Site Meter Sem Salto Alto

sexta-feira, maio 25, 2007

Calça e efeito

 Ana Paula: atuação lamentável gerou atitudes mais lamentáveis ainda Ana Paula: atuação lamentável gerou atitudes mais lamentáveis ainda

“Ela (Ana Paula Oliveira) é totalmente despreparada. Não vejo mulher em Copa do Mundo, nem em decisão da Liga Européia. Não vejo nas decisões mais importantes, mas colocaram uma mulher aqui, justamente contra o Botafogo. Ela nos assaltou em R$ 2,5 milhões, que seria quanto o clube ganharia por chegar à decisão - esbravejou Montenegro”.

Aparentemente, a frase acima teve origem em dois erros gritantes da auxiliar Ana Paula de Oliveira, que resultaram na anulação de dois gols do Botafogo contra o Figueirense, pela semifinal da Copa do Brasil. O time botafoguense perdeu a vaga e o vice de futebol do Botafogo, a razão.Porque Ana Paula de Oliveira errou. Feio. Mas não errou porque é mulher. Errou porque, assim como tantos outros colegas de arbitragem, tem limitação técnica e evidente despreparo. Errou e prejudicou o Botafogo porque a regra da Fifa é ultrapassada e tirana, dando espaço para arrogância, má-intenção, imperícia, incompetência e até erros inocentes. Se a Fifa fosse administrada por mulheres, será que Montenegro e outros dirigentes não usariam isso como justificativa para a obsolescência das regras e para a omissão da entidade diante de tantos erros grotescos que tem alterado a história das partidas, dos clubes, dos campeonatos?

Por isso disse que a frase infeliz teve origem aparente nos erros de Ana Paula; na verdade, fica claro que um comentário desses começa em algo muito anterior: o preconceito. Alguém duvida?O mesmo Carlos Augusto Montenegro chegou a se referir à bandeirinha como "piranha" no intervalo da partida, quando questionado por repórteres. Por que sempre que uma mulher erra no campo profissional chovem ofensas no campo pessoal?

Mas não parou aí. Ao se defender da acusação de preconceituoso, o dirigente lançou mão de outra “pérola”, em matéria do Lancenet:

- O pessoal já leva para esse lado. Não é o fato de ela ser mulher, mas tem uma certa proteção. Se é mulher não pode xingar, bater, não pode fazer nada contra mulher. Se é assim, é melhor que elas não participem do futebol.

Sim. O argumento de Montenegro é que, sendo mulher, uma auxiliar ou árbitra não pode ser xingada ou agredida. Por favor, alguém me diga se esse tipo de comportamento é aceitável e justificável quando se trata de um homem. Não, não é. É inaceitável, seja qual for o sexo. Poucas vezes na vida ouvi "justificativa" tão esdrúxula. O que eu gostaria que não fizesse parte do futebol são os dirigentes que agem como o mais fanático dos torcedores e deixam de lado a responsabilidade de representar uma instituição esportiva de respeito e principalmente, a obrigação de não incitar determinados comportamentos.

Foto: O Globo Online

Preconceito sim

Para quem tem dúvidas, segue a definição da palavra “preconceito”:

1- Qualquer opinião ou sentimento, quer favorável quer desfavorável, concebido sem exame crítico; 1.1- Idéia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão;

2- Atitude, sentimento ou parecer insensato, especialmente de natureza hostil, assumido em conseqüência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância.


O futebol, fiel retrato do mundo, destila preconceito. Contra as mulheres, contra gays, contra negros. Como diria Albert Einstein, “triste época em que vivemos, na qual é mais fácil desintegrar um átomo do que quebrar um preconceito”.

quarta-feira, maio 23, 2007

Menos oito ou oitenta

Milan: campeão da Champions League 2006/2007 Pela sétima vez na história, o Milan está no topo da Europa

Menos oito pontos. Foi assim que o Milan começou no Campeonato Italiano 2006/2007, punido por ter sido beneficiado na manipulação de resultados na Itália. Por pouco não perdeu a vaga na Liga dos Campeões. E mesmo contando com astros como Kaká, Pirlo, Dida, Gattuso, Maldini e cia, a tarefa do clube milanês era ingrata: recuperar em campo a confiança e a credibilidade que havia perdido fora dele. Traduzindo: conquistar um título na temporada.


O técnico Carlo Ancelotti declarou que a perda de pontos que quase tirou o Milan da Liga dos Campeões deixou a equipe mais determinada.

E com méritos, o Milan fez os menos oito pontos se transformarem em oitenta, conquistando pela sétima vez o mais disputado título interclubes do mundo.

Kakaiser

Torcida do Milan exalta Kaká A torcida do Milan já sabe que Kaká é o melhor do mundo na atualidade. Só falta a FIFA...


Inzagui foi o herói do dia. Mas o herói da campanha do Milan é um só: Kaká. O dono do time, o regente. Sofreu a falta que Pirlo cobrou para Inzagui desviar e abrir o placar; deu o passe magistral para o segundo gol. Artilheiro da competição com 10 gols e o jogador que mais chutou a gol, Kaká esbanjou objetividade, criatividade e boa forma física, técnica e tática. Merece, pelas suas arrancadas, gols e passes magistrais, conquistar outro grande título no ano: o de melhor jogador eleito pela FIFA.
Foto: EFE

A palavra é de prata; o silêncio é de ouro...

Parece mentira, mas aconteceu. Horas antes da final da Liga dos Campeões, o site do Liverpool anunciava com todas as letras: “Reds win in Athens”. E estampava: Liverpool Football Club – Champions League Winners 2007. Os jornais "La Repubblica", da Itália, e "Clarín", da Argentina, fizeram matéria sobre a “vitória antecipada”. Se o Milan precisava de incentivo, esse deve ter sido um dos melhores. Bem diz aquele ditado: “a palavra é de prata; o silêncio é de ouro”. No caso, a palavra é vice; o silêncio é campeão.

O site do Liverpool contou vantagem antes da hora... Reprodução

terça-feira, maio 22, 2007

Pontos (es)corridos


Ligas de Futebol O Brasileirão não tem marca...
Caminhamos para a 3ª rodada do principal campeonato do país e nada... Não me animei a escrever sobre o Brasileirão. Resolvi escrever não ter encontrado motivação, mas para falar o porquê da minha desmotivação: pontos corridos. Ou escorridos, como eu prefiro para descrever o que sinto. Não gosto de pontos (es)corridos porque:

1 – Podem dizer que na Europa é assim há anos, que esse sistema premia o time mais regular. Antes de mais nada, os clubes europeus disputam vaga na Liga dos Campeões e na Copa da UEFA, dois campeonatos bem conceituados. Aqui, nós temos a Libertadores e a... Copa Sul-Americana. Me diga com sinceridade: conhece alguém que comemore vaga na Sul-Americana?
2 - Para mim, mata-mata é que o que há. É o que faz perder o sono uma semana antes do jogo decisivo e uma semana depois, até o jogo da volta;

3 – Acho o calendário do futebol brasileiro incoerente; não entendo porque os campeonatos estaduais têm quase cinco meses (17/01 a 06/05) e o Brasileirão, no qual os times viajam e jogam mais, tem quase sete meses (13/05 a 02/12). Não é uma desvalorização desmedida do segundo e uma valorização excessiva dos primeiros?

4 – A diferença de calendário entre o Brasil e a Europa, que faz com que o torcedor brasileiro fique vendo navios (e os craques ou bons jogadores das equipes indo embora);

5 – Manchetes como “Time X ou Y mantém 100% de aproveitamento” depois de DUAS rodadas. É coisa para tentar empolgar a galera, eu sei, mas com duas rodadas nem o torcedor mais fanático consegue sair pelas ruas batendo no peito e gritando: estamos invictos!

6 - Falta "pedigree" ao Brasileirão. O campeonato não tem uma marca, que o identifique como produto (inclusive e por que não, de exportação). Na imagem deste post, um screenshot do Fifa Manager, aparecem as marcas de vários campeonatos que podem ser disputados no game. Até a Noruega (que não tem 1/10 da importância do Brasil no mundo do futebol) tem uma marca. Aí, vejo o Flamengo x Goiás e uma das placas era exatamente a do Campeonato Brasileiro... Nem sombra de marca; só uma placa, escrita em fonte preta sobre fundo branco. Nada que faça o torcedor identificar o Brasileirão como um produto de primeira linha.

Na placa, a 'marca' do Brasileirão.

... porque não dá para chamar isso que está na placa de marca, né?

É, sou uma viúva (ainda inconsolável) do mata-mata, de um campeonato de verdade. E não escondo isso de ninguém...

Imagens: Screenshot Fifa Manager/EA Sports / Diário da Manhã (GO)

Os dois “Flamengos”

Qual é a cara do Flamengo? Qual é a cara do Flamengo: a da derrota ou a da vitória?

Uma das grandes incógnitas do Campeonato Brasileiro é o Flamengo. Porque o time de Ney Franco, na verdade, são dois. Sim, Ney Franco dirige não um, mas dois Flamengos. Um, é o Flamengo do 1º tempo da primeira partida da final contra o Botafogo; mesmo Flamengo do jogo de ida contra o Defensor e de boa parte do jogo contra o Palmeiras. O outro é o Flamengo que buscou o empate no 2º tempo da final citada quando perdia por 2 a 0; que foi o mesmo rubro-negro que entrou em campo no Maracanã contra os uruguaios e só não reverteu a vantagem porque o juiz não deixou. Flamengo esse que entrou em campo também contra o Goiás, dominando o jogo no Serra Dourada com ótimo padrão tático e técnico.

O Flamengo tem sido regular em sua irregularidade. E esse é o maior desafio de Ney Franco: fazer com que o time tenha uma só cara, um padrão. E que esta cara e esse padrão sejam, é claro, a do “segundo” Flamengo. Se conseguir, pode fazer o que nenhum técnico fez nos últimos anos: fazer o clube da Gávea disputar o título brasileiro. E aí, qual Flamengo vai prevalecer?

Imagem montada com fotos de "O Globo"

A Liga dos Campeões já tem um vencedor

 Milan x Liverpool: a Adidas é a grande vencedora da LC 2006/2007 Milan x Liverpool: a Adidas é a grande vencedora da LC 2006/2007


Escrevo esse post na terça (22/05), véspera da final da Liga dos Campeões. Mas não tenho medo de afirmar: o campeonato de clubes mais disputado do planeta já tem um campeão. Aliás, campeã. A Adidas. A foto não deixa dúvidas: mais uma vez, a gigante alemã dá um baile na Nike, principal concorrente.
A Adidas fornece não só a bola oficial do jogo, como também patrocina os dois times que disputam a final. Fez barba, cabelo e bigode.
Foto: EFE/Globo.com

domingo, maio 13, 2007

Erro de juiz ou erro de juízo?

Há no Direito o termo em latim error in judicando, cuja definição mais simples é algo como “equívoco na aplicação dos efeitos da norma processual”; “erro ao julgar; erro de procedimento”; “erro que ocorre quando o Juiz decide mal a questão que lhe é submetida”. E quando isso ocorre, o Direito considera que é um erro que merece ser sanado.


Não, meu blog não é para assuntos jurídicos agora. O parágrafo anterior foi para questionar: o que temos visto em campo, em relação às atuações das arbitragens, são meros “erros de juiz” ou “erros de juízo”? Em menos de uma semana, foram pelo menos três erros clamorosos (e decisivos):


1 – O impedimento dado pelo árbitro Djalma José Beltrami, que tirou de Dodô a oportunidade de fazer o gol do título alvinegro contra o Flamengo, na 2ª partida da final do Estadual do Rio. O Flamengo acabou vencendo nos pênaltis;


2 – A sucessão de lambanças do argentino Héctor Baldassi no jogo Flamengo x Defensor, não dando dois pênaltis para o rubro-negro e deixando de coibir o anti-jogo uruguaio (que paralisou mais de 1/3 do jogo segundo o Lance!). Resultado: pelo “conjunto da obra” do juiz, o time carioca não conseguiu fazer o placar que necessitava e saiu da Taça Libertadores da América;


3 – No dia seguinte, foi a vez de Carlos Eugênio Simon decidir um jogo, deixando de dar um pênalti claro, claríssimo, a favor do Atlético-MG, aos 47 do segundo tempo, na partida pelas quartas-de-final da Copa do Brasil contra o Botafogo. O Galo perdeu a chance de empatar e deu adeus ao torneio (atalho para a Libertadores 2008).


Não foram lances duvidosos; todos os lances foram claros, clamorosos, escandalosos. Lances capitais. Erros gritantes e vergonhosos que comprometeram o trabalho de diversos profissionais. Que acabaram com a alegria de milhões de torcedores.


A FIFA que me desculpe, mas a regra 5 precisa ser revista. O parágrafo que garante que “as decisões do árbitro sobre fatos em relação ao jogo são definitivas” tornou-se perigoso e nocivo ao futebol atual. Perigoso porque é muito arriscado para o jogo, como espetáculo, ser decidido pela limitação técnica, péssima interpretação/desconhecimento da regra, má-intenção e até desonestidade de uma única pessoa (escândalos de arbitragem em todos os cantos do planeta não me deixam mentir). Nocivo porque estamos falando de um dito futebol em alto nível profissional e econômico e erros do tipo prejudicam o planejamento, a arrecadação e a credibilidade deste esporte como negócio.


A FIFA gosta de afirmar que erro de juiz pode ser um charme, um elemento que alimenta a magia do futebol. Está errado. Desde o momento que o erro dos juízes têm-se caracterizado pelo erro de juízo. Erros assim tiram a graça, roubam a vontade de acompanhar os campeonatos. É muita coisa em jogo para depender de uma pessoa só. Pessoa essa sujeita a todo tipo de fraquezas, de humores, de defeitos (de preparo profissional e de caráter). Cartão vermelho para a roubalheira e a incompetência de apito!

Fair play é coisa que dá nos outros...

Curioso mesmo foi ouvir a declaração do técnico Cuca, do Botafogo, perguntado sobre o pênalti claro que não foi dado contra sua equipe e que poderia ter dado vaga na semifinal da Copa do Brasil ao Atlético-MG.“Também deram um impedimento que me tirou o título no último domingo”.
Certo, Cuca, certo... O erro de um árbitro prejudicou o alvinegro carioca na final do Estadual; mas nunca poderia servir de justificativa para outro erro – igualmente vergonhoso – na Copa do Brasil. Que o Botafogo não levante o bastião pela moralidade na arbitragem (como ameaçou fazê-lo depois da partida contra o Flamengo) se a idéia for baseada na Lei de Gérson ou no popular “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Se todo mundo que já sofreu um assalto justificasse que outra pessoa fosse assaltada para compensar sua perda, onde a gente estaria? Fair play? Palavrinha bonita que a FIFA inventou para que técnicos, jogadores e dirigentes pudessem jogar pedra nos outros. Esquecendo é claro, que também têm telhado de vidro...

segunda-feira, maio 07, 2007

Se torcida não ganha jogo...

"A nossa torcida foi uma decepção, uma vergonha. Uma das grandes razões da derrota, independente do juiz e do bandeira, foi o não comparecimento do nosso torcedor. Se ele não nos ajudar, não ganhamos a Copa do Brasil, que é uma guerra. A torcida tem de dizer presente e prestigiar, o que ela não tem feito’. Depois do Bebeto de Freitas, foi a vez de Carlos Augusto Montenegro, vice-presidente de futebol alvinegro. Eu dizia num dos posts anteriores que os torcedores do Flamengo tem méritos por não acreditar no chavão “torcida não ganha jogo”. Só que nesta segunda, pelo que vi nas ruas, pelo que li e ouvi nos noticiários – incluindo as declarações dos dirigentes botafoguenses – o chavão precisa ser alterado. Porque por tudo que está sendo falado, torcida não ganha jogo, mas pode ajudar a perder.

domingo, maio 06, 2007

Camisa 10, nota dez

O autêntico camisa 10 da Gávea É o camisa 10 da Gávea!
Mais do que o título carioca, a torcida do Flamengo tem outro motivo de comemoração: Renato Augusto. Como há muito tempo não se via, um prata-da-casa veste a camisa 10 sem sentir seu peso e com ela desfila com futebol vistoso e eficiente. Desde Petkovic, herói do tri em 2001, é o primeiro camisa 10 que não faz Zico ficar vermelho (de raiva e vergonha).
Renato Augusto veste a 10 rubro-negra e a 10 rubro-negra veste Renato Augusto. É um casamento que tem tudo para dar certo a médio-prazo. Digo médio-prazo porque, infelizmente, é difícil segurar um talento no futebol brasileiro. Que seja um feliz casamento enquanto dure. Renato Augusto: um camisa 10 nota dez.

Onde está a diferença?

Torcida do Flamengo faz a diferença
Nas arquibancadas do Maracanã, o fator decisivo para o título.
O Botafogo foi melhor nos dois jogos das finais do Campeonato Carioca. “Dos quatro tempos das duas partidas da decisão, o Botafogo foi melhor em três”, declarou Cuca. E ainda assim, o time perdeu o título para o Flamengo. O que fez a diferença a favor do time rubro-negro?
A diferença entre o Flamengo e o Botafogo não se fez dentro de campo. Prova disso é que os três jogos entre as duas equipes terminaram empatados (3 a 3 no 1º turno; 2 a 2 no 1º e 2º jogos das finais). Nos dois últimos, o alvinegro foi melhor a maior parte do tempo (ou dos tempos, como prefere Cuca). O fiel da balança se fez fora do campo: nas arquibancadas, nas cadeiras, na renovada geral. Talvez seja repetitivo falar da torcida do Flamengo e da sua força. É o time mais popular do país, não? Então, vamos reverter um pouco o ângulo, vamos fugir do lugar-comum. Vamos falar da torcida do Botafogo. Sem dúvida, o alvinegro é uma boa equipe, a despeito da falta de grana. Tem jogadores que mantém boa regularidade nos jogos e jogadores que podem fazer a diferença: Dodô, Zé Roberto, Lúcio Flávio. No entanto, chega a final e nas arquibancadas, o que se vê são botafoguenses em número infinitas vezes menor que o número de flamenguistas. Fico imaginando a cabeça dos jogadores de um e outro time quando entram no gramado e olham o estádio. Será que não faz mesmo diferença?
Eu penso que sim e não penso sozinha. Até o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, reconheceu isso. "Fico triste com a torcida que não comparece para ajudar, principalmente numa decisão. Esse time merece apoio total e irrestrito dos alvinegros. Peço que eles venham em grande número no jogo contra o Atlético-MG, quinta-feira, pela Copa do Brasil”.
O título está na Gávea e alguns vão dizer que não teve nada a ver com os torcedores que foram ao estádio. Há quem possa argumentar com o chavão “torcida não ganha jogo”. Pode ser. Mas bem faz a torcida do Flamengo quando deixa isso de lado e faz questão de acreditar que, se alguma coisa pode fazer a diferença na hora da decisão, é ela.

Os números e o futebol

Toda transmissão é a mesma coisa: estatísticas e mais estatísticas tentando ratificar teorias, atuações, esquemas táticos e problemas técnicos. Herança direta de esportes como o basquete (o tal scout começou a dar as caras aqui com o televisionamento da NBA) e do vôlei. Mas tem uma grande diferença: esses dois esportes podem ser traduzidos em números; peguem um milhão de estatísticas do basquete ou do vôlei e a possibilidade desses números traduzirem o vencedor do jogo é enorme. Mas no futebol não. O futebol não pode exagerar desse recurso. Mas é que todo jogo, o torcedor é metralhado com número disso, scout daquilo, contagem aqui, estatística acolá. E a grande maioria não representa muita coisa. Não acrescenta nada. No entanto, o tempo todo a gente é obrigado números que dizem sei lá o quê, tipo: “o time A marcou 53,6% dos gols na temporada entre os 2 e os 7 minutos do segundo tempo”; “fulano já marcou 4,7% dos gols de pé esquerdo, 90% com o direito, 5% de cabeça e 0,3% de joelho”. Chega! O futebol nunca foi nem será baseado na precisão das Ciências Exatas. Alguém quer uma estatística interessante? Prefiro uma, resultado de uma pesquisa do Laboratório Nacional Los Alamos, Estados Unidos, publicada ano passado. Nela, comprovaram que o futebol é o mais imprevisível dos esportes. Números? Bobagem... No futebol, os únicos números que interessam e realmente fazem diferença são aqueles que estão no placar.


*****


Esse são os números que fazem diferença no futebol
Um bom exemplo disso é a final do Campeonato Carioca de 2007. Não anotei, mas não tenho dúvidas que os números fariam do Botafogo campeão. Botafogo, aliás, que está há mais de uma dezena de jogos invicto no Maracanã nem perdeu clássicos neste Estadual; marcou gols em todas as partidas que fez no ano – exceto uma (contra o Atlético-MG). O campeão? Foi o Flamengo. Cujo ataque vive aos trancos e barrancos desde a saída do Obina; que tomou uma lavada de um timeco semana passada e que não venceu um clássico sequer no tempo normal no mesmo Campeonato Carioca. No entanto, o número que vale mesmo é o que aparece na foto. Daqui a trinta anos, vão lembrar que o Flamengo é o campeão de 2007 e não que, estatisticamente, o Botafogo merecia levar o caneco.

quarta-feira, maio 02, 2007

Amo muito tudo isso

Futebol: definitivamente AMO muito tudo isso!


Semifinal da Liga dos Campeões, quartas-de-final da Copa do Brasil, oitavas da Libertadores... Horas de futebol ao vivo na TV e nos estádios mundo afora. Plagiando o Mc Donald´s: amo muito tudo isso!

Milan x Liverpool: revanche ou repeteco?

Kaká conduz o Milan à Final da Liga dos Campeões Ele tem feito a diferença para o Milan

Nesta quarta (02/05), conhecemos a final da Liga dos Campeões. O Milan sapecou 3 a 0 no Manchester United e não só evitou uma final inglesa no melhor campeonato de clubes do mundo, como ainda ganhou a chance de uma revanche contra o Liverpool (que na temporada 2004/2005 saiu de um 3 a 0 para um empate em 3 a 3, arrancando o título da LC nos pênaltis).
Aconteça o que acontecer no próximo dia 23, em Atenas, se o Liverpool quiser o título, vai ter que parar Kaká, regente absoluto do rubro-negro italiano. E se Kaká levar o Milan ao título, vai dar uma arrancada e tanto para conseguir outra conquista: a de ser eleito o melhor jogador do mundo na atualidade. Como é um jogo só, tudo pode acontecer – uma revanche saborosa ou um repeteco apetitoso.

segunda-feira, abril 23, 2007

Semifinais da Liga dos Campeões



Começa nesta terça (24/04) a fase semifinal da Liga dos Campeões. O Milan vai à Inglaterra jogar contra o Manchester United, num confronto que vai colocar frente a frente os dois atacantes que mais chutaram a gol na competição: Cristiano Ronaldo, dos Red Devils, e Kaká, que também é o artilheiro da LC com sete gols. Os italianos lutam pelo sétimo título europeu e também para não deixar que a final 2006/2007 seja 100% inglesa pela primeira vez na história. Desde que foi criada, em 1955, a competição só viu duas finais entre equipes do mesmo país: na temporada 1999/2000, com Real Madrid x Valencia; e na temporada 2002/2003, com Juventus x Milan.


***


Na quarta, é a vez de Chelsea x Liverpool (segundo e terceiro colocados, respectivamente, na Premier League) entrarem em campo. Tomara que os ingleses façam confrontos acirrados somente dentro das quatro linhas. Deus salve o bom futebol (e a Rainha se tiver um tempinho sobrando).

***

Falando em Liga dos Campeões, a “versão feminina” do torneio já está nas finais. O Umeå IK, time de Marta, perdeu em casa, nos acréscimos, para o Arsenal. Dia 29/04 tem o jogo de volta na Inglaterra. Sim, a competição das meninas tem dois jogos decisivos e não um, como na Liga dos Campeões (coisa que, aliás, eu realmente não entendo, nem do ponto de vista técnico muito menos do financeiro).

Imagens: Adaptação Uefa.com

domingo, abril 22, 2007

Deixem Messi ser Messi


Como não podia deixar de ser, o assunto mais badalado da semana foi o golaço de Messi. A perícia da jogada, a nacionalidade do jogador e a arrancada lembraram outro gol, feito por outro argentino. Sim, o gol de Messi foi semelhante ao gol de Maradona na Copa de 86. Imediatamente, começou a enxurrada de comparações. É o “novo Maradona”. É o “Messidona”. “É o meu sucessor”, nas palavras do próprio Diego quando viu o gol do jovem jogador do Barça do hospital onde está internado.

Futebol é assim mesmo. Quando Maradona surgiu, com certeza disseram coisas tipo “é o novo Di Stéfano”. Maradona despontou e escreveu sua história. Virou ele mesmo a referência, o ícone a ser igualado.

Então, vou na contramão agora para pedir: deixem Messi ser Lionel Messi. Ele só tem 19 anos. Fez uma obra-prima que o futebol não vê todo dia. Mas não foi só esse gol: quem acompanha o Barcelona, sabe que ele tem um potencial enorme, um repertório inesgotável. É um jogador exuberante, raro.. Messi tem direito a ser apenas Messi. E ‘apenas’ aqui não tem intenção de diminuí-lo. O ‘apenas’ denota o sentido de ser único. Como ele é.

O futebol precisa ver o nascimento de outros mitos; a nova geração precisa ver o surgimento de novas referências. Por isso, sinceramente, não acho que o futebol não precisa de outro Maradona. Até porque acho que o mundo já anda perdido demais para ter mais um gênio dentro de campo e uma figura tão digna de pena fora dele. Torço mesmo, cruzo os dedos para que Messi não tenha nada de Maradona. Faço votos que ele deslumbre, encante, surpreenda dentro de campo e seja um exemplo fora dele (como Maradona nunca foi). Que não enverede por determinadas encruzilhadas que o caminho da fama e do sucesso costumam cruzar. Que ele seja o ícone de atleta magistral nas quatro linhas e de ser humano notável fora dele. E quanto mais leio todas as notícias sobre o estado de Maradona e seus problemas de saúde, sua arrogância – a ponto do médico dele afirmar que o craque se acha “um Deus”, seu desequilíbrio e sua inabilidade para lidar com o que seu talento construiu, mais eu desejo que não esteja vendo o “novo Maradona”.
Deixem Messi ser Messi. Porque acho que isso vai ser mais do que suficiente para este brilhante argentino escrever seu nome na história do futebol mundial.

Mais golaços

A exemplo de Messi, o brasileiro Diego também fez um golaço essa semana, marcando do meio-campo na vitória do Werder Bremen contra o Alemannia Aachen. Verdade que não se compara à obra-prima do argentino, mas é um belo gol sem dúvida nenhuma.



Vale citar também o gol do ex-flamenguista Jônatas, do Espanyol, feito na rodada da semana passada, contra o Atlético de Bilbao. Assim como o gol de Diego, foi marcado de muito longe.

quarta-feira, abril 18, 2007

O novo “MESSIas” do futebol-arte

Sou brasileira, ele é argentino. Mas isso não é suficiente para que eu deixe de admirá-lo. Quando digo que Lionel Messi ainda terá o mundo a seus pés, não é exagero. Isso acontecerá, de fato, porque a Terra é redonda. Igual à bola. E Messi faz com a bola o que quiser: é, sem dúvida, um artista raro, um jogador destinado a produzir antologia.

O golaço que fez pelo Barcelona contra o Getafe, nas semifinais da Copa do Rei, é do tipo que entra para uma seleta galeria de obras-primas do futebol mundial. Aliás, que bom que a competição tem o nome de “Copa do Rei”. Nada mais adequado para aquele que é o novo “MESSIas” do futebol-arte.