Site Meter Sem Salto Alto: 12/11/2006 - 19/11/2006

quarta-feira, novembro 15, 2006

Urubu expiatório

Depois da derrota para a Ponte Preta, muita gente começou a apontar o Flamengo como vilão por não “ajudar” o Fluminense. Como se o time de Ney Franco tivesse embrulhado a partida e dado de presente à Ponte...
Muitos tricolores estão esconjurando o arqui-rival pela perda dos três pontos para o adversário direto do Fluminense na luta contra o rebaixamento. Não só torcedores, mas vários jornalistas falaram ou insinuaram a mesma coisa: que o Flamengo é o vilão da história. Relembram 1996, quando o clube perdeu no Rio para o Bahia e jogou a pá de cal para o Flu no primeiro de seus três rebaixamentos consecutivos (o que por si só seria um dado mais que suficiente para ver que o problema não vinha da Gávea).
Um pouco de mea culpa não faria mal ao Fluminense. Afinal, o time que era apontado como um dos favoritos ao título, ganhou 11 dos 48 pontos disputados no returno do Brasileirão. Tem a terceira pior campanha do segundo turno. Trocou de técnico seis vezes no ano. O elenco está rachado entre estrelas e pratas-da-casa. A relação com o patrocinador está estremecida pelo péssimo desempenho do time dentro das quatro linhas. O Fla tem culpa de tudo isso?

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Aliás, não é a primeira vez no Brasileirão que o bode dá lugar ao urubu na hora de expiar as culpas alheias. Quando Ney Franco optou por escalar os reservas contra o Paraná, em virtude do cansaço dos titulares pela viagem aos EUA para o amistoso contra o América do México, o coro dizendo que o Flamengo agiu de forma antiética também foi forte. Era irresponsabilidade e falta de profissionalismo escalar os reservas contra o clube que luta por uma das vagas na Libertadores com o Vasco. Era revanchismo. Quando queriam “aliviar” a carga, criticavam o fato do rubro-negro ter concordado com o amistoso, que rendeu US$ 150 mil aos cofres do clube (mas também criticam quando o clube atrasa salários)...
O Flamengo venceu, aí o ti-ti-ti acabou. Com a Ponte Preta, infelizmente, o clube não conseguiu jogar por terra essas teorias da conspiração. Mas o ideal seria que elas nem existissem, tamanho o absurdo que elas insinuam e a pobreza de mentalidade que exprimem.

Se urna falasse...

Na última segunda, aconteceu a eleição para o Conselho Deliberativo do Vasco, responsável por eleger o novo presidente vascaíno. Na prática: quem vota nos conselheiros da patota do Eurico, está votando nele; a mesma coisa com o Dinamite. Enfim, deu o resultado que muitos esperavam: vitória da situação. Por enquanto... Digo por enquanto porque o Lance! de 14 de novembro traz uma reportagem de César Ferraz e Guilherme de Paula na qual o segundo descreve o passo-a-passo de como conseguiu votar na eleição vascaína mesmo sem ter condição legal para isso. Bastou que estivesse “trajado” com um adesivo da chapa azul de Eurico e dizer que queria dar uma força para ele. Mesmo sem nome na lista, ele teve permissão para votar.
E assim o fez. Dinamite promete usar a reportagem para impugnar o resultado da eleição. Pena que urna tem boca, mas não fala. Se falasse... Se bem que, um clube como o Vasco deveria ter uma voz mais ativa para defendê-lo, não? Será que tem? Ou não? Cenas dos próximos capítulos.