Site Meter Sem Salto Alto: 07/01/2007 - 14/01/2007

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Marketing ou antimarketing?

Quando as cortinas de 2006 já estavam descendo, pintou a notícia: “Vasco cria departamento de marketing”. Para o novo departamento, contrataram profissionais como Paulo Angioni, Valdir Espinosa e Marcos Duarte (ex-diretor de marketing do Flamengo). O Vasco merece parabéns? Acho que não.
Antes de mais nada, vale relembrar uma coisa: no próximo dia 18, o clube completa sete anos sem patrocínio na camisa. A última vez que uma marca apareceu na camisa do clube, aliás, foi de forma patética: na final da Copa João Havelange, Eurico Miranda mandou estampar o logotipo do SBT como forma de alfinetar a Rede Globo. Alguns acharam a idéia genial; eu acho que foi um tiro no pé. O que para uns pareceu “esperteza, malandragem”, soou mesmo como falta de credibilidade, de profissionalismo, de seriedade e de autonomia. Palavras essenciais para qualquer um que queira investir no esporte. Se um dirigente coloca uma marca na camisa do seu time (sem receber um tostão sequer) apenas por birra ou diferenças pessoais, não pode ser levado a sério. E que não se esqueça o detalhe: a Globo tem contrato com os clubes por conta da transmissão dos jogos e para muitos deles – incluindo o Vasco – já adiantou receitas para que eles pudessem cobrir seus rombos financeiros. Eurico Miranda costuma dizer que o Vasco não tem patrocinador na camisa porque nenhuma empresa “paga o que o clube merece”. O que o clube merece não se discute; o que faz por merecer é outra história.
Antes fosse só isso... Mas nos últimos anos, o clube se especializou em vexames que mandam a marca “Vasco da Gama” para a lama. Sem fazer muito esforço, lembro de alguns: o não-pagamento do seguro do jogador Dener (morto num acidente de carro quando tinha contrato com o clube); volta “olímpica” de araque no campeonato carioca de 1990; as inúmeras greves de silêncio e brigas com a imprensa (geralmente quando a mídia em geral critica os mandos e desmandos do Vasco); a expulsão do maior ídolo vascaíno do estádio de S.Januário, como se Roberto Dinamite fosse um qualquer, por conta das diferenças políticas entre o ex-jogador e Eurico; o alambrado do mesmo estádio caindo na final da Copa JH; ações por quebra de contrato movidas pela Penalty e pela Umbro, duas ex-fornecedores de material esportivo do clube; eleições suspeitas e parciais, nas quais votaram até sócios sem condições de voto; inúmeros processos trabalhistas e cíveis, além de dívidas com o INSS, o FGTS e a Fazenda Nacional (sempre negadas pela diretoria). E por aí vai... Qualquer vascaíno fica de cabelo em pé lendo sites como o Consciência Vascaína ou Movimento Unido Vascaíno.
Que ninguém se engane: marketing se faz com atitudes bem mais amplas que simplesmente contratar profissionais do ramo. E convenhamos: já não era sem tempo. Anunciar a criação de um departamento desses num clube que tem a quinta maior torcida do Brasil apenas no ano de 2006 é prova do atraso que anda por lá. O futebol carioca está atrasado? Sem dúvida. Mas no Flamengo, no Fluminense e no Botafogo, a palavra “marketing” não parece ter sido descoberta agora. Eurico quer fazer marketing? OK. Talvez a melhor atitude para isso fosse renunciar ao cargo e não apenas criar um departamento. Acorda, Vasco!