Site Meter Sem Salto Alto: 19/11/2006 - 26/11/2006

terça-feira, novembro 21, 2006

Viva World Cup

Conforme combinado no texto anterior, voltemos ao assunto NF-Board. A entidade, apesar de não ser muito falada por aqui, já começa a dar mostras de força. Já passa com louvor no teste do Google: ao digitar “Nf-Board”, assim mesmo, entre aspas para refinar mais a busca, já são 20.200 páginas sobre ela. Já tem um verbete de respeito na democrática Wikipédia, no qual podemos ver a lista dos membros (provisórios, associados e em potencial). A olhada vale não só pela informação, mas pelo que esta exprime: há um mundo à parte no futebol, um mundo que precisa de voz (de preferência entoando gritos de torcida) e de campo (no sentido de espaço, mas nada mal se vier junto um belo gramado também).
E é nesse mundo que está rolando a Viva World Cup. A sede é em Hyeres Les Palmieres, na Occitânia (França). A abertura foi no último dia 19. São quatro as seleções que participam: Mônaco, principado que há muito tenta provar na FIFA que pode ter representatividade no futebol e não só na F-1; a Lapônia, região ao norte da Escandinávia, terra dos índios Sami; Camarões do Sul, com as províncias que têm língua inglesa, localizadas à Noroeste e Sudoeste da terra-natal de Roger Milla; e o “time da casa”, a Occitânia, que compreende áreas ao sul da França, dos alpes italianos, da Catalunha e de Mônaco. Esses times disputam o troféu da foto.
Seriam seis, mas dois participantes (Rom e Papua Ocidental) desistiram por falta de recursos. Pouco antes, mais oito seleções entrariam também (Gagaúzia, Groelândia, Quirguistão, Zanzibar, Criméia, República Turca do Chipre do Norte, Tadjiquistão e Tibet), só que houve um racha político. O Chipre, que sediaria a competição, quis levar a coisa para o lado político – e a NF-Board não concordou, nomeando a sede atual. O governo cipriota levou embora o apoio financeiro que custearia as viagens dos outros times e alguns debandaram para uma nova competição – a ELF (Egalité, Liberte, Fraternité) Cup, organizada pela Cyprus Turkish Football Association (CTFA). Esse outro torneio, aliás, está rolando no mesmo período (começou dia 18 e vai até o dia 25 próximo). Tem site também, para quem quiser dar uma olhada. Eu preferi abordar a NF-Board porque, apesar de ter um site mais amador, deu o pontapé inicial nessa partida. Futebol cult e romântico.
Vislumbrando meu texto agora, vejo quantos nomes pouco usuais do futebol precisei usar para escrever esse post. E isso serve para lembrar que o esporte, o futebol mais do que qualquer outro, precisa incluir o máximo número possível de representatividades. Não pode deixar ninguém de fora. É bom lembrar que a bola e o nosso planeta são redondos. E se a Terra abriga tanta diversidade, não pode ser diferente com a bola.

segunda-feira, novembro 20, 2006

NF-Board, pelos excluídos do futebol

Nos anos 20, o francês Jules Rimet começou a idealizar a Copa do Mundo, como forma de reforçar a paz e ideais de integração entre os povos. Conseguiu realizar o torneio em 1930 e o resto, é história. De quatro em quatro anos, a FIFA realiza a Copa, um pouco menos (ou muito menos) pela nobre motivação de Rimet e muito mais pela motivação financeira. Sem tantos romantismos, futebol é negócio, negócio que gera muita grana e a mola principal é essa. Faz parte do espetáculo.Mas de vez em quando, bate saudade daqueles tempos românticos. Aí, vale apelar para os DVDs, para os livros ou para a memória (não sou tão velha assim, mas até os anos 80, o futebol ainda tinha uma certa aura romântica). Ou então, para a Viva World Cup. Conhece?
A Viva World Cup é uma Copa do Mundo que reúne seleções não filiadas à FIFA e que acontece desde ontem (19/11) e vai até dia 25/11. É organizada pela NF-Board (Nouvelle Fédération-Board), uma federação internacional criada há três anos na Bélgica e que quer promover partidas internacionais a países, territórios e nações não reconhecidas pela FIFA. Só exige que não se tenha motivações políticas, religiosas ou econômicas para que essas seleções sejam representadas. Resumindo: é a alternativa para os excluídos, para povos que nem sempre se vêem representados nas seleções que disputam a Copa ou disputam as Eliminatórias.
No site da NF (com o perdão da intimidade), se pode ter idéia do que a entidade pretende. Simplicidade. De ideais e propósitos. Pode ser resumida na tradução livre de um trecho do texto de seu presidente, Christian Michelis, que diz: “A N.F.-Board busca ser uma instituição apolítica e aberta a todos. Para seus membros, seja qual for sua política ou motivação religiosa, o futebol deve ser um instrumento de união, distribuição e transmissão de sonhos para as pessoas, nações e povos de territórios isolados”. Verdade maior não poderia haver...
No próximo texto, vou falar mais dessa entidade e principalmente, da Viva World Cup.