Site Meter Sem Salto Alto: Urubu expiatório

quarta-feira, novembro 15, 2006

Urubu expiatório

Depois da derrota para a Ponte Preta, muita gente começou a apontar o Flamengo como vilão por não “ajudar” o Fluminense. Como se o time de Ney Franco tivesse embrulhado a partida e dado de presente à Ponte...
Muitos tricolores estão esconjurando o arqui-rival pela perda dos três pontos para o adversário direto do Fluminense na luta contra o rebaixamento. Não só torcedores, mas vários jornalistas falaram ou insinuaram a mesma coisa: que o Flamengo é o vilão da história. Relembram 1996, quando o clube perdeu no Rio para o Bahia e jogou a pá de cal para o Flu no primeiro de seus três rebaixamentos consecutivos (o que por si só seria um dado mais que suficiente para ver que o problema não vinha da Gávea).
Um pouco de mea culpa não faria mal ao Fluminense. Afinal, o time que era apontado como um dos favoritos ao título, ganhou 11 dos 48 pontos disputados no returno do Brasileirão. Tem a terceira pior campanha do segundo turno. Trocou de técnico seis vezes no ano. O elenco está rachado entre estrelas e pratas-da-casa. A relação com o patrocinador está estremecida pelo péssimo desempenho do time dentro das quatro linhas. O Fla tem culpa de tudo isso?

*****

Aliás, não é a primeira vez no Brasileirão que o bode dá lugar ao urubu na hora de expiar as culpas alheias. Quando Ney Franco optou por escalar os reservas contra o Paraná, em virtude do cansaço dos titulares pela viagem aos EUA para o amistoso contra o América do México, o coro dizendo que o Flamengo agiu de forma antiética também foi forte. Era irresponsabilidade e falta de profissionalismo escalar os reservas contra o clube que luta por uma das vagas na Libertadores com o Vasco. Era revanchismo. Quando queriam “aliviar” a carga, criticavam o fato do rubro-negro ter concordado com o amistoso, que rendeu US$ 150 mil aos cofres do clube (mas também criticam quando o clube atrasa salários)...
O Flamengo venceu, aí o ti-ti-ti acabou. Com a Ponte Preta, infelizmente, o clube não conseguiu jogar por terra essas teorias da conspiração. Mas o ideal seria que elas nem existissem, tamanho o absurdo que elas insinuam e a pobreza de mentalidade que exprimem.

Nenhum comentário: