Site Meter Sem Salto Alto: Querendo aparecer...

quarta-feira, maio 30, 2007

Querendo aparecer...

Acredite: à direita, temos um chefe de Estado
Os caminhos da política e do futebol se cruzaram e se cruzam em várias ocasiões na História. Geralmente, com a primeira tentando se beneficiar do grande poder mobilizador do segundo. E como já era de se esperar até por sua postura política (ou seria a falta dela?), chegou a vez de Evo Morales entrar nesse campo. Até que demorou para o boliviano vestir a camisa dos que gostam de se auto-promover às custas do futebol. Hugo Chávez, da Venezuela, já está tirando casquinha da realização da Copa América deste ano em seu país para isso.
E agora, o coleguinha boliviano ameaça fazer barulho para convencer o Joseph Blatter, presidente da Fifa, a desistir da decisão de vetar jogos em locais acima dos 2.500 metros de altitude. Para isso, promoveu o “Dia do Desafio” com objetivo de mostrar que a prática de esportes é possível na altitude. Para dar exemplo, bateu uma bolinha na Praça Murillo, em frente ao Palácio de Governo da Bolívia.
Bom, a Fifa em momento algum proibiu partidas na altitude e sim partidas internacionais. Porque para quem está acostumado, jogar bola a sei lá quantos mil metros acima do mar é fácil. O problema é para quem vem de fora. E não adianta comparar altitude com calor de 40 graus ou frio abaixo de zero. Porque Sol escaldante ou frio congelante afetam as duas equipes em campo; altitude não. Afeta um dos lados somente. E isso é sim, fator de preponderante favorecimento a um dos lados. Sou carioca, acostumada a temperaturas altas e a ver capeta se abanando nos dias de verão intenso. Mas me chamem para praticar qualquer esporte sob o Sol de meio-dia... Eu também vou sentir a temperatura. E também vou ficar com três palmos de língua para fora. Na altitude isso não acontece. Ou alguém já esqueceu do Flamengo x Real Potosí, no qual os jogadores rubro-negros se arrastavam e caíam em campo necessitando de balões de oxigênio enquanto os adversários corriam como carros de F1?
Bonito o discurso de Morales, dizendo que “vai bater às portas da Fifa a qualquer hora e sob qualquer circunstância para que saiba, entenda e compreenda que há um país de pé, e um governo que não vai permitir este veto à Bolívia”. Nada pessoal... Mas para mim, é coisa de quem está querendo aparecer.

P.S.: Não consigo levar a sério um chefe de Estado que se propõe a jogar bola numa praça... Por mais que eu considere o futebol muito importante, tenho certeza que a Bolívia tem outras urgências (a começar por cumprir alguns contratos que Morales andou ignorando).
Foto: Reuters

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