Site Meter Sem Salto Alto: 10/06/2007 - 17/06/2007

terça-feira, junho 12, 2007

Você liberaria?

O que você faria nesta situação:

“Você tem uma empresa, conhecida mundialmente por ser líder de mercado e estar sempre à frente dos adversários. Nos últimos quatro anos, apesar dos maciços investimentos recrutando profissionais de ponta, promovendo estratégias de marketing e lançando mão de ferramentas para ampliar a força da marca nos quatro cantos do mundo, os resultados não foram bons.
A empresa perdeu a liderança e passou a ser motivo de chacota, vendo alguns dos principais rivais triunfando. O ambiente era o pior possível e foi preciso cortar na carne: muitos profissionais contratados a peso de ouro precisaram ser mandados embora, a marca perdeu credibilidade. A retomada de mercado demorou, mas foi acontecendo. Os adversários, um pouco céticos quanto à uma possível reação, cometeram algumas falhas. E a reação veio. E agora uma outra empresa requisita – sem pagar um tostão por isso - um dos principais executivos que estão comandando essa reação. Diga-se de passagem, às vésperas de uma importante reunião, prestes a conquistar a liderança novamente. E a segunda empresa quer a ‘consultoria’ já, para uma reunião que vai acontecer daqui a treze dias. Para isso, quer o profissional agora, antes da mais importante reunião dos últimos quatro anos.
A pergunta é: se a empresa fosse sua, você liberaria esse funcionário tão importante?”

Quase posso ouvir daqui você dizendo não. Agora, outro exercício rápido: substitua o “mercado” em questão pelo mundo do futebol; a “empresa” pelo Real Madrid em jejum de quatro anos sem títulos; o “executivo requisitado” por Robinho; a importante reunião, pela decisão contra o Mallorca no próximo fim-de-semana; a “segunda empresa” (a requisitante) pela CBF; e finalmente, a "reunião daqui a treze dias" pela Copa América. No lugar do Real Madrid, você liberaria Robinho?

Enquanto isso, na Sala de Justiça...


A Justiça e o futebol fizeram duas tabelinhas:

1 – Segundo nota do Blog de Esportes do UOL, a Vivo ganhou, através de medida judicial, o direito de estampar sua marca nos uniformes de treino da Seleção Brasileira. Conforme eu tinha destacado no post “Patrocínio Morto-VIVO”, do último dia 01, a CBF havia substituído a marca da operadora pela da campanha da Copa de 2014. Apostas para o próximo round da briga?

A marca da Vivo voltou aos uniformes de treino da Seleção

A marca da Vivo voltou aos uniformes

2 – Outro imbróglio que teve vez nos tribunais foi entre a jornalista Milly Lacombe e o goleiro Rogério Ceni. O problema entre os dois começou quando ela acusou Ceni, em pleno Sportv, de ter falsificado uma assinatura para forjar uma negociação com o Arsenal. Na época, o goleiro ligou para o canal a cabo ao vivo, promovendo uma das maiores escovadas do jornalismo esportivo nos últimos tempos (confira o vídeo abaixo).Pois bem, ontem, a jornalista se desculpou com Ceni diante do juiz, em audiência que durou mais de quatro horas. Além disso, declarou que o respeitava como pessoa e profisional. Sempre ligada, a advogada Gislaine Nunes vai usar a declaração (feita na esfera penal) como prova para o processo na esfera cível, onde ela segue com o pedido de indenização de R$ 150 mil para o ídolo são-paulino. E da forma como foi, convenhamos, Ceni merece marcar mais esse gol.



Foto: Site CBFNews

segunda-feira, junho 11, 2007

Seleção? Não, obrigado...

 Seleção Brasileira: o que ela representa realmente na atualidade? Seleção Brasileira: o que ela representa realmente na atualidade?

Dida disse que não queria mais. Juninho Pernambucano idem. Kaká pediu dispensa. Ronaldinho Gaúcho também. Zé Roberto fez coro e também disse não. O objeto indesejado? A Seleção Brasileira. Imediatamente, surgiram vozes pregando o nacionalismo, o amor à camisa, a devoção incondicional à pátria de chuteiras.

Até quando vamos nos enganar? Se ainda mantém a importância no cenário mundial e a aura vitoriosa, a Seleção Brasileira deixou pelo caminho grande parte de sua mística. Mística que, no Dicionário Houaiss, aparece como “conteúdo de uma idéia, causa, instituição etc., ou a atmosfera ou aura de perfeição, verdade, excelência incontestável que as cerca, despertando nas pessoas respeito, adesão apaixonada, devotamento, sectarismo etc”. Vejam bem as palavras: causa; aura de perfeição; verdade; adesão apaixonada; devotamento. Quantas dela realmente se encaixam naquilo que a Seleção representa hoje?

Não cobrem de Kaká, Ronaldinho ou quem quer que seja um respeito à camisa. Cobrem de quem a tornou objeto de arrecadação desmedida, de quem fez dela um meio de barganha política ou plataformas pessoais. Cobrem de quem marcou amistosos caça-níqueis aos quatro cantos do mundo. Cobrem daquelas pessoas que convocaram jogadores que nunca fizeram jus à história desta camisa amarela e fizeram parecer que esta camisa era acessível a qualquer mortal com um bom empresário e uma boa influência nos bastidores. Cobrem de quem participou do escândalo da CPI da Nike e também de quem deixou que essas pessoas escapassem impunes.

Aliás, se a Seleção Brasileira ainda fosse “A” Seleção, jamais teríamos ouvido tantas teorias conspiratórias sobre a derrota de 98 (a maioria delas baseada em interesses comerciais). Não acredito nelas, mas sei que elas exprimem algo que ainda se nega quando o assunto é Seleção: o dinheiro fala mais alto. Ou há algum registro histórico de balela parecida a respeito da Copa de 50?

Não, não condenem quem pede para não jogar pela Seleção; condenem aqueles que jogam contra ela, mesmo quando vestem esta camisa.
Foto: montagem Glaucia Marques

Curioso é que...

Há pouco tempo atrás, Romário disse em alto e bom tom, no Sportv, que torceu contra a Seleção Brasileira nas Copas de 98 e 2002. Relembrando os motivos para a torcida “contra”, veremos que em 98, ele foi cortado por Zagallo, após ser constatada uma lesão na panturrilha direita. Em 2002, Felipão não achava que Romário fizesse falta (como aliás, não fez mesmo). O Brasil ganhou e Romário ainda admitiu que teve uma sensação ruim quando o penta se confirmou sem sua presença.
“Em 2002 foi pior, o Brasil ganhou e eu não estava lá, minha mãe sofreu muito com isso. Eu não tenho nada contra o Felipão, mas eu acho que a conquista seria mais bonita se eu estivesse lá”.
Ouvi gente dizendo que “o Baixinho não tem papas na língua” ou que “Romário é mesmo polêmico”. Só não ouvi os arautos do nacionalismo e do amor incondicional à Seleção gritarem tão alto quanto estão gritando contra quem pediu dispensa. Hipocrisia é isso aí.