Site Meter Sem Salto Alto: 2007

domingo, dezembro 30, 2007

Dez melhores momentos de 2007

1 – Fair play na Inglaterra: Nottingham Forest e Leicester City faziam o que seria apenas mais um jogo entre as equipes. Mas o zagueiro Clive Clarke, do Leicester, teve um problema cardíaco durante a partida válida pela Copa da Liga Inglesa, resultando na suspensão desta. No momento da interrupção, o placar marcava 1 a 0 a favor do Nottingham, mas o zero a zero foi estabelecido no jogo remarcado. Por achar justo restabelecer a vantagem no placar ao adversário, o Leicester City permitiu que o adversário marcasse um gol no início da nova partida. Para mim, foi o lance mais bonito do futebol em 2007.



2 – Kaká e Marta melhores do mundo: dobradinha brasileira na eleição da Fifa para premiar os melhores jogadores do planeta. Craque a gente faz em casa.

3 – Drible do Robinho no jogo contra Equador: não sei como ele fez a jogada, mas o que importa é que ela saiu. E foi de encher os olhos de quem ama futebol.



4 – Jogada da Marta contra os EUA: quem disse que mulher não sabe jogar futebol, é porque nunca viu a Marta em campo. Esse gol aí, 90% dos jogadores profissionais que atuam no planeta não consegue repetir.



5 – A Seleção Brasileira Feminina: o desempenho no Pan e na Copa do Mundo não deixa dúvidas que aqui pode ser o “País do Futebol” também para as meninas. Mas quando a CBF vai perceber isso de verdade?

6 – Confirmação do Brasil como sede da Copa de 2014: sei que esse fato vai ser usado para fazer politicagem e o que é pior, daquelas que nem sempre são politicamente corretas. Mas que o futebol por aqui pode ter um grande benefício com uma Copa aqui, ah, isso pode...

7 – Renato, do Sevilla, completa 500 jogos sem suspensão: acho impressionante como essa notícia não foi muito badalada aqui. Mas em setembro, o brasileiro Renato (ex-Santos) completou a marca de 500 partidas em 11 anos de carreira sem nunca ter sido suspenso por cartões vermelhos ou amarelos. Algo realmente admirável para um jogador de meio-campo em tempos de valorização do futebol-brucutu.

8 – A volta da Seleção Brasileira ao Maracanã: depois de sete anos de ausência, o Brasil voltou a jogar no mais mítico dos estádios brasileiros. E no Maracanã, goleou o Equador e até nos deixou a impressão de que a gente pode chegar a algum lugar mesmo tendo que aturar o Dunga.

9 – A vitória sobre a Argentina na final da Copa América: Maracaibo, na Venezuela, foi o palco de mais um chocolate brasileiro em cima da Argentina. Três a zero no placar e mais um título da Copa América. Mais uma vez, a Amarelinha fez os hermanos amarelarem...

10 – Renascimento do Flamengo no Brasileirão: da zona de rebaixamento à Libertadores. Nos braços da torcida, o time carioca mostrou mais uma vez que matemática e lógica não se aplicam ao futebol.

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Com este "Top 10", encerro as atividades do "Sem Salto Alto" este ano. Agradeço (MESMO) a todos os amigos que leram e lêem este blog. A todos vocês, desejo um ótimo 2008, de coração!

sábado, dezembro 29, 2007

Dez piores momentos de 2007

Faltando dois dias para encerrar 2007, fiz o "Top 10" dos piores momentos do futebol este ano. É claro que é a lista do "Sem Salto Alto" e tenho certeza que cada um tem a sua... Mas também estou certa que todos os episódios citados envergonham quem realmente ama o esporte. A ordem dos tópicos foi aleatória.


1 – Acidente na Fonte Nova: no mesmo ano em que a Fifa anunciou o Brasil como sede da Copa de 2014, o futebol brasileiro deu exemplo. De omissão e irresponsabilidade. O saldo foi a morte de sete torcedores, com marca registrada pelo descaso da CBF e das autoridades públicas.

Tragédia na Fonte NovaTragédia na Fonte Nova: imagem do descaso

2 – A polêmica do penta: o “moderno” São Paulo mostrou que, na prática, não é tão vanguardista quanto gostaria. Quando teve a oportunidade de não pensar pequeno e se deixar levar por espertezas típicas da pior politicagem do futebol, negou o pentacampeonato brasileiro do Flamengo. E a briga pela "Taça das Bolinhas" encheu a paciência de todo mundo...

3 – Romário “prorrogando” a carreira até 2008: não sei se ele é técnico ou jogador. Acho até que, atualmente, não é nem uma coisa, nem outra. Mas Romário insiste em continuar “jogando”. Para piorar, foi pego no exame antidoping pelo uso da substância finasterida – usada em produtos contra a calvície e também para mascarar o uso de outras substâncias proibidas.

4 – A queda do Corinthians: o Timão pagou pelos erros de dirigentes, jogadores e até alguns torcedores e vai disputar a Série B em 2008.

5 – Dunga técnico: não sei se é Dunga ou Zangado, tamanho o mau humor apresentado em coletivas e entrevistas. Ele não gosta de ser contestado ou questionado. Mas será que ele achava mesmo que isso não aconteceria quando ele, que nunca tinha sido técnico, assumisse logo o cargo de treinador da Seleção Brasileira?

6 – Violência das torcidas no mundo: Itália, Brasil, Argentina, Espanha... Onde a bola rolou, o pau também cantou. Infelizmente, a violência das torcidas é, mais do que nunca, um fenômeno global.

7 – Mortes em campo: o ícone foi o jovem lateral Puerta,do Sevilla. Mas podia ter sido também o meia Cléber, do Bahia. Foram muitos casos de jogadores de futebol que morreram em campo ou em hospitais, após apresentarem problemas em jogos ou treinos. Será que o calendário apertado ou a valorização do futebol-força não têm mesmo nenhuma relação com essas mortes?

8 – Excesso de casos de doping no futebol: só no Brasil foram 15 casos de doping. Maconha, femproporex, finasterida e sei lá mais o quê. Mas o pior é que, na maioria dos casos, pipocam argumentos que “deve-se levar em consideração os antecedentes do jogador, o passado no esporte”, blá, blá, blá. Mas resultado de exame antidoping é que nem gravidez: não tem meio-termo. E se houve ou não intenção de se dopar (ou engravidar) também não interessa. Quem pariu Mateus que o embale (e no caso no doping, que cumpra a pena prevista para cada situação).

9 – O uso político da Copa de 2014: nem bem a Fifa tinha ratificado o Brasil como sede da Copa de 2014 e os políticos brasileiros já barganhavam sua parte no quinhão, alegremente incentivados pela cúpula da CBF. Ricardo Teixeira tornou-se um dos homens mais poderosos do país – e eu acho isso assustador.

10 – Demissão e readmissão de Cuca: demitido após a vergonhosa derrota para o River Plate, Cuca protagonizou o episódio que, na minha opinião, mostra bem o quanto o futebol brasileiro ainda é amador. O treinador voltou ao comando do alvinegro carioca menos de dez dias depois de ter perdido o cargo. E eu ainda continuo sem resposta: se era o treinador ideal, por que saiu? Seria engraçado, se não fosse triste...

Foto: Welton Araújo/A Tarde/Agência Estado

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Como não sou e nem quero deixar uma imagem pessimista, amanhã publico o "Top 10" das coisas boas que aconteceram em 2007 no futebol. Até lá!

terça-feira, dezembro 25, 2007

Para brincar durante as festas...

Para quem gosta de desafios, o Flashpops de escudinhos de clubes de futebol é uma ótima pedida. Está recomendado até no blog do Juca. Ele, que é um dos jornalistas esportivos que mais admiro, não conseguiu descobrir todos. Mas eu, 'tarada' por futebol, consegui 'gabaritar'. Se alguém quiser as respostas, é só olhar aí embaixo... Quando você completa o desafio, aparece uma telinha de parabéns, mas eu editei a imagem para poder exibir o nome de todos os clubes.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Feliz Natal!

A todos os leitores do "Sem Salto Alto" e a todas as pessoas que mesmo nesta época não conseguem parar de pensar em futebol, desejo um Feliz Natal!

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Duas caras

Não adianta coçar a cabeça: tem é que usá-la


Apesar do título deste post, ainda não é dessa vez que vou falar de novela por aqui. Aliás, até vou. Mas trata-se de uma novelinha típica do futebol e que não tem nada a ver com o folhetim das 21h da Rede Globo – apesar da chatice em comum.

Os personagens variam. Podem ser Leandro Amaral, o Vasco, o Fluminense e o Botafogo. Ou Thiago Neves, o Palmeiras, o Fluminense – de novo e o Paraná. Ou Beto Acosta, o Náutico, o Corinthians e o Cerrito, do Uruguai. Mas o enredo é sempre o mesmo: motivado por propostas, jogador e procurador(es) metem os pés pelas mãos, fecham acordos a esmo e em determinado momento, ninguém sabe mais a qual(is) clube(s) o boleiro está vinculado. E aí a novela se arrasta para tribunais de justiça desportiva, trabalhista, FIFA, ONU ou qualquer outra instituição que seja capaz de definir qual camisa o sujeito vai vestir.

Já ouvi gente dizendo que isso é conseqüência da modernização do futebol. Afinal, o que rege a coisa toda agora é business e grana. Com isso, pode ser que os direitos federativos estejam vinculados a um clube, mas os direitos econômicos sejam de um grupo de investidores, empresários, sanguessugas e afins. Num resumo básico, o clube é apenas um trampolim para que outras pessoas ganhem muito dinheiro. Não há inocentes envolvidos. Mas os jogadores sempre posicionam-se como vítimas indefesas.

Até quando vamos ouvir essa ladainha de que foram mal-orientados, induzidos, aliciados, como se fossem incapazes de discernir entre o certo e o errado ou como se fossem meros fantoches? Até quando vão culpar procuradores, agentes, dirigentes ou quem quer que seja por assinarem mais de um acordo ou concordarem com contratos cujas cláusulas estejam pré-determinados a não cumprir? Até quando os jogadores de futebol vão agir como se suas cabeças fossem HDs vazios, cujo conteúdo vai sendo colocado aos poucos, sem nenhuma contestação?

Está na hora de mudar. Se gostam de usar tanto a palavra “profissional”, que façam jus a ela. Que se preparem para exercer esta profissão, como fazem tantos “mortais” por aí. E principalmente: que os jogadores de futebol tenham uma cara só. E que não seja de pau, como tantos têm demonstrado ter.

domingo, dezembro 16, 2007

Revanche à milanesa

 Liderado por Kaká, o Milan conquistou o tetra mundial Liderado por Kaká, o Milan conquistou o tetra mundial
A derrota é inevitável até para os clubes acostumados a vencer. Não há registro na história de um clube que tenha vencido tudo, vencido sempre. O futebol não dá espaço para os invencíveis. Mas dá campo sim, aos vencedores. E na final do Mundial Interclubes deste ano, enfrentaram-se os dois clubes com o maior número de conquistas internacionais. Até antes da partida, Milan e Boca Juniors tinha invejáveis dezessete títulos internacionais cada um. Para o Boca, o jogo era um tira-teima. Para o Milan, uma revanche da final de 2003, quando perdeu o Mundial para o time argentino.

O Milan fez mais do que vencer com propriedade por 4 a 2 e com show de Kaká. Com o título em Yokohama, o rubro-negro de Milão serviu ao Boca um prato que o Liverpool já havia degustado também em 2007: a revanche à milanesa.

Dizem que a vingança é um prato que se come frio. Discordo. Pelo menos no futebol, ela é servida ao calor da paixão. De fria, nada tem. Sorte dos torcedores do Milan, que saborearam duas vezes em 2007 a mais fina das iguarias que o futebol pode oferecer: a revanche.
Foto: Reuters/UOL

terça-feira, dezembro 11, 2007

O lesado Dualib

Alberto Dualib, ex-presidente do Corinthians, declarou ontem ter sido "lesado pelo Corinthians em mais da metade do seu patrimônio". Eu, há muito tempo, não tinha dúvidas do fato. Alguém duvida? Vamos ao dicionário...
Lesado - adjetivo
Acepções:
1 - Que sofreu lesão; ferido, contundido, avariado;
2 - Rubrica: termo jurídico. Prejudicado em seus interesses;
3 - Regionalismo: Brasil. Uso: informal. Que demonstra ser tolo, abobado, amalucado; leso.
Sim, lesado é bem a palavra. No momento em que teve que renunciar a 14 anos de poder no clube alvinegro, Dualib sofreu séria lesão. Em sua fonte de renda. Em seu esquema duvidoso de administração, que fez com que ele fosse indiciado por formação de quadrilha e estelionato. Foi realmente um ferimento - espero eu, mortal - no esquema que levou o Corinthians a um lugar onde nunca deveria estar: a Série B.
Sim, lesado é realmente a palavra. Olhem a acepção de número 2 - "prejudicado em seus interesses". Também não deixa margem de dúvidas: deixar a presidência era contra todos os interesses de Dualib, apesar de ser extremamente interessante para o clube. Mais uma vez lesado.
E por último, a terceira acepção. Essa pode e deve ser usada por todos para definir o estado mental de Dualib. Porque um homem que fez o que fez ao gigante Corinthians e ainda se acha no direito de declarar-se lesado pelo clube, alegando que perdeu patrimônio, só pode mesmo estar "variando" do juízo.
Concordo em gênero, número e grau com a declaração. Dualib é mesmo um lesado.
Fonte: Dicionário Houaiss

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Quem é Vivo nunca aparece

A Seleção do Brasileirão com a marca de uma concorrente da Vivo



Mas a Nike e o Guaraná Antarctica estavam lá


Que a Vivo e a CBF há muito não se entendem, não é novidade. Eu mesma já falei sobre o assunto em um post do “Sem Salto Alto”. E a relação, ao que parece, continua “desandando a passos largos”. Ou alguém acha normal, perfeitamente plausível, a marca de uma das concorrentes da operadora aparecer na camisa da Seleção de Craques do Brasileirão, em partida contra a Seleção Brasileira Olímpica? Ainda mais porque essa mesma camisa levava a marca de outros parceiros da Seleção: a Nike e o Guaraná Antártica.
É... Ao que parece, pelo menos lá na CBF, quem é Vivo nunca aparece...

Fotos: CBFNews

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Tela quente

Mano Menezes se apresenta ao Corinthians Se a TV mostrar backdrop, talvez caia a "tarja" dos patrocinadores nos microfones

Mais quente do que a febre que derrubou esta gripada redatora do “Sem Salto Alto”, somente a briga entre Globo e Record pelos direitos do Brasileirão a partir de 2009. Há vários fatores importantes que serão colocados na balança para decidir quem leva a melhor:

1 – A Globo deve fazer pressão pela volta do mata-mata (e muitos membros do C13 são favoráveis a isso). Durante a Footecon, Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes, fez árdua defesa do formato de playoffs. Segundo ele “os pontos corridos provocam perda de receitas e a discussão sobre qual o melhor formato de disputa do Brasileiro precisa ser reaberta”.

2 – Alguns clubes acenam, ainda que bem timidamente, com a possibilidade de negociarem seus jogos à parte. Flamengo, São Paulo, Botafogo, Atlético Mineiro e mais recentemente, o Corinthians já tocaram no assunto.

3 – O C13 quer negociar os direitos do Campeonato de forma segmentada. Assim, a transmissão por TV aberta, TV fechada, Internet e telefonia móvel seriam negociadas de forma independente e não num único pacote como atualmente. Empresas diferentes – e quem sabe, concorrentes – poderiam adquirir os pedaços mais interessantes para suas estratégias de mercado.

4 – O mesmo C13 pensa em exigir que a detentora dos direitos de transmissão seja obrigada a exibir as marcas dos parceiros dos clubes durante entrevistas coletivas. Seria o fim daquele close horroroso que mostra os pêlos nasais de técnicos e jogadores para evitar mostrar as marcas que aparecem nos backdrops.

5 – Se o Corinthians continuar na Série B (o que eu não acredito muito), a Segundona também vai ter um peso extra na negociação. Lembro ainda que, se a parceria que os corintianos estão alinhando com o Flamengo envolver negociação dos direitos de TV, eles podem aparecer como um elemento decisivo na briga.

6 – A forma como as cotas são divididas entre os clubes também deve ser rediscutida no novo contrato. Atualmente, há cinco níveis de divisão da grana da TV. Tais níveis levam em conta se os clubes são ou não membros do C13 e também o número de torcedores de cada um. Ainda durante o Footecon, Marcelo Campos Pinto sugeriu discutir o modelo italiano de divisão de cotas, onde os clubes da Primeira Divisão ficam com 40% dos valores de transmissão 30% fica dividido com base em níveis de exposição e os outro 30% cabem à premiação

Claro que tudo que listei acima pode não ser tão crucial quanto um único fator: GRANA. E importante mesmo não é saber se a Record ou a Globo (que ainda considero favorita para levar a parada) vai ganhar. Para mim, importante é ter certeza que os clubes ganham. E o futebol brasileiro idem.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Site do Kajuru

Tem quem goste, tem quem deteste. Mas ele faz parte do jornalismo esportivo brasileiro. E cá entre nós: tirando o exagero que caracteriza o "personagem", até gosto bastante do fato dele ir além do óbvio. Jorge Kajuru está de volta, dessa vez na internet. Clique aqui e conheça o site do polêmico jornalista.

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A visita ao site já vale só para ter a oportunidade de rever (ou ver, para quem nunca viu), o Globo Repórter que falava sobre a CPI da Nike/CBF. Pena que não deu em nada...

domingo, dezembro 02, 2007

Fiel da cova dos leões

Corinthians rebaixado no Brasileirão Nem a força da Fiel segurou o Timão


Confesso que não acreditava. Mas o Corinthians caiu. Verdade que o clube não caiu hoje exatamente. Caiu ao longo do campeonato. Por toda sujeira fora de campo, o Corinthians caiu dentro dele.

Alguns podem dizer que foi merecido. “O time fez má campanha”, vão esbravejar. “É o preço que se paga pelo Brasileirão roubado em 2005”, dirão outros. “É para mostrar que o futebol brasileiro mudou”. Mas me arrisco a dizer: pode ter sido merecido. Justo, não sei.
Porque não acho justo milhões e milhões pagarem pelo erro de dirigentes pífios, mal-intencionados. Os corintianos foram punidos; os verdadeiros culpados não. Acreditaria que o futebol brasileiro mudou de verdade se os dirigentes pagassem não pelos erros, mas pelos crimes que cometem. Acreditaria que o futebol brasileiro mudou se os clubes grandes caíssem, mas não caíssem também as CPIs do futebol, os processos contra corrupção da cartolagem ou qualquer coisa do gênero.

Infelizmente, no futebol brasileiro caem os grandes clubes, caem até arquibancadas com torcedores (com total omissão dos responsáveis). Só não cai a máscara dessa galera que usa o futebol como instrumento pessoal. E sinceramente, eu preferia ver essa galera caindo do que ver a Fiel desabando na Série B.


Foto: Thiago Bernardes/UOL

quarta-feira, novembro 28, 2007

A poesia do futebol

Hoje, não vou comentar nenhum acontecimento do futebol aqui no “Sem Salto Alto”. Pelo menos, não um acontecimento daqueles, que povoam as manchetes esportivas ou geram ao menos uma notinha despretensiosa.

Vi as duas fotos abaixo numa matéria no G1 e as imagens me mobilizaram mais que outros temas. Elas foram tiradas pelo fotógrafo Mahmoud Raouf Mahmoud, da Reuters, no Iraque. No meio do caos de Bagdá, uma criança iraquiana e um soldado americano pareceram, por alguns momentos, falar o mesmo idioma. Pareceram desejar as mesmas coisas e passaram a ter os mesmos sonhos. Achei as imagens simples, singelas. E por isso mesmo, belas.



Lembrei de uma citação do cineasta paraibano Wladimir de Carvalho, na qual ele definiu o futebol assim:

“Para os que têm sensibilidade, e que têm a coragem de se irmanar com o homem da rua, o futebol não é o gesto gratuito que muitos imaginam, mas um território poético, imenso manancial do poder de criação humana no retorno à pureza da infância. É um cometimento estritamente estético com os supremos ingredientes da arte: ritmo, harmonia inventiva, movimento, incursão no tempo e no espaço, equilíbrio e plasticidade.”

É. O futebol é uma arte capaz até de anular as diferenças de uma guerra absurda.

Foto: Mahmoud Raouf Mahmoud/Reuters

domingo, novembro 25, 2007

O patrocinador e o parceiro

No post anterior, elogiei o presidente do Corinthians Andrés Sanchez por questionar a relação entre o clube e seus principais patrocinadores (Nike e Samsung). Não sei ao certo o que Sanchez pretende, mas acredito que ele pode estar no caminho certo ao pensar nestas empresas (ou em outras) não como patrocinadores, mas como parceiros alvinegros.

Antes de me alongar, vale destacar a diferença que vejo entre patrocinador e parceiro. O primeiro assemelha-se a um anunciante. Paga determinada quantia em troca de visibilidade - que consegue, geralmente, em troca da exibição de sua marca no material esportivo do clube, backdrops, em publicidade estática no campo etc. O segundo não. Ele vai além do aporte financeiro. Uma parceria envolve uma troca mais ampla, onde os parceiros usam a relação para crescer mutuamente. Traçam estratégias em comum para conquistar objetivos. Na Europa, a parceria é o modelo que tem sido seguido pelos clubes. Aqui, quase não se vê iniciativas neste sentido.

Uma rápida visita ao site do Real Madrid – clube mais rico do mundo – já nos mostra o quando um clube pode gerar oportunidades de parceria (e conseqüentemente, agregar mais valor à sua marca). O clube lista onze empresas como parceiros: a Adidas (material esportivo); Bwin.com (site de apostas); Metro (jornal de Madrid); a Coca-Cola (refrigerante); Audi (automóveis); Mahou (cerveja); Rexona for Men (desodorante); Sanitas (assistência médica); Solán de Cabras (água); Mini Babybel (queijos pasteurizados); Vueling (companhia aérea). Só as duas primeiras são exibidas na camisa merengue. As outras trabalham outras oportunidades, outros mercados, criam ações de marketing e de relacionamento para promover tanto a marca da empresa quanto a do clube. Associadas, unidas, numa relação que gera mais valor às duas partes do que o dinheiro do contrato assinado.

Em maio deste ano, por exemplo, a Audi levou o elenco do Real Madrid para testar os modelos do superesportivo R8 e dos novos A5 e S5, no autódromo de Jarama, em Madri. Ação inteligente para explorar a paixão dos jogadores por carros de luxo e também para aproveitar o alcance global das duas marcas – afinal, as fotos correram o mundo inteiro.

Outro exemplo – este ainda mais impressionante - foi ação alinhada entre dois clubes europeus (Manchester United e Real Madrid) e um parceiro em comum. Em 2003, a Pepsi era patrocinadora dos dois clubes e colocou no ar uma campanha publicitária que explorava o futebol e o grande sucesso dos dois clubes – não só nas respectivas ligas nacionais, mas também na Liga dos Campeões. As marcas envolvidas foram valorizadas em escala mundial e a iniciativa, sem dúvida, não tem preço. Isso é parceria. E se for isso que Sanchez quer proporcionar ao Corinthians, só posso bater palmas para a iniciativa.



quinta-feira, novembro 22, 2007

Relação patrocinador x patrocinado

Muito interessante o pensamento de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians. Ele quer rediscutir a relação do clube alvinegro com os principais patrocinadores (Samsung e Nike). Segundo ele, é preciso melhorar o "relacionamento da parceria como um todo". O todo seria relativo a "atitudes, ações e projetos". Ele falou do Corinthians em particular, mas poderia dizer o mesmo para os clubes brasileiros em geral.

Aqui, a relação entre patrocinador e patrocinado no futebol resume-se ao pagamento de patrocínio e exibição de marca na camisa praticamente. Não são formatadas ações integradas, que usem o clube como uma ferramenta não só de comunicação, mas de relacionamento, de geração de receitas alternativas e fidelização às marcas. Vou discutir o assunto com mais calma em breve. Mas é bom saber que os clubes brasileiros começam a perceber a diferença entre patrocinador e parceiro.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Nem Deus salvou a Rainha

Festa croata em Wembley: Inglaterra fora da Euro 2008  Festa croata em Wembley: Inglaterra fora da Euro 2008

Era preciso somente fazer o dever de casa: vencer ou empatar com a já classificada Croácia em Wembley. Esses resultados garantiriam a Inglaterra na fase final da Eurocopa 2008. Os croatas abriram vantagem de dois gols no primeiro tempo. O English Team foi buscar o empate no segundo. Mas recuou e ficou assistindo o adversário jogar, jogar, chegar perto da área, ameaçar. Petric não tinha nada com os problemas ingleses e com um chutaço cruzado despachou os ingleses. A Rússia agradeceu e ficou com a vaga.

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Aliás, entre os classificados, não há nenhum time do Reino Unido. Nem Deus salvou a Rainha na Euro 2008.

Grupo A
Polônia e Portugal

Grupo B
Itália e França

Grupo C
Grécia e Turquia

Grupo D
República Tcheca e Alemanha

Grupo E
Croácia e Rússia

Grupo F
Espanha e Suécia

Grupo G
Romênia e Holanda

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A desclassificação não causa só um abalo na Seleção Inglesa. Uma interessante matéria do “Daily Telegraph” mostra uma previsão das perdas econômicas da eliminação. O prejuízo é estimado em £1 bilhão (aproximadamente R$ 3,6 bilhões), em perdas nos setores de publicidade, apostas, direitos de transmissão e produtos comumente consumidos por torcedores (como a cerveja por exemplo). Clique aqui para ler a matéria.

Foto: AP/Terra

terça-feira, novembro 20, 2007

Alhos e bugalhos

Alhos e bugalhos: bem diferentes, não dá para comparar Alhos e bugalhos: bem diferentes, não dá para comparar

Quem tiver um tempinho, deve ler a “defesa” do sistema de pontos corridos escrita por Fábio Koff, reeleito recentemente presidente do Clube dos 13. A linguagem desnecessariamente rebuscada nem é a pior parte do artigo. Ruim mesmo é comparar a média de público da Copa do Brasil deste ano (que utiliza o chamado sistema “mata-mata”) com a média de público do Brasileirão 2007, como forma de referendar os pontos corridos.

É preciso cautela e coerência nesse tipo de comparação. Primeiro porque Estatística é aquela ciência que, se um sujeito come quatro frangos e o outro come nenhum, a média vai dizer que cada um comeu dois. Segundo, porque para comparar duas coisas matematicamente é preciso que essas duas coisas tenham equivalência. Ou alguém acha válido comparar o desempenho de carro da Stock Car com um da Fórmula 1 e ainda utilizar isso para dizer que um tem mais potência que o outro?

Então, comparar uma competição que tem 64 clubes, escolhidos por critérios não muito evidentes para o consumidor (ou torcedor, se preferir) com outra que reúne os 20 maiores clubes do país não é válido. Ou alguém realmente acredita que uma competição que conta com a Associação Desportiva Senador Guiomard (também “conhecida” como Adesg/AC), Baré/RR, Barras/PI, Olímpico Pirambu/SE Coxim/MS ou Vilavelhense/ES possa realmente ser um sucesso absoluto de público? Então, se o Brasileirão 2007 tem “16.250 torcedores por jogo, e está crescendo, enquanto a Copa do Brasil fechou com 10.663 espectadores por partida” como afirmou Koff, tenho para mim que não foi por causa do sistema de uma competição ou de outra. A diferença escandalosa é que uma delas prima pelo critério técnico – não por acaso chamada de “elite do futebol brasileiro”. A outra parece mais com um instrumento político, da mesma forma que a Arena - partido conservador criado para apoiar o governo ditador aqui no Brasil - fazia. “Onde a Arena vai mal, um time no nacional”.

Sinceramente, Koff, nunca vi um torcedor ir ao estádio para ver “um sistema de pontos corridos”. Torcedor vai ao estádio para ver bons jogos, bons jogadores, bons espetáculos. O mata-mata é emocionante sim. Mas não quando realizado entre times e clubes que já estão mortos há muito tempo. Há meios melhores de defender os pontos corridos. Só não entra na minha cabeça que a defesa misture alhos e bugalhos.
Imagem: Montagem Glaucia Marques

segunda-feira, novembro 19, 2007

Tenha a Santa paciência, Santa Cruz...

A última colocação no Brasileirão de 2006 colocou o Santa Cruz na Série B. Em 2007, com uma rodada de antecedência, o clube pernambucano desceu ainda mais a ladeira. Ano que vem, o Santa Cruz vai encarar a Terceirona. E eis que, após esse desempenho pífio, Édson Nogueira, presidente do Tricolor de PE, resolveu fazer denúncias graves sobre possíveis irregularidades no campeonato.

Nesta segunda(19/11), entregou um dossiê ao Ministério Público e à Federação Pernambucana de Futebol denunciando "extorsão". Segundo ele, "o clube foi extorquido" e pessoas supostamente ligadas à arbitragem pediram dinheiropara arrumar resultados a favor do Tricolor. Parece que há números de contas bancárias e e-mails na documentação reunida e já há quem clame pela anulação da Série B.

Não vou aqui dizer que não há ou não houve manipulação de resultados. Acho que essas coisas surgiram junto com o futebol ou até antes dele, se bobear... O que me espanta é o dirigente que sabe dessas coisas e só resolve jogar no ventilador quando as coisas não saem como o esperado. Na minha terra, o nome disso é conivência. O sobrenome é omissão. Tenha a Santa paciência, Santa Cruz!

O Calcio em inferno-astral

 A violência no futebol não é exclusividade da Itália A violência no futebol não é exclusividade da Itália


Adoro o campeonato italiano: o inglês pode ser o mais valorizado pela TV, o espanhol pode ter os clubes mais ricos, mas se eu tivesse que escolher só um campeonato nacional da Europa para assistir, eu escolhia o da Terra da Bota. Acho que foram os domingos de Show do Esporte na infância, quando a Band começou a transmitir os jogos da Itália (e foi uma época de ouro, com o timaço do Napoli de Careca e Maradona, da Sampdoria do Vialli, do Milan de Gullit e Van Basten, da Internazionale do Klinsmann e do Matthäus etc). Mas o Calcio está num inferno-astral...

Depois do recente escândalo da manipulação de resultados, agora é a violência dos torcedores que mancha o espetáculo. Claro que o problema não é exclusivo da Itália; é que lá (como todo lugar que encara o futebol como um negócio sério) as coisas acabam tomando proporções maiores. Até a Giovanna Melandri, ministra dos Esportes por lá, manifestou-se, dando ao problema ares de questão nacional. E é mesmo... A legítima preocupação das autoridades poderia servir de exemplo aqui no Brasil, onde violentas torcidsas organizadas (?) fazem o que querem - inclusive, matando com dia e hora marcada, em confrontos "pré-agendados" pela internet.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Idade da Pedra

Souza mostra o quanto os clubes do Brasil precisam melhorar
Exemplo típico de como o marketing esportivo no Brasil precisa melhorar


Os clubes brasileiros ainda têm muito o que aprender para levar o futebol desse país ao patamar que merece (ou pelo menos, levar a algum patamar). Fico impressionada como coisas simples lá fora não são óbvias aqui. Um exemplo básico: navegando pelo site do jornal “O Globo”, vi uma foto do atacante Souza, do Flamengo na home.

Ele vestia um agasalho de um time que não é o seu, com marca de um fornecedor de material esportivo que não é o do seu clube e para piorar, ele parecia estar na Gávea (não sei onde a foto foi tirada, mas o ambiente ao fundo parece o do clube rubro-negro). Eu pergunto: alguém já viu David Beckham vestir alguma coisa sem ganhar nada por isso? Ou alguém aí acha que o Real Madrid, o Barcelona, o Manchester United deixa os jogadores vestirem o que bem entendem, ainda mais em horário de trabalho? A resposta é um sonoro não.

Talvez Souza não seja culpado. Provavelmente nunca foi orientado sobre o assunto (o que não justifica que ainda não tenha se tocado sobre detalhes como esse). Mas será que o Flamengo não se importa com isso? E os direitos de imagem, que custam fortunas ao clube? São usados para quê? Pelo visto, não são utilizados como ativos para negociar com os patrocinadores... Enfim... Há muito caminho a ser trilhado.
Reprodução: Site do jornal "O Globo"

Aliás...

Se alguém quiser ter a sensação de ser dirigente esportivo e comandar um clube de forma profissional, sugiro o game "Fifa Manager 2008". Desde 2003, sempre adquiro esse game (que até 2005 tinha o nome de "Total Club Manager"). Tão bom fazer planejamentos, ter metas, admnistrar clubes com seriedade... Vale a diversão (nesse caso, bem virtual mesmo para a realidade brasileira).

Reprodução da caixa do Game

terça-feira, novembro 13, 2007

Pizza de bacalhau


A carteirinha feita pelo MUV: a torcida do Vasco merece esclarecimentos


Nesta terça, 13 de novembro, o futebol brasileiro completa um ano de mais um episódio vergonhoso. Um triste aniversário e quem sopra as velhinhas são os torcedores de uma das maiores torcidas do Brasil. Parece que foi ontem, mas já faz um ano que as eleições vascaínas estão sub judice. Há um ano, o Vasco da Gama tem um “presidente interino”, cuja vitória nas urnas foi, no mínimo, duvidosa.

Cerca de 300 torcedores do clube foram ao Tribunal de Justiça, no Rio, para protestar contra a lentidão do processo. Bravo, mas triste. O ideal seria que nenhum deles tivesse que fazer protesto para que a Justiça fizesse sua parte. O ideal seria que a história vascaína fosse respeitada. O vencedor poderia sim ser Eurico Miranda. Mas que o fosse sem sombra de dúvidas, respeitando o estatuto do clube, os sócios, a instituição Vasco.

Talvez seja pedir demais. Infelizmente, o futebol é um reflexo perfeito do Brasil como um todo. Foi o Vasco mas podia ser com qualquer outro clube ou federação. O país todo é uma grande pizzaria. E os vascaínos, engasgados, saboreiam uma pizza de bacalhau.
*****
O protesto foi marcado pela distribuição de uma “carteirinha de sócio” (foto) e por uma versão de uma das músicas mais cantadas pelos torcedores do Vasco nas arquibancadas. A letra segue abaixo:

"Vou torcer para o Eurico ir para prisão
Roubou o Vasco, muito ladrão
Eurico, você envergonha a nossa história
Com o seu bando, tudo escória
Contra o Dinamite, roubou geral
Mas que vergonha, cara-de-pau".

Foto: MUV

domingo, novembro 11, 2007

Corinthians grande

Corinthians é time grande e com time grande, não se brinca

O Corinthians está longe de ser um grande time. E isso fez com que muita gente parece esquecesse uma coisa: o Corinthians é time grande. E time grande, grande de verdade, jamais deve ser desrespeitado.
Sou daquelas que acham que time grande já nasce com essa vocação. Seja por conjunção astrológica, por sorte ou por destino, a grandeza já está ali, no gene. E isso já bastaria, em minha humilde opinião, para que o respeito existisse.
Porque esse gene garante o “algo mais” que não se explica. Esse gene contraria estatísticas, derruba favoritos. Esse gene reverte adversidades e garante uma linhagem de fatos heróicos. Esse gene é capaz de ser mais forte que todo sangue ruim de dirigentes corruptos. Esse gene é capaz de unir em família milhões e milhões de torcedores. Esse gene desperta guerreiros. Esse gene, o Corinthians tem.
Que ninguém se engane: o time grande tem capacidade de escrever sua história e seu destino, conduzindo-os, comandando-os. O time grande vive de épicos e epopéias. E o time grande nunca é derrotado por antecipação.
Foto: Thiago Bernardes/UOL

segunda-feira, novembro 05, 2007

Perdendo a chance de (não) ficar calado


Na hora do "vamos ver", é com essa cabeça que pensam os dirigentes brasileiros


Há algum tempo, ouço aqui e ali que o São Paulo está à frente no futebol brasileiro. “Tem outra visão, é bem administrado”. “É todo voltado para o marketing”. Verdade. Não vou aqui tirar os méritos do clube paulista. Mas tenho minhas dúvidas se o Tricolor do Morumbi difere-se tanto assim dos outros clubes e se pensa assim tão avançado quanto decanta. E essa balela de ser ou não o primeiro pentacampeão brasileiro mostra bem isso.

Para quem pretende ser bastião da modernidade e do profissionalismo do futebol no Brasil, o São Paulo deu uma tremenda bola fora. Não reconhecer que o Flamengo é sim, o primeiro pentacampeão brasileiro, é render-se ao atraso, ao futebol virada de mesa, ao amadorismo. É deixar-se enquadrar na Lei de Gérson. É descumprir a palavra dada – e assinada – já que, em 1988, o atual presidente são-paulino não só reconheceu o título rubro-negro no ano anterior, como ainda assinou embaixo. E que não seja dito que “o São Paulo só está agindo assim porque a CBF não reconhece a Copa União”. Porque há tempos, este mesmo São Paulo faz entender que não anda ao lado da CBF.

Sim, o clube que anda à frente perdeu uma chance e tanto de mostrar-se grandioso. E que fique claro aqui que ser grandioso é algo bem diferente de ser grande. O São Paulo perdeu a chance de não ficar calado. Mas calou-se. E dessa forma mostrou que não é, em essência, muito diferente de tudo que caracteriza o futebol brasileiro. Pode ter uma roupagem melhor, mais disfarçada. Mas ainda veste com gosto o pensamento roto e esfarrapado dos que querem levar vantagem em tudo.

domingo, outubro 28, 2007

Estamos em obras...

Em nome dos meus cinco leitores e também para comemorar - com um mês de atraso - o aniversário deste blog, em breve o "Sem Salto Alto" vai estar com novo visual. Tá quase pronto... Aguardem!

quinta-feira, outubro 18, 2007

A consagração

Ricardo Izecson dos Santos Leite. Para o futebol, para a bola, simplesmente Kaká. Na Seleção, é o sete. No Milan, o camisa 22. No mundo, o número um.

Não sei o que vai determinar a eleição de melhor jogador da Fifa este ano. Mas não vai mudar o fato de que Kaká é sim, o melhor na atualidade. Confesso que não via nele nada mais que um bom jogador quando começou. Queimei a língua e digo isso até com certo orgulho. Fosse ele unânime desde o início, talvez não chegasse onde está.

Os dois gols no Maracanã ajudaram a construir a goleada brasileira contra o Equador. E ajudaram a construir o coro “Ah, melhor do mundo” no estádio. Coro unânime. Foi a consagração de um jovem jogador. Foi a consagração de um grande craque.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Sem gols, sem graça, sem futebol...

Domingo teve futebol na telinha. Estréia da Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa de 2010. E a partida se encaixou como luva na programação dominical da TV aberta: foi ruim do começo ao fim. Parecia até novela: alguns nomes de peso atuando, mas sem conseguir anular a grande baboseira que serve como pano-de-fundo. O placar foi injusto. O zero a zero não dimensiona o quanto doeu nos olhos assistir ao jogo. Se fosse possível, "menos um a menos um" seria o resultado ideal.

O futebol do Brasil foi pequeno. Futebol-anão, para ser mais exata. Como o Atchim, o Dengoso, o Feliz, o Soneca, o Mestre, o Zangado e claro... O DUNGA.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Raio-X dos indicados da Fifa

Riquelme: único dos indicados que atuou na AL em 2006/2007

Esta semana saiu a lista dos 30 indicados ao prêmio de melhor jogador do mundo pela Fifa. Na eleição, votam os técnicos e capitães das seleções. Os indicados são: Buffon; Cannavaro; Cech; Cristiano Ronaldo; Deco; Drogba; Essien; Eto'o; Gattuso; Gerrard; Henry; Juninho Pernambucano; Kaká; Klose; Lahm; Lampard; Márquez; Messi; Nesta; Pirlo; Ribéry; Riquelme; Ronaldinho; Rooney; Terry; Tevez; Thuram; Torres; Van Nistelrooy e Vieira.

Alguns dados sobre a lista são interessantes:

* A Itália é o país com mais jogadores indicados (total de cinco). Em seguida, aparecem França e Inglaterra (quatro indicados cada). A Espanha é boa em comprar, mas não em formar craques: só um espanhol está na lista.

* Em relação aos países onde os listados atuam, Espanha e Inglaterra lideram, com dez jogadores cada. A Itália aparece com seis. Alemanha (três indicados) e França (um indicado) completam a lista. Vale lembrar que os campeonatos espanhol e inglês são os dois mais ricos do planeta, com os clubes que mais arrecadam.

* Já em relação aos clubes, o Barcelona é a casa de sete dos 30 indicados. O milionário Chelsea aparece em segundo com cinco e o Milan é o terceiro com quatro (incluindo o favorito Kaká).

* Há dois goleiros, cinco zagueiros, um lateral, doze meias e dez atacantes na lista.

* Menção honrosa para o argentino Juan Román Riquelme. Ele é o único que conseguiu entrar na lista mesmo atuando a temporada 2006/2007 num clube da América do Sul (Boca Juniors).

segunda-feira, outubro 08, 2007

Parece brincadeira...

Abre o olho, Botafogo!
Seria engraçado, se não tivesse pretensão de ser sério. Seria um curioso episódio do futebol amador se não tivesse acontecido na Era (dita) Profissional. Seria surpreendente para qualquer clube. Menos para o Botafogo. E o que seria impensável, tornou-se plausível: menos de dez dias depois de ter sido demitido, o técnico Cuca reassumiu o cargo.

Na sexta-feira (05/10), Carlos Augusto Montenegro já dizia que o recém-demitido treinador poderia voltar ao cargo em 2008. Mas eis que o Botafogo entra em campo no sábado, perde em casa para o Santos e no domingo, os dirigentes encontram a solução mágica: sai Mário Sérgio, entra Cuca.

Não vou discutir a postura do Cuca. Mário Sérgio, que virou bola da vez antes do previsto, já desancou o ex-atual técnico botafoguense, taxando-o de antiético. Mas o que dizer dos dirigentes do Botafogo? O que dizer da falta de planejamento, das decisões tomadas no calor dos acontecimentos, da ausência de profissionalismo e do desrespeito – aos torcedores, aos dois técnicos, ao próprio clube (que com certeza, deve ficar com o ônus das rescisões e contratações-relâmpago)?

Errar é humano, reconhecer o erro é nobre. Mas para tudo há limite. Se Cuca era o homem certo para comandar a equipe alvinegra, por que saiu? Porque era preciso entregar uma cabeça na bandeja? Porque não podiam demitir o time que entrou e entregou o jogo na Argentina? E se Mário Sérgio era um nome tão errado assim, se tinha tão pouca capacidade de assumir o time, porque não contrataram logo uma baiana de escola de samba para ser técnica? Só assim a atitude dos dirigentes do Botafogo fosse aceitável. Ou nem assim...

O mais certo disso tudo é que esses dirigentes vão passar e o Botafogo vai ficar. Bem como este fato ficará registrado na história do clube e do futebol, naquele capítulo reservado aos fatos ridículos do esporte bretão. Aquele, onde estão registrados episódios como os três pênaltis perdidos num só jogo pelo Palermo, o papelão do chileno Rojas, os três rebaixamentos seguidos do Fluminense e por aí vai.
Foto: Enrique Marcarian/Reuters

domingo, setembro 23, 2007

Fazendo o canguru-perneta

Meninas do Brasil: o céu é o limite
Verdade que o Brasil fez 2 a 0 e cedeu o empate. Verdade que a Austrália foi melhor boa parte do 2º tempo. Verdade que a zaga falhou e deu um gol para as adversárias. Mas a verdade também que em nenhum momento, as brasileiras perderam a cabeça ou deixaram de jogar futebol.

Valeu por tudo: pelos gols sofridos (sim, detesto essa coisa de ter a defesa zerada, tomar um golzinho só e voltar para casa); valeu pelo teste psicológico (abrir vantagem, perdê-la e sair novamente para fazer o resultado) e claro, valeu pela vaga na semifinal.

Agora, restam quatro equipes: a Noruega, a Alemanha, os EUA e o Brasil. Brasil, único time dos quatro que ainda não foi campeão mundial feminino. Brasil, de Marta, Cristiane, Formiga, Renata Costa, Andréia. Brasil, pronto para fazer história. Brasil que fez o canguru-perneta e bateu a Austrália por 3 a 2. As americanas são as próximas adversárias. E Deus queira, as próximas vítimas... Vai Brasil!


Foto: Fifa/Foto-net

A insônia de Carlos Alberto

 Carlos Alberto: a culpa é da insônia? Carlos Alberto: a culpa é da insônia?


Na minha escavação diária por notícias de futebol aqui e acolá, me deparei com a matéria “Noites sem sono de Carlos Alberto perturbam o Werder Bremen”, no UOL. Li com atenção e vi que o ex-meia do Fluminense foi afastado do grupo do seu clube atual por problemas de insônia. Sem conseguir dormir direito, o jogador – que foi a contratação mais cara da história do Werder Bremen, ao custo de € 8,5 milhões – não está rendendo em campo o que os dirigentes alemães esperavam e será encaminhado para especialistas para resolver isso.

Não vou falar sobre o diagnóstico ou discutir as possíveis causas da falta de sono dele para não ser leviana. Mas a notícia me causa surpresa sim. Porque há muito tempo, Carlos Alberto dorme. Em campo.

Apontado como revelação e craque já nos primeiros jogos como profissional no Tricolor carioca, Carlos Alberto foi incensado por torcedores e pela imprensa desde cedo. E talvez por isso, achou-se no direito de sentir-se maior do que de fato é. Podem até listar os títulos que ele conquistou. Para mim, nem sempre quer dizer muito – basta dizer que Zico não tem uma Copa do Mundo no currículo e o Vampeta tem.

Ele foi para o Porto e não mostrou serviço. Culparam a adaptação. Repatriado pelo Corinthians/MSI, foi campeão brasileiro muito mais às custas de Tevez e Nilmar que por seu próprio brilho. Voltou ao Fluminense (campeão da Copa do Brasil em 2007), mas o tricolor jogava melhor quando ele não jogava. Carlos Alberto dormia em campo. Foi bastante vaiado. Só acordava para correr na ponta dos pés como uma bailarina que se arrisca a jogar bola; mas não bailava. Tocado, caía já olhando para o juiz e xingando meio mundo. Craque como acha que é, deve pensar que as defesas tinham obrigação de se abrir diante dele como o Mar Vermelho abriu para Moisés. Tentava jogadas de efeito, como se o passe objetivo – mas bem feito – fosse algo menor. Passou a se preocupar mais com a variação de penteados e menos com a variação de jogadas e a evolução do seu futebol.

Daí meu espanto ao ver que o Werder Bremen se preocupa em fazer Carlos Alberto dormir. Eu já acho que o melhor que ele faz é acordar. Acordar para a vida, para a carreira, para as oportunidades. Acordar do sonho de achar que é um craque, quando é – no máximo – um bom jogador. Acordar antes que caia da cama e se transforme num novo Roger: um meia que também despontou no Flu, foi apontado como craque e ainda hoje, aos 29 anos, não passa de uma “promessa”.
Foto: Gazeta Online

quinta-feira, setembro 20, 2007

A três passos do paraíso


A três passos de um sonho. Vamos lá, Brasil!

A China está sediando a Women World Cup. E lá, as meninas da Seleção Brasileira estão revivendo o melhor do futebol-arte, da vontade, da raça, da técnica. Logo elas, que recebem pouco ou nenhum apoio aqui dentro, fazem o que os homens têm esquecido de fazer há algum tempo: vestir a amarelinha com orgulho e alegria.
Com campanha irretocável - três jogos, três vitórias (sendo duas por goleada) - elas se classificaram para a fase mata-mata. Agora, nas quartas-de-final, enfrentam a Austrália. Estão a três passos de realizar o sonho de conquistar o primeiro mundial para o Brasil. Vou torcer muito - como há muito tempo não faço - para que esta Seleção fique com o título. Boa sorte, meninas!
Imagem: montagem/reprodução do site da Fifa

quarta-feira, setembro 19, 2007

Abre o olho, Felipão

Felipão agride jogador sérvio
Além de Portugal não fazer boa campanha nas Eliminatórias da Eurocopa (a equipe portuguesa está em terceiro no Grupo A e apenas os dois primeiros se classificam), o filme do brasileiro ficou bem chamuscado quando o brasileiro deu um soco no zagueiro sérvio Dragutinovi, no empate entre Portugal e Sérvia, em Lisboa. A agressão deve ser punida pela Uefa. Completando o cenário, José Mourinho (polêmico, mas considerado um dos melhores técnicos do mundo) está fora do Chelsea após desgastes e cobranças por resultados.

Eu, como Deus, não jogo com dados e não acredito em coincidências. A frase aparece no filme "V de Vingança", dita pelo personagem principal. Mas eu concordo com ela. E por isso mesmo, digo: abre o olho, Felipão! Não duvido nada que Mourinho surja no comando da seleção de Portugal.
Foto: AP

Fair play em dois atos



Enquanto por aqui, na “Terra do Futebol-Arte”, o assunto do momento é discutir se a foca do Kerlon deve ou não ser morta a pauladas (com direito a declaração do zagueiro Luiz Alberto, dizendo que ‘arregaçaria o atacante’ e pegaria a bola, ainda que para isso tivesse que dar golpes de capoeira e pegar bola, cabeça e tudo), lá na Inglaterra, duas equipes deram uma lição prática de fair play.

Tudo porque, há três semanas, o jogo entre Nottingham Forest e Leicester City, válido pela Copa da Liga Inglesa, precisou ser suspenso porque o zagueiro Clive Clarke, do Leicester, sofreu um problema cardíaco. A partida foi interrompida quando o Nottingham vencia por 1 a 0, mas ainda assim, ninguém do clube hesitou em suspender a partida visando o bem-estar do atleta adversário. Foi o primeiro ato da lição prática de fair play.

Mas o grande ato ainda estava por vir. Partida remarcada, o Leicester City achou justo deixar o adversário marcar um gol no início da nova partida, restaurando o placar de 1 a 0. Para evitar qualquer suspeita de manipulação de resultados em sites de apostas, os dois clubes acertaram que o goleiro Paul Smith, do Nottingham, marcasse o gol. O lance é bastante inusitado, principalmente porque Smith chega a cumprimentar e ser felicitado pelos adversários enquanto caminha com a bola para abrir o placar.

O Leicester acabou vencendo por 3 a 2 de virada. Mas cá entre nós: em tempos de tanta brutalidade – no futebol e no mundo – penso que o clube sairia vencedor mesmo que não conseguisse virar o placar.

sexta-feira, agosto 31, 2007

Será que valeu?

A Fifa enviou nesta sexta (31/08), um fax à CBF, no qual avisa que vai impetrar um recurso no Tribunal Arbitral do Esporte, na Suíça, contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que decidiu pela absolvição de Dodô no caso de doping pela substância femproporex. A decisão foi tomada a pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada), que pediu à entidade máxima do futebol uma investigação para explicar os motivos pelos quais Dodô foi absolvido mesmo tendo tido resultado positivo no exame antidoping.

O Botafogo (e principalmente, Dodô) que se cuidem. Isso porque a estratégia do clube que, segundo tenho visto em algumas reportagens do jornal “Extra” não foi lá das mais transparentes, pode não só prejudicar, como pôr fim à carreira do jogador. Se a pena do código brasileiro era de no máximo 120 dias de afastamento dos campos, a da Fifa e a da Wada prevê até dois anos de suspensão. Já seria ruim para um jogador novo, mas para um atleta de 33 anos, pode ser o fim da linha. Será que valeu a pena o “jeitinho brasileiro” do Botafogo neste caso?

O show vai começar (de novo)

Sorteio dos grupos da Liga dos Campeões 2007/2008
Depois da fase preliminar, vai começar a fase quente da Liga dos Campeões 2007/2008. Nesta quinta (30/08), em cerimônia realizada em Mônaco, a Uefa realizou o sorteio dos grupos. A competição começa dia 18 de setembro e termina 21 de maio, quando acontece a final no Estádio Luzhniki, em Moscou. São oito grupos com quatro equipes; os dois primeiros seguem adiante; os terceiros colocados entram na Copa da Uefa.

GRUPO A: LIVERPOOL, PORTO, OLYMPIQUE DE MARSELHA E BESIKTAS

GRUPO B: CHELSEA, VALENCIA, SCHALKE 04 E ROSENBORG

GRUPO C: REAL MADRID, WERDER BREMEN, LAZIO E OLYMPIACOS

GRUPO D: MILAN, BENFICA, CELTIC E SHAKHTAR

GRUPO E: BARCELONA, LYON, STUTTGART E GLASGOW RANGERS

GRUPO F: MANCHESTER UNITED, ROMA, SPORTING E DÍNAMO DE KIEV

GRUPO G: INTERNAZIONALE, PSV, CSKA E FENERBAHÇE

GRUPO H: ARSENAL, SEVILLA / AEK, STEAUA BUCARESTE E SLAVIA PRAGA (**)

* Em vermelho, estão os cabeça-de-chave.

** Falta a definição da última vaga do grupo H, entre Sevilla e AEK.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Belas homenagens

A morte de Puerta protagonizou belas cenas de solidariedade, que poderiam servir como emblema, por exemplo, para as torcidas organizadas no Brasil (todas adversárias entre si, mesmo quando são do mesmo clube). Dirigentes, jogadores, técnicos e torcedores de outras equipes adversárias do Sevilla se solidarizaram com a dor do clube e da família. E deixaram a rivalidade de lado.


Rivalidade à parte, torcedores do Sevilla e do Bétis lamentam a morte de Puerta.

Inter e Barça entraram em campo com a camisa de Puerta, no Troféu Joan Gamper.

Fotos: EFE / Reuters

Triste (e interminável) repetição

Em jornalismo, quando uma notícia é “quente” ou interessante o suficiente para render desdobramentos e matérias relacionadas ao assunto, acontece a “suíte” (termo que designa exatamente este tipo de matéria, feita para remeter ao que já foi tratado ou acrescentar novos fatos). No caso da morte do jogador Puerta, era inevitável que o tema rendesse na mídia: a repercussão da morte, a cobertura do enterrro etc.
Mas nesta quarta (29/08), dia seguinte do falecimento do lateral do Sevilla, outro jogador de futebol teve parada cardíaca e morreu. Desta vez foi o zambiano Chaswe Nsofwa, do Hapoel Beersheba (1ª divisão de Israel). Isto porque ainda ontem, na partida entre Nottingham Forest e Leicester, pela Copa da Liga Inglesa, o jogador irlandês Clive Clarke desmaiou no vestiário durante o intervalo. Foi necessário uso de desfribilizador e o jogo foi suspenso.
Matéria do Globoesporte.com diz que a Fifa vai exigir a construção de uma sala para reanimação de atletas em todos os estádios onde serão realizadas partidas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2010. Mas que não fique por aí... Porque a causa de acontecimentos desse tipo estarem sendo tão freqüentes não pode ser mera fatalidade.

terça-feira, agosto 28, 2007

Triste repetição

Sevilha de luto
Sevilla de luto pela morte do jovem Puerta


A Espanha (e o mundo do futebol) choram hoje pela morte prematura do jogador Antonio Puerta. O lateral-esquerdo do Sevilla tinha 22 anos e faleceu nesta terça (28/08) em decorrência de encefalopatia e de falência múltipla dos órgãos, males causados por conta da perda de oxigênio no cérebro provocada por parada cardíaca. Ele passou mal ainda em campo, na partida contra o Getafe.


Sim, a morte de Puerta foi prematura. Mas não sei se pode ser classificada de “inesperada”, tamanha a freqüência de jogadores que têm morrido em campo ou logo após saírem dele. A memória bem recente traz nomes como o de Serginho (São Caetano), Marc-Vivien Foé (Camarões), Miklos Fehér (Benfica) e do brasileiro Lima (Dempo, da Índia). Uma triste repetição que talvez seja resultado direto do futebol que privilegia tanto a parte física e o esforço contínuo do corpo durante as partidas. Basta olhar um jogo da Copa de 70 (referência do futebol-arte) e um qualquer na atualidade. A cadência é completamente diferente; parece até que o campo encolheu e o número de jogadores aumentou. Sem contar o grande número de partidas do calendário.
Sem dúvida, os métodos de preparação física mudaram, melhoraram, foram aperfeiçoados. Mas o corpo humano continua tendo limites. Mesmo para jovens e esportistas como o talentoso (e já saudoso) Puerta.
Imagem: Reprodução - Site Sevilla

Índice Edílson

A economia tem diversos índices que refletem como anda o mercado monetário. O futebol, a meu ver, também tem os seus. E a julgar por eles, o futebol brasileiro já teve dias melhores.
Um fator que tão bem indica isso é o que batizei de “Índice Edílson” (em homenagem à mais “nova” contratação do Vitória em sua tentativa de voltar à Série A). Já algum tempo, os clubes brasileiros – e não só da Série B – anunciam jogadores “veteranos” como se fosse estes fossem a última Coca gelada do planeta. Como se anunciassem que tiraram um Ronaldinho Gaúcho ou um Kaká do plantel de uma grande equipe européia. Foi assim com Vampeta, no Corinthians; com Petkovic, no Santos; com Edílson, no Vitória. E não deixa de ser assim também com Romário, no Vasco. A estratégia parece refletir algumas causas: desespero (o veterano chega sempre como salvador ou como o grande elemento para desequilibrar jogos); miopia gerencial (o dirigente acredita que um grande nome, ainda que em decadência física e técnica, pode melhorar o humor da torcida); franca decadência de um futebol que parece ter cada vez mais orgulho de ser mero produtor e exportador de talentos; pouco planejamento a médio/longo prazos. Resumindo: falta de seriedade, profissionalismo e até irresponsabilidade com o patrimônio alheio (sim, porque um clube não pertence aos dirigentes, por mais que estes pensem o contrário).
E o pobre futebol brasileiro fica assim, do jeito que a gente anda vendo: sem nenhuma estrela com brilho real, escravo de estrelas cadentes (e de pessoas que ficam fazendo pedidos a elas, enquanto o rastro de luz fica para trás). Ou alguém por aí vê algum camisa 10 que realmente seja 10?

*****

Não por acaso, matérias como a do jornal “O Globo”, no último domingo, têm aparecido com freqüência. O título traduz a penúria do nosso futebol: “Procura-se o craque do Brasileiro”. Bom, ele com certeza existe... Mas deve ter ido para algum clube da Europa antes de completar 20 anos.
O Globo questiona onde está o craque do Brasileirão
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Aliás, nada mais sintomático sobre Edílson do que seu próprio site oficial. Lá, ele ainda aparece como “Capetinha da Gávea”. Então tá...

O 'atualizado' site de Edílson

segunda-feira, agosto 20, 2007

Gols de letras

Depois do futebol, os livros são a minha maior paixão. E quando essas duas paixões se unem, acabo reservando espaço na minha estante para os novos títulos. Este ano tem Bienal do Livro aqui no Rio e já tenho três publicações na mira:

A Dança dos Deuses
Autor: Hilário Franco Júnior
Editora: Companhia das Letras
O autor já ganhou dois Prêmios Jabuti e é professor aposentado de história social na USP. Hilário Franco Júnior é historiador especializado em Idade Média. Em seus estudos, viu que quase tudo o que existe agora teve sua origem no mundo medieval. Daí a necessidade de estudar o passado como forma de entender o presente. E ele faz isso com o futebol. O livro está dividido em duas partes: uma histórica e outra analítica. As páginas pretendem mostrar que o futebol não pode ser dissociado da história geral das civilizações, servindo ainda de metáfora sociológica, religiosa, psicológica, lingüística etc.

Jogo Duro
Autor: Ernesto Rodrigues
Editora: Record
Ernesto Rodrigues já tem experiência em escrever biografia de uma personalidade do esporte (a primeira foi “Um Herói Revelado, do inesquecível Ayrton Senna). E encarou a missão de escrever a biografia de João Havelange. Realizou cerca de 24 horas e meia de entrevistas com o presidente de honra da FIFA e faz questão de frisar que Havelange o ajudou, mas aceitou a autonomia do autor em relação ao que seria escrito. Uma boa pedida para quem gosta de entender o lado político do futebol.

Invasão de Campo
Autor: Barbara Smit
Editora: Jorge Zahar

Este livro tem até slogan “Três listras, dois irmãos, uma briga”. A obra conta a história dos irmãos Adi e Rudolf Dassler, que na década de 20 revolucionaram a indústria de calçados ao criar uma empresa voltada somente para linha esportiva. A empresa? É só unir o nome Adi + as três primeiras letras do sobrenome dele: Adidas. O que poderia ser um sucesso em família virou ressentimento, briga e traição. A sociedade acabou e da separação surgiu outra empresa de artigos esportivos: a Puma. É de fazer babar quem gosta de marketing esportivo, futebol e histórias de bastidores que simples mortais como nós não temos acesso.
Imagens: Divulgação/Editoras

sexta-feira, agosto 10, 2007

Superleague Formula: o futebol invade as pistas

Webb e Andreu: criadores da categoria que une automobilismo e futebol

“Dois grandes esportes, um campeonato emocionante”. Com esse conceito, o espanhol Alex Andreu e o inglês Robin Webb criaram a Superleague Formula, um campeonato que une o automobilismo e o futebol. Andreu é especialista em marketing que desenvolveu projetos de mídia e programas de divulgação para os Jogos Olímpicos de Barcelona, a Liga Espanhola de Futebol, a Seleção Espanhola, a FINA, a FIFA e a UEFA. Já Webb é um executivo financeiro conhecido pelas experiências e investimentos nos esportes motores. A idéia dos dois – genial, na minha opinião – é simples: no lugar das escuderias como Ferrari ou Williams, entram times de futebol.

O design dos carros é feito com as cores dos clubes participantes e segundo pesquisa realizada pelos criadores da categoria, vai atrair tanto os apaixonados por esportes motores quanto torcedores de futebol. Lançada em abril, a Superleague já conta com a participação do Milan, do Anderlecht, do Borussia Dortmund, do PSV Eindhoven, do Porto e do Olympiacos, além do Flamengo, que acertou a participação no campeonato no último dia 08, apresentando o modelo do carro rubro-negro em coletiva na Gávea.

Na primeira temporada em 2008, a Superleague Formula terá seis etapas na Europa, com previsão de crescimento para 2009. Todos os carros serão fabricados pela mesma empresa para garantir a igualdade na disputa e terão cerca de 750 cavalos de potência. O que vai fazer diferença mesmo é o piloto – e quem sabe, a força de cada torcida. Esse é o tipo de carrinho que todo amante do futebol gosta de ver e que juiz nenhum pode sequer um cartão amarelo.

Foto: Divulgação / Superleague Formula

quarta-feira, agosto 08, 2007

A teoria...

(...) “Dependerá do presidente (Ricardo Teixeira) perceber que ele não é dono da Seleção. Ela é do povo. Se os torcedores me quiserem de volta, estarei disponível”.

A frase é do atacante Ronaldo ao jornal “La Gazzetta Dello Sport” e na entrelinha, revela o desejo de retornar a vestir a camisa amarela. Nem tanto na entrelinha, o Fenômeno mostra ainda que não engoliu as críticas de Teixeira, publicadas no Estadão, a respeito do comportamento dos jogadores e da má-forma física do atacante na Copa de 2006.

“Em 2002, quando fomos pentacampeões, ele (Ricardo Teixeira) foi o primeiro a levantar a taça. Agora, ele não pensa duas vezes em nos criticar. A questão do peso nunca foi problema”.

Na teoria, Ronaldo está coberto de razão. Mas na prática...

A prática...

Ronaldo: vontade de estar na Seleção Ronaldo: vontade de estar na Seleção


Na prática, há muito tempo a Seleção Brasileira não é do povo. É dos patrocinadores, da empresa que negocia os amistosos da equipe e claro, de Teixeira & Cia, que em julho foi reeleito para mais uma mandato e permanece lá, na CBF, desde 1989. Às vezes, nem dos patrocinadores, como é o caso da Vivo, em pé-de-guerra com o comando da entidade (consulte post sobre o assunto).

Essa mesma Seleção não joga em seu próprio país desde 25 de abril de 2005, quando Romário despediu-se da amarelinha contra a Guatemala.

Na teoria, Ronaldo está certo; a Seleção Brasileira devia ser mesmo dos quase “190 milhões em ação”. Só que a prática revela que, infelizmente, os únicos “milhões em ação” que fazem o movimento “pra frente Brasil” são milhões de dólares (e não mais de corações).

Foto: EFE/UOL

segunda-feira, agosto 06, 2007

Nike x Pirataria

Linha Kick Off, da Nike: camisas originais, com preço mais acessível.
Linha Kick Off, da Nike: camisas originais, com preço mais acessível.


A iniciativa vinha sendo decantada há algum tempo, mas não tinha saído da gaveta. Agora, finalmente aparece nas lojas uma boa iniciativa não para combater – papel destinado às autoridades – e sim para concorrer com a pirataria.

A Nike lançou a “Kick Off”, camisa produzida pela empresa com design igual ao do uniforme utilizado em campo. Alguns detalhes são diferentes: o escudo (que na camisa dos jogadores é bordado e na linha Kick Off é feito em silk) e o tecido (em vez do moderno dri-fit da primeira, a segunda é feita de poliéster). Mas a grande diferença mesmo aparece no bolso: as camisas da linha Kick Off são, em média, 60 reais mais baratas que a camisa utilizada em campo. São vendidas a menos de 80 reais. Concordo que o preço ainda é salgado para a maior parte dos orçamentos no Brasil. No entanto, a iniciativa é boa porque abre caminho para a criação de alternativas que promovam a inclusão do torcedor comum no mercado de consumo do futebol. E, por tabela, gerem mais renda para os clubes brasileiros.

Flamengo e Corinthians, patrocinados pela Nike e donos das duas maiores torcidas do país, já têm camisas com preços mais populares. Será que a moda pega?

quarta-feira, agosto 01, 2007

Ricardo Teixeira e Sun Tzu

A queda do Brasil em 2006 começou na omissão da CBF


A cúpula da CBF está na Suíça, em virtude da entrega do caderno de encargos da candidatura do Brasil como sede da Copa de 2014. E foi de lá que Ricardo Teixeira soltou o verbo contra uns e outros a respeito da derrota brasileira na Copa da Alemanha. Entre as principais declarações do dirigente, que pincei da matéria do UOL, destacam-se:

“Tinha jogador que chegava entre 4 e 6 da manhã bêbado".

"Era óbvio que aquilo (as badalações dos jogadores e poucos treinos) não ia funcionar. Como é que ninguém via isso?".

"Como é que um atleta (Ronaldo) pode chegar a uma Copa pesando 98 quilos? Eu tenho quase isso e não sou atleta".

"Por isso é que eu preciso de disciplina e esse é o papel de Dunga”.


Não sei se Ricardo Teixeira gosta de ler. E se gosta, se algum dia folheou ou realmente parou para ler a obra “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu. O livro foi escrito há mais de 2.500 anos e tem treze capítulos, que abordam eventos e estratégias úteis para uso em um combate. Seja ele na vida profissional, na vida pessoal, na guerra mesmo ou... no futebol. E no décimo capítulo temos o trecho:

“Um general deverá saber as seis situações que apontam a derrota de um exército: quando os soldados fogem, quando eles possuem disciplina negligente, quando o exército está deteriorado, quando se desmorona sob a insurgência, quando é desorganizado e quando foi derrotado. Nenhuma destas situações é conseqüência de catástrofes naturais, elas são decorrentes das falhas dos comandantes”.

Eu nem precisaria ter lido isso para ter uma certeza: se o Brasil perdeu em 2006, não foi culpa dos jogadores que chegavam bêbados pela manhã; nem da badalação em torno deles. Também não foi culpa da falta de pulso de Parreira, nem das gordurinhas de Ronaldo. Parreira estava lá como empregado da CBF e os jogadores, a serviço da mesma. E ninguém pode ser mais culpado e mais errado que Ricardo Teixeira, que comanda a entidade. Culpado de omissão, de conivência e de negligência pela falta de atitudes para mudar o que estava errado. Sem falar da ausência de ética de tocar no assunto agora e da forma que foi feito. Bem que eu queria Sun Tzu na presidência da CBF...
Foto: Reuters

domingo, julho 15, 2007

Férias Sem Salto Alto

Assim como essas arquibancadas, este humilde blog vai ficar vazio um tempinho... Assim como essas arquibancadas, este humilde blog vai ficar vazio um tempinho...


Até o dia 29 de julho, não vou colocar novos posts do blog por estar envolvida com o Rio 2007. Terminando o Pan, eu volto a tocar minha bolinha por aqui. Sem Salto Alto, é claro...

O futebol tem dessas coisas...

 Julio Baptista abre o placar e agradece: a vitória caiu do céu Julio Baptista abre o placar e agradece: a vitória caiu do céu

O futebol, ah, o futebol! Imprevisível como sempre... Ou alguém aí realmente tinha certeza dessa vitória, ainda mais com esse placar?
Foto: UOL


segunda-feira, julho 09, 2007

Há coisas que só acontecem ao Botafogo...

O artilheiro Dodô: afastado temporariamente
Não consegui escapar ao clichê. Foi inevitável recorrer à máxima popular, que garante um certo “fardo” ao Botafogo. O que dizer do resultado do exame antidoping que suspendeu ninguém menos que Dodô por pelo menos trinta dias?
O time alvinegro não é um esquadrão. Só que em 2007 é, sem dúvida, o que tem mostrado melhor futebol. Joga certo, com aplicação tática e coletividade. A defesa é segura; o meio-campo, equilibrado e habilidoso; o ataque é rápido e eficiente. Mas não se pode dizer que tem tido sorte. Foi assim nas finais do Carioca, quando teve chances de botar as mãos no título e não o fez. Resultado: perdeu o caneco numa decisão por pênaltis para o arqui-rival Flamengo. Na Copa do Brasil, estava ganhando do adversário quando perdeu para a arbitragem. Ganhou a pecha de “não saber decidir”. Veio o Brasileiro e pela regularidade, a equipe de Cuca abriu vantagem na tabela. Está vencendo e convencendo, ainda invicta. E neste momento, exatamente neste momento, perde seu principal jogador.
Sem dúvida, o clube moverá montanhas para ter o atacante de volta aos gramados logo. Mas até (e se) conseguir, será que a equipe vai manter o desempenho? A resposta eu não sei. O gênio Nélson Rodrigues, grande homenageado da Flip, já dizia: “Ponham uma barba postiça num torcedor do Botafogo, dêem-lhe óculos escuros, raspem-lhe as impressões digitais e ainda assim, ele será inconfundível. Por quê? Porque há, no alvinegro, a emanação específica de um pessimismo imortal”. Mas depois de enfrentar a falta de sorte e os erros de arbitragem, chegou a hora do Botafogo superar a si mesmo.
Foto: Globo.com

Dignidade palmeirense

Em reportagem do Globoesporte.com, li que o Palmeiras vai honrar até o fim o contrato do jogador Alemão, que faleceu em acidente automobilístico no último fim-de-semana. O atacante tinha contrato até 31 de janeiro de 2010 e Affonso Della Monica, presidente alviverde, garantiu que o clube não só pagará pelo compromisso como também ajudará a família em relação ao seguro de vida.

Atitude digna e louvável. Pena que não é regra. Que o diga a família do atacante Denner, que também morreu num acidente de carro no Rio de Janeiro. Até hoje, eles lutam na justiça para receber o seguro do atleta, que na época jogava no Vasco.

sexta-feira, julho 06, 2007

Reinventando a ponte

 O bom goleiro Bruno: destino incerto e nas mãos de 'negociadores' O bom goleiro Bruno: destino incerto e nas mãos de "negociadores"
Antigamente, ponte no futebol, era o nome dado a uma determinada maneira do goleiro fazer uma defesa. Se alguém preferir, é o “salto do goleiro, mais ou menos perpendicular à linha de gol, para defender bola chutada pelo adversário”, segundo definição do Houaiss. Ou então, uma forma mais “íntima” de fazer referência à Ponte Preta, de Campinas. Atualmente, a ponte que mais tem aparecido no futebol brasileiro é outra. Agora, a ponte da moda é formada pelos clubes brasileiros e empresários, com um único objetivo: conduzir os jogadores a negociações no exterior.
Exemplos não faltam: o goleiro Bruno, do (?) Flamengo é um. Desde sua chegada ao clube rubro-negro, empresários e dirigentes deixaram claro que o principal motivo do jogador ter ido para lá seria projetar-se no mercado e ser negociado para o exterior. Não por acaso, seu contrato expirou em junho, às vésperas da abertura da janela de negociações na Europa.Carlos Alberto, de malas prontas para o Werder Bremen, também exemplifica a situação. Saiu do Fluminense, foi para o Porto, não convenceu ninguém lá, foi comprado pelo MSI, repassado ao Corinthians, depois ao Fluminense. Chegou às Laranjeiras no início deste ano, jurando não sair tão cedo do lugar onde “seu futebol apareceu”. Dirigentes do tricolor carioca negavam uma possível saída do jogador no meio do ano. O que aconteceu? Os “investidores”, os donos do passe, bateram o martelo e lá se vai ele.

A ponte tem duas vias: uma, que coloca determinados jogadores em clubes maiores do Brasil, para servir de vitrine; a outra, repatria jogadores que, por um ou outro motivo, não estão sendo utilizados em times estrangeiros e que voltam com status de craque para jogar com mais regularidade, pegar tarimba e, na primeira oportunidade, o vôo de volta. O meia Íbson está prestes a usar essa via, voltando ao Flamengo (já que não vem sendo aproveitado pelo Porto) e com certeza, daqui a poucos meses, se envolvendo em mais uma negociação.

Só vejo dois motivos para os clubes brasileiros concordarem com tal prática. O primeiro é que tem muita gente – e não o futebol brasileiro – ganhando com isso. O segundo, talvez para disfarçar as mazelas do primeiro, é criar entre os torcedores a ilusão que seu clube tem um certo poderio frente ao mercado exterior.

Infelizmente, isso não existe. E situações assim, só deixam claro o quanto o futebol brasileiro ainda tem que melhorar para ser considerado realmente sério.

***

Os tempos são tão tristes que o jogador Ronaldo admitiu, à Agência Placar, que será muito difícil jogar pelo Fla. O motivo? Os interesses financeiros que determinam o destino dos jogadores.

- Sou torcedor do Flamengo desde criança. A torcida me quer jogando pelo clube, mas sinceramente não sei se um dia isso poderá acontecer – declarou o Fenômeno.

Triste, não?

Foto: Globoesporte.com