Site Meter Sem Salto Alto: 10/02/2008 - 17/02/2008

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Ronaldo

Ronaldo enfrenta novamente o drama de uma séria contusão Um ídolo de novo no chão

“Primeiro, o homem não sabia estar só. Andava sempre em hordas ululantes. E quando, por acaso, desgarrava dos demais, uivava até morrer. Era, assim, o medo que juntava os homens, e repito: - a multidão nasceu do medo. O ser humano só se tornou humano, e só se tornou histórico, quando aprendeu a ficar só” - Nelson Rodrigues
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Esta é uma citação de Nelson Rodrigues, a respeito da solidão. Hoje a reli e vi que ela se aplica a Ronaldo. Sim, a Ronaldo.

Primeiro, Ronaldo não sabia como era estar só. Nem bem chegava ao time principal do Cruzeiro e seus gols o colocaram sob os holofotes. Antes da maioridade, chegou à Seleção e à Copa do Mundo de 1994. Campeão mesmo sem entrar em campo nesta competição, Ronaldo “andava em hordas ululantes”.

E assim andou, na trilha do caminho do sucesso, vestindo a camisa do PSV, do Barcelona, do Internazionale, onde virou o “Fenômeno”. Mas chegou a Copa de 98, que deveria ter sido “a sua” Copa. Uma convulsão, um mistério, uma derrota. Quando o Brasil caiu diante da França na final, a queda maior foi de Ronaldo. Veio a queda de produção. E a contusão no tendão patelar direito, em 2000. Ali, desgarrado dos demais, uivou. Para muitos, havia morrido para o futebol.

Precisou, então, trilhar outro caminho. O da obstinação. Só. Digam o que quiserem: médicos ou fisioterapeutas não foram companhia para Ronaldo nesta trilha. Para voltar, Ronaldo aprendeu a ficar só. A driblar fantasmas, desconfianças. Só, tornou-se humano. E de super-humano que é, tornou-se histórico. Ronaldo escreveu um épico raro de superação. Campeão em 2002 pelo Brasil, foi artilheiro e melhor do mundo pela Fifa. Ronaldo trilhou o caminho dos mitos. E não estava mais só, novamente. Multidões o aclamaram, pelo medo que despertava nas defesas adversárias.

Não precisaria provar mais nada a ninguém. Nem a ele. Depois de passagem pelo Real Madrid, chegou ao Milan. Novamente em má-fase. Contestado. E nesta quarta, 13 de fevereiro, eis que o destino estoura novamente o tendão patelar de Ronaldo. Não o direito, o esquerdo. E, novamente, há quem diga que Ronaldo morreu para o futebol.

Que ninguém se apegue a prognósticos. Ronaldo sabe trilhar as “hordas ululantes”. Mas como poucos, aprendeu a ficar só. Tornou-se humano. E sabe exatamente o caminho para tornar-se – mais uma vez – histórico (e heróico).
Foto: Agência AP/Globo.com

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Vá de retrô

Manchester City e Manchester United relembram desastre aéreo Clássico de Manchester: a onda retrô relembra a história
O futebol é um esporte que vive de estórias e história. As jogadas que testemunhamos, os gols que assistimos, os jogadores que fizeram a diferença, todos permanecem vivos através das narrativas que fazemos, passando o fato adiante. Reparem como no dia seguinte de uma rodada ouvimos várias pessoas contando os lances da partida, descrevendo de forma única tudo aquilo que viram ou ouviram.

Acho que este é o principal elemento que sustenta a moda das camisas retrô, grande filão de mercado hoje em dia. O futebol – principalmente o atual – carece de romantismo. Os uniformes retrô, de certa forma, trazem de volta o tempo que jogador e camisa não tinham uma relação tão promíscua. Beijava-se menos os escudos, amava-se mais os clubes que representavam. Sem contar que antes as camisas não tinham marcas estampadas e não corríamos o risco de ver equipes entrando em campo com verdadeiros abadás...

É por essa saudade que vemos cada vez mais as camisas retrô por aí. Se a ocasião é especial, o passado aparece não só nas prateleiras das lojas como em campo também. Este ano já tivemos dois bons exemplos. Um, aqui no Brasil, no Campeonato Cearense. Em 27 de janeiro, Fortaleza e Ceará jogaram o clássico com uniformes da década de 1910, quando o tricolores e alvinegros tinham o nome de Stella (camisa branca com estrela vermelha no peito) e Rio Branco (camisa lilás), respectivamente. O outro exemplo é inglês. No clássico entre Manchester United e Manchester City, os Reds relembraram os 50 anos do acidente aéreo envolvendo a equipe do M.U., em 06 de fevereiro de 1958. O time do Manchester United irá usar camisas com estilo antigo, dos anos 50. Rivais extremos, os dois times deixaram de lado a richa local para fazer a homenagem: o Manchester United usou uniforme igual ao utilizado pela equipe na época do acidente e o time do City jogou sem a marca do patrocinador na camisa, além de utilizar tarjas pretas nas mangas.

Ainda nos resta isso. Quando as botinadas fazem doer a vista e os times e dirigentes relembram o amadorismo no pior sentido da palavra, não deixe que o amor ao futebol vá embora. Embarque na nostalgia e vá de retrô...