Site Meter Sem Salto Alto: Abre o olho, Flamengo

sexta-feira, março 07, 2008

Abre o olho, Flamengo

Flamengo no Uruguai: time perde para o próprio desequilíbrio

Recentemente, fiz um post aqui no “Sem Salto Alto”, no qual eu destacava o fraco nível dos times pequenos no Estadual do Rio e o quanto isso poderia ser prejudicial aos clubes grandes em competições de maior porte, com adversários mais preparados. Por ironia do destino, quem dá mostras de que sente essa diferença é exatamente a equipe que conquistou o 1º turno no Rio.

É impressionante a diferença entre o Flamengo da Libertadores e o Flamengo do Estadual. Neste, o rubro-negro caminha fácil, superando uma ou outra dificuldade sem grandes esforços. Já na competição mais importante do continente latino-americano, o clube da Gávea tem dificuldades de se impor aos adversários, sofre com lapsos emocionais e desequilíbrio técnico, tático e o que mais vier pela frente.

O turbilhão de vitórias no campeonato regional encobre algumas falhas que Flamengo tem. Uma delas? O time não sabe jogar fora de casa. É um visitante sedentário: não se esforça, não faz nada. Já na impressionante arrancada no Brasileirão 2007 isso ficava claro. É um fato muito grave para um clube grande. O horizonte flamenguista só traz perspectivas reais de vitória em seu próprio quintal. Fora dele, o Flamengo encolhe-se, desequilibra-se, já entra derrotado por si mesmo. Para piorar esse aspecto, o Estadual não deixa os clubes grandes jogarem “fora de casa”.

Outra falha? O time não tem batedor de faltas. Podia ser um cara que soltasse a varada ou fizesse a cobrança como quem usa a mão. O Flamengo não tem nem um, nem outro. Então, jogadas de ataque muitas vezes são ceifadas perto da área, sem grandes preocupações para os adversários. Não adianta ter jogadores habilidosos, que possam decidir numa jogada individual, porque é raro ver gente fazendo gols depois de driblar meia dúzia. É por isso que o Messi é endeusado cada vez que faz isso – mas na Gávea não tem Messi, só o “primo pobre” dele.

Mais um erro: o clube não aprendeu com a eliminação precoce da Libertadores em 2007. Pior: se aprendeu alguma coisa, aprendeu errado. Diante de adversários tecnicamente mais fracos, o Flamengo faz tudo, absolutamente tudo, para fazê-los crescer. Como foi na derrota para o Nacional – que apesar da tradição, é sim, um time sem grandes mistérios. Íbson esmerou-se em errar passes, até errar a saída de bola que deu origem ao primeiro gol uruguaio. Bruno, uma das peças mais importantes, falhou como poucas vezes se vê um goleiro do nível dele fazer. Sem contar com a infantilidade inexplicável do Toró e o sempre regular Léo Moura tentando virar Bruce Lee num lance no meio-campo.

É, o Flamengo precisa abrir o olho. Para um clube que quer tanto chegar ao Japão, é preciso lembrar que não se chega lá com viradas sobre o Resende ou goleadas sobre o América. A Libertadores é o caminho. Mas para andar por ele, o Flamengo precisa achar a bússola que norteia as grandes conquistas (algo que o clube, ao que parece, não lembra mais o que é).
Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo

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