Site Meter Sem Salto Alto: 20/05/2007 - 27/05/2007

sexta-feira, maio 25, 2007

Calça e efeito

 Ana Paula: atuação lamentável gerou atitudes mais lamentáveis ainda Ana Paula: atuação lamentável gerou atitudes mais lamentáveis ainda

“Ela (Ana Paula Oliveira) é totalmente despreparada. Não vejo mulher em Copa do Mundo, nem em decisão da Liga Européia. Não vejo nas decisões mais importantes, mas colocaram uma mulher aqui, justamente contra o Botafogo. Ela nos assaltou em R$ 2,5 milhões, que seria quanto o clube ganharia por chegar à decisão - esbravejou Montenegro”.

Aparentemente, a frase acima teve origem em dois erros gritantes da auxiliar Ana Paula de Oliveira, que resultaram na anulação de dois gols do Botafogo contra o Figueirense, pela semifinal da Copa do Brasil. O time botafoguense perdeu a vaga e o vice de futebol do Botafogo, a razão.Porque Ana Paula de Oliveira errou. Feio. Mas não errou porque é mulher. Errou porque, assim como tantos outros colegas de arbitragem, tem limitação técnica e evidente despreparo. Errou e prejudicou o Botafogo porque a regra da Fifa é ultrapassada e tirana, dando espaço para arrogância, má-intenção, imperícia, incompetência e até erros inocentes. Se a Fifa fosse administrada por mulheres, será que Montenegro e outros dirigentes não usariam isso como justificativa para a obsolescência das regras e para a omissão da entidade diante de tantos erros grotescos que tem alterado a história das partidas, dos clubes, dos campeonatos?

Por isso disse que a frase infeliz teve origem aparente nos erros de Ana Paula; na verdade, fica claro que um comentário desses começa em algo muito anterior: o preconceito. Alguém duvida?O mesmo Carlos Augusto Montenegro chegou a se referir à bandeirinha como "piranha" no intervalo da partida, quando questionado por repórteres. Por que sempre que uma mulher erra no campo profissional chovem ofensas no campo pessoal?

Mas não parou aí. Ao se defender da acusação de preconceituoso, o dirigente lançou mão de outra “pérola”, em matéria do Lancenet:

- O pessoal já leva para esse lado. Não é o fato de ela ser mulher, mas tem uma certa proteção. Se é mulher não pode xingar, bater, não pode fazer nada contra mulher. Se é assim, é melhor que elas não participem do futebol.

Sim. O argumento de Montenegro é que, sendo mulher, uma auxiliar ou árbitra não pode ser xingada ou agredida. Por favor, alguém me diga se esse tipo de comportamento é aceitável e justificável quando se trata de um homem. Não, não é. É inaceitável, seja qual for o sexo. Poucas vezes na vida ouvi "justificativa" tão esdrúxula. O que eu gostaria que não fizesse parte do futebol são os dirigentes que agem como o mais fanático dos torcedores e deixam de lado a responsabilidade de representar uma instituição esportiva de respeito e principalmente, a obrigação de não incitar determinados comportamentos.

Foto: O Globo Online

Preconceito sim

Para quem tem dúvidas, segue a definição da palavra “preconceito”:

1- Qualquer opinião ou sentimento, quer favorável quer desfavorável, concebido sem exame crítico; 1.1- Idéia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão;

2- Atitude, sentimento ou parecer insensato, especialmente de natureza hostil, assumido em conseqüência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância.


O futebol, fiel retrato do mundo, destila preconceito. Contra as mulheres, contra gays, contra negros. Como diria Albert Einstein, “triste época em que vivemos, na qual é mais fácil desintegrar um átomo do que quebrar um preconceito”.

quarta-feira, maio 23, 2007

Menos oito ou oitenta

Milan: campeão da Champions League 2006/2007 Pela sétima vez na história, o Milan está no topo da Europa

Menos oito pontos. Foi assim que o Milan começou no Campeonato Italiano 2006/2007, punido por ter sido beneficiado na manipulação de resultados na Itália. Por pouco não perdeu a vaga na Liga dos Campeões. E mesmo contando com astros como Kaká, Pirlo, Dida, Gattuso, Maldini e cia, a tarefa do clube milanês era ingrata: recuperar em campo a confiança e a credibilidade que havia perdido fora dele. Traduzindo: conquistar um título na temporada.


O técnico Carlo Ancelotti declarou que a perda de pontos que quase tirou o Milan da Liga dos Campeões deixou a equipe mais determinada.

E com méritos, o Milan fez os menos oito pontos se transformarem em oitenta, conquistando pela sétima vez o mais disputado título interclubes do mundo.

Kakaiser

Torcida do Milan exalta Kaká A torcida do Milan já sabe que Kaká é o melhor do mundo na atualidade. Só falta a FIFA...


Inzagui foi o herói do dia. Mas o herói da campanha do Milan é um só: Kaká. O dono do time, o regente. Sofreu a falta que Pirlo cobrou para Inzagui desviar e abrir o placar; deu o passe magistral para o segundo gol. Artilheiro da competição com 10 gols e o jogador que mais chutou a gol, Kaká esbanjou objetividade, criatividade e boa forma física, técnica e tática. Merece, pelas suas arrancadas, gols e passes magistrais, conquistar outro grande título no ano: o de melhor jogador eleito pela FIFA.
Foto: EFE

A palavra é de prata; o silêncio é de ouro...

Parece mentira, mas aconteceu. Horas antes da final da Liga dos Campeões, o site do Liverpool anunciava com todas as letras: “Reds win in Athens”. E estampava: Liverpool Football Club – Champions League Winners 2007. Os jornais "La Repubblica", da Itália, e "Clarín", da Argentina, fizeram matéria sobre a “vitória antecipada”. Se o Milan precisava de incentivo, esse deve ter sido um dos melhores. Bem diz aquele ditado: “a palavra é de prata; o silêncio é de ouro”. No caso, a palavra é vice; o silêncio é campeão.

O site do Liverpool contou vantagem antes da hora... Reprodução

terça-feira, maio 22, 2007

Pontos (es)corridos


Ligas de Futebol O Brasileirão não tem marca...
Caminhamos para a 3ª rodada do principal campeonato do país e nada... Não me animei a escrever sobre o Brasileirão. Resolvi escrever não ter encontrado motivação, mas para falar o porquê da minha desmotivação: pontos corridos. Ou escorridos, como eu prefiro para descrever o que sinto. Não gosto de pontos (es)corridos porque:

1 – Podem dizer que na Europa é assim há anos, que esse sistema premia o time mais regular. Antes de mais nada, os clubes europeus disputam vaga na Liga dos Campeões e na Copa da UEFA, dois campeonatos bem conceituados. Aqui, nós temos a Libertadores e a... Copa Sul-Americana. Me diga com sinceridade: conhece alguém que comemore vaga na Sul-Americana?
2 - Para mim, mata-mata é que o que há. É o que faz perder o sono uma semana antes do jogo decisivo e uma semana depois, até o jogo da volta;

3 – Acho o calendário do futebol brasileiro incoerente; não entendo porque os campeonatos estaduais têm quase cinco meses (17/01 a 06/05) e o Brasileirão, no qual os times viajam e jogam mais, tem quase sete meses (13/05 a 02/12). Não é uma desvalorização desmedida do segundo e uma valorização excessiva dos primeiros?

4 – A diferença de calendário entre o Brasil e a Europa, que faz com que o torcedor brasileiro fique vendo navios (e os craques ou bons jogadores das equipes indo embora);

5 – Manchetes como “Time X ou Y mantém 100% de aproveitamento” depois de DUAS rodadas. É coisa para tentar empolgar a galera, eu sei, mas com duas rodadas nem o torcedor mais fanático consegue sair pelas ruas batendo no peito e gritando: estamos invictos!

6 - Falta "pedigree" ao Brasileirão. O campeonato não tem uma marca, que o identifique como produto (inclusive e por que não, de exportação). Na imagem deste post, um screenshot do Fifa Manager, aparecem as marcas de vários campeonatos que podem ser disputados no game. Até a Noruega (que não tem 1/10 da importância do Brasil no mundo do futebol) tem uma marca. Aí, vejo o Flamengo x Goiás e uma das placas era exatamente a do Campeonato Brasileiro... Nem sombra de marca; só uma placa, escrita em fonte preta sobre fundo branco. Nada que faça o torcedor identificar o Brasileirão como um produto de primeira linha.

Na placa, a 'marca' do Brasileirão.

... porque não dá para chamar isso que está na placa de marca, né?

É, sou uma viúva (ainda inconsolável) do mata-mata, de um campeonato de verdade. E não escondo isso de ninguém...

Imagens: Screenshot Fifa Manager/EA Sports / Diário da Manhã (GO)

Os dois “Flamengos”

Qual é a cara do Flamengo? Qual é a cara do Flamengo: a da derrota ou a da vitória?

Uma das grandes incógnitas do Campeonato Brasileiro é o Flamengo. Porque o time de Ney Franco, na verdade, são dois. Sim, Ney Franco dirige não um, mas dois Flamengos. Um, é o Flamengo do 1º tempo da primeira partida da final contra o Botafogo; mesmo Flamengo do jogo de ida contra o Defensor e de boa parte do jogo contra o Palmeiras. O outro é o Flamengo que buscou o empate no 2º tempo da final citada quando perdia por 2 a 0; que foi o mesmo rubro-negro que entrou em campo no Maracanã contra os uruguaios e só não reverteu a vantagem porque o juiz não deixou. Flamengo esse que entrou em campo também contra o Goiás, dominando o jogo no Serra Dourada com ótimo padrão tático e técnico.

O Flamengo tem sido regular em sua irregularidade. E esse é o maior desafio de Ney Franco: fazer com que o time tenha uma só cara, um padrão. E que esta cara e esse padrão sejam, é claro, a do “segundo” Flamengo. Se conseguir, pode fazer o que nenhum técnico fez nos últimos anos: fazer o clube da Gávea disputar o título brasileiro. E aí, qual Flamengo vai prevalecer?

Imagem montada com fotos de "O Globo"

A Liga dos Campeões já tem um vencedor

 Milan x Liverpool: a Adidas é a grande vencedora da LC 2006/2007 Milan x Liverpool: a Adidas é a grande vencedora da LC 2006/2007


Escrevo esse post na terça (22/05), véspera da final da Liga dos Campeões. Mas não tenho medo de afirmar: o campeonato de clubes mais disputado do planeta já tem um campeão. Aliás, campeã. A Adidas. A foto não deixa dúvidas: mais uma vez, a gigante alemã dá um baile na Nike, principal concorrente.
A Adidas fornece não só a bola oficial do jogo, como também patrocina os dois times que disputam a final. Fez barba, cabelo e bigode.
Foto: EFE/Globo.com