem voltar ao Brasil quando já estiverem sem mercado lá fora, com idade demais e pernas de menos para que os torcedores brasileiros possam curtir suas melhores atuações. E ainda assim, corremos o risco de vê-los voltar, jogar razoavelmente bem e perdê-los novamente para mercados com menos brilho que o europeu, mas com grana suficiente para achincalhar o futebol brasileiro (o Botafogo que o diga, quando viu Dodô ir embora esse ano, quando este era o artilheiro do Brasileirão).
Que ninguém se engane: apesar da inigualável capacidade de desenvolver craques e bons jogadores, não há muito motivo de orgulho no “País do Futebol”. Somos os únicos pentacampeões do mundo? OK. Mas quem duvida que, com organização dentro e fora das quatro linhas, a Seleção Brasileira faria na Copa o que o Dream Team fez no baquete nos anos 90? Quem duvida que nossos campeonatos nacionais teriam os direitos de transmissão vendidos a peso de ouro se esses nomes que brilham na Europa estivessem em casa, de onde nunca deveriam ter saído.
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Já que só me resta o sofá para ter contato com esses e outros craques do futebol mundial, no próximo post, vou comentar a 1ª rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

Foto: AFP

terça-feira, setembro 12, 2006

Como tudo começou...


Meu amor pelo futebol não existiu “desde sempre”. Quando criança, por influência do meu irmão mais velho, até gostava de jogar bola. Mas daí a assistir um jogo na TV, a distância era enorme.Aliás, tinha tudo para detestar futebol, principalmente visto pela TV. Por causa dele – e do programa “Gol, Grande Momento do Esporte” – muitas vezes perdi os desenhos do Pica-Pau. Não sou tão velha, mas sou da época que cada casa tinha apenas um aparelho de TV. Faço um mea culpa: odiava cada grito de gol vindo da telinha. Não sei como pude...
Parecia que ia ser assim para sempre... Até que um dia, eu e meu irmão brincávamos correndo pela casa. E na brincadeira, nós dois derrubamos uma corujinha de porcelana da nossa mãe. Pedaços aqui e acolá, a proposta foi feita: “mãe, a gente vai colar tudinho”. E sentamos os dois para cumprir a missão. E sentamos os dois, em frente à TV. E sentamos os dois para ver um Brasil x Argentina. Não sei qual foi a química, mas a verdade é que fiquei com os dedos grudados de cola e os olhos grudados na partida. Era o ano de 1985, foi o primeiro jogo que vi.
Vinte e um anos depois, quase nem lembro do tempo que não amava o futebol. Acho que esse tempo nunca existiu. De lá para cá, foram inúmeros jogos na TV, nos estádios, nos campos de pelada, no videogame. Perdi horas de descanso. Perdi o sono. Perdi a paciência. Perdi a fome. Perdi a indiferença diante de uma bola rolando. Mas nunca, nunca mesmo, vou saber explicar o quanto ganhei e ganho cada vez que vejo uma partida de futebol.
Hoje, sou parecida com o rapaz da foto: tenho o futebol na cabeça.
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Por isso, este blog. É nele que vou unir duas paixões: falar de futebol e escrever. Tenho a pretensão de abordar esse esporte sob os mais diversos aspectos, porque há muito, muito tempo, meu interesse por ele não dura 90 minutos. Quando o jogo acaba, me interesso por tudo que o prorrogue, em qualquer campo que seja: literatura, música, marketing, arte, cinema... Sou uma mulher que gosta e – humildemente – entende de futebol. E essa partida eu vou jogar sem salto alto, podem ter certeza. Seja bem-vindo e volte sempre!