Site Meter Sem Salto Alto: Reinventando a ponte

sexta-feira, julho 06, 2007

Reinventando a ponte

 O bom goleiro Bruno: destino incerto e nas mãos de 'negociadores' O bom goleiro Bruno: destino incerto e nas mãos de "negociadores"
Antigamente, ponte no futebol, era o nome dado a uma determinada maneira do goleiro fazer uma defesa. Se alguém preferir, é o “salto do goleiro, mais ou menos perpendicular à linha de gol, para defender bola chutada pelo adversário”, segundo definição do Houaiss. Ou então, uma forma mais “íntima” de fazer referência à Ponte Preta, de Campinas. Atualmente, a ponte que mais tem aparecido no futebol brasileiro é outra. Agora, a ponte da moda é formada pelos clubes brasileiros e empresários, com um único objetivo: conduzir os jogadores a negociações no exterior.
Exemplos não faltam: o goleiro Bruno, do (?) Flamengo é um. Desde sua chegada ao clube rubro-negro, empresários e dirigentes deixaram claro que o principal motivo do jogador ter ido para lá seria projetar-se no mercado e ser negociado para o exterior. Não por acaso, seu contrato expirou em junho, às vésperas da abertura da janela de negociações na Europa.Carlos Alberto, de malas prontas para o Werder Bremen, também exemplifica a situação. Saiu do Fluminense, foi para o Porto, não convenceu ninguém lá, foi comprado pelo MSI, repassado ao Corinthians, depois ao Fluminense. Chegou às Laranjeiras no início deste ano, jurando não sair tão cedo do lugar onde “seu futebol apareceu”. Dirigentes do tricolor carioca negavam uma possível saída do jogador no meio do ano. O que aconteceu? Os “investidores”, os donos do passe, bateram o martelo e lá se vai ele.

A ponte tem duas vias: uma, que coloca determinados jogadores em clubes maiores do Brasil, para servir de vitrine; a outra, repatria jogadores que, por um ou outro motivo, não estão sendo utilizados em times estrangeiros e que voltam com status de craque para jogar com mais regularidade, pegar tarimba e, na primeira oportunidade, o vôo de volta. O meia Íbson está prestes a usar essa via, voltando ao Flamengo (já que não vem sendo aproveitado pelo Porto) e com certeza, daqui a poucos meses, se envolvendo em mais uma negociação.

Só vejo dois motivos para os clubes brasileiros concordarem com tal prática. O primeiro é que tem muita gente – e não o futebol brasileiro – ganhando com isso. O segundo, talvez para disfarçar as mazelas do primeiro, é criar entre os torcedores a ilusão que seu clube tem um certo poderio frente ao mercado exterior.

Infelizmente, isso não existe. E situações assim, só deixam claro o quanto o futebol brasileiro ainda tem que melhorar para ser considerado realmente sério.

***

Os tempos são tão tristes que o jogador Ronaldo admitiu, à Agência Placar, que será muito difícil jogar pelo Fla. O motivo? Os interesses financeiros que determinam o destino dos jogadores.

- Sou torcedor do Flamengo desde criança. A torcida me quer jogando pelo clube, mas sinceramente não sei se um dia isso poderá acontecer – declarou o Fenômeno.

Triste, não?

Foto: Globoesporte.com

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