Site Meter Sem Salto Alto: Quando a estrela não brilha...

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Quando a estrela não brilha...


Botafogo no vestiário: depois de perder o jogo, o time perdeu a razão

Já disseram uma vez que é muito fácil ser nobre quando se vence. Acho que é verdade. Por outro lado, também é muito fácil ser pobre de espírito quando a derrota aparece. E isso ficou muito evidente neste domingo, na decisão da Taça Guanabara.

As coisas que foram ditas no vestiário do Botafogo em nada combinam com a decantada seriedade administrativa que o clube tenta implantar. As palavras, o cenário, os atos e os gestos... Tudo errado. Com perdão antecipado pelo trocadilho, se há algum manual de conduta para as coletivas de imprensa no futebol, o “Fogo” queimou.

Erros de arbitragem? Sim, eles aconteceram. Aconteceu quando Marcelo de Lima Henrique não deu um recuo de bola do Léo Moura para o Bruno; aconteceu quando ele expulsou Zé Carlos e não Castilho; aconteceu quando ele deixou que os jogadores dos dois times o peitassem sem tomar a atitude devida. Errou ao não expulsar Ferrero, que poderia ter feito com Cristian o que Martin Taylor fez com Eduardo Silva no sábado. Mas não, ele não errou ao dar o pênalti, no qual Fábio Luciano quase ficou sem camisa; também não errou ao expulsar Lúcio Flávio, cujo comportamento não foi o de um monge beneditino. Por tudo que vi, os erros mais decisivos foram do próprio Botafogo.

Errou Cuca, ao recuar demais o time quando estava em vantagem e oferecer campo à reação adversária. Errou Lúcio Flávio, capitão da equipe, ao receber um justo cartão amarelo por reclamação e perseguir Juan, até derrubá-lo por trás, num lance próximo à área do...Flamengo! Errou Wellington Paulista, perdendo gols que poderiam ter escrito outra história. Errou a diretoria, quando montou um elenco bom e esforçado, mas sem peças de reposição.

Aos erros em campo, somam-se os erros fora dele. O volante Túlio afirmou que “se pudesse não jogaria mais o Campeonato Carioca e que se fosse o torcedor botafoguense, não iria mais aos jogos”. Montenegro disparou contra a Federação e a Comissão de arbitragem, acusando-os de serem “rubro-negros de cabo a rabo” e “de apitarem com a camisa do Flamengo por baixo”.

E a Bebeto de Freitas, autoridade máxima do clube, coube o papelão maior: renunciar ao cargo, alegando que “comandava o clube há seis anos e estava cansado de tudo”. Logo depois, retirou os jogadores do vestiário, alegando “que não tinham condição emocional de estar ali”. Foi o único acerto dele. Aliás, meio acerto. Se não tinham condição emocional de estar ali, não deveriam nem ter aparecido no vestiário.

O Botafogo esqueceu de uma frase que bem podia estar estampada no pára-choque do caminhão de erros que o atropelou. Frase batida, mas que serve como luva: “se sua estrela não brilha, não tente apagar a estrela alheia”.

Foto: André Durão/ Globoesporte.com

7 comentários:

Unknown disse...

Glaucia... olha, é de se pensar. Quando eu penso que já vi de tudo no futebol, vejo uma patuscada dessas. Assistindo a coletiva ontem, eu não sabia se ria, se tinha dó do torcedor botafoguense ou o quê.
Que papelão, mulher! Foi uma vergonha! Cada um daquele merecia que a mãe olhasse no fundo dos olhos e dissesse: "Coisa feia!"

Foi mais feio que a lesão do Eduardo.

Abraços!
http://pandegosepatuscos.blogspot.com/

Victor Hugo Antinossi disse...

Um erro não justifica o outro...mas se todo agarrão dentro da área fosse sinônimo de pênalti, teríamos no mínimo 30 por jogo. E por quê só marcaram para o Flamengo?
No futebol a única coisa que não existe é inocência. O zagueiro Fábio Luciano também puxou Ferrero, mas como o árbitro estava posicionando de frente para "a falta cometida" por Ferrera, ele achou melhor marcar a favor do rubro-negro.

Mas enfim, o Fla conquistou 1/3 do Campeonato Carioca. Comemorar pra quê? Não ganharam nada ainda!

Douglas disse...

Blog bacana. Parabéns. Me dei à liberdade de fazer uma análise um pouco maior aqui:
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O segundo cartão amarelo de Lúcio Flávio, por falta em Juan, foi bem aplicado. Não sei se o primeiro cartão do capitão alvinegro foi merecido, após reclamar da penalidade máxima que originou o gol de empate do Mengão. Provavelmente deve ter falado algo bem mais grave do que Ibson, que, com todas as palavras, mandou o magnânimo homem do apito "ir tomar no c*" e sequer levou cartão, ou do que Jorge Henrique, do Botafogo, que chamou o assistente de "palhaço" e também ficou na boa."
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Léo Moura abusou do jogo de cena. Igual a Jorge Henrique. A diferença é que as "quedas" do moicano rubro-negro viravam faltas - uma delas dando origem ao lance do penal.
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O pênalti a favor do rubro-negro realmente aconteceu. Mas, sabe como é, foi aquele tipo de penalidade que acontece em todo escanteio (se notarmos na repetição, ainda veremos que o Fábio Luciano puxa a sua própria camisa, pela parte da frente - os especialistas comeram bola aí).
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Souza, fraco centroavante rubro-negro que costuma ter sorte em decisões, merecia no máximo um amarelo. Acabou sendo expulso. O soprador de apito ainda escolheu um botafoguense para compensar a lambança. Se quisesse equilibrar as coisas, poderia ter mandado para o chuveiro mais cedo o péssimo Renato Silva. Preferiu expulsar Zé Carlos, que até então dava trabalho a Léo Moura.
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Ferrero merecia ser expulso. Cristian, no entanto, está longe de ser inocente na história: chegou na dividida por cima. Bobo é esse lugar-comum de M. Taylor norteando as análises dos especialistas.
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No último lance do jogo, na bola na trave de Eduardo, ele é puxado por Diego Tardelli. Pênalti.
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Mas estranho mesmo é que, tirando a decisão entre Botafogo e Flamengo, no Campeonato Carioca de 1989, em que o alvinegro saiu da fila, não me lembro de uma única final em que o Fla tenha sido prejudicado.
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O próprio Kleber Leite não consegue se lembrar, a ponto de ter declarado que a arbitragem do jogo de volta contra o Defensor, do Uruguai, foi o maior roubo em cem anos de Flamengo. Detalhe, não houve um único lance duvidoso. Apenas reclamaram que o árbitro deixou o jogo correr, não marcando as faltas, e não deu os acréscimos corretamente. Um chororô, aliás, que ecoou por semanas na imprensa.
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No entanto, posso fazer uma lista enorme, começando nos anos 80, naquele time de Zico, de decisões para lá de favoráveis ao clube da Gávea.Que digam os torcedores do Atlético-MG e do Grêmio.
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Em tempo, o título do Botafogo em 1995 foi "carmicamente" compensado em 1999, pelo mesmo M. Resende de Freitas, ao anular dois gols legítimos de Rodrigo, no primeiro jogo da final da Copa do Brasil, contra a Juventude, em Caxias do Sul. O mesmo vale para a última participação do alvinegro na Copa do Brasil. O erro contra o Atlético-MG foi compensado com os erros pró-Figueirense.
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A atitude dos botafoguenses, apesar de reprovável, é até compreensível, mas lamento que as pessoas tentem fazer uma cortina de fumaça com isso.
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Difícil é brigar contra a massa de manobra. Quando o Fla ganha campeonato - seja de maneira estranha ou não - os editores de esportes no Rio de Janeiro esfregam as mãos.
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Admiro a coragem de Lédio Carmona, por exemplo, que foi um dos poucos que não compartilhou dessa visão. Do clube que inventou as Papeletas Amarelas, eu não duvido de nada.

Anônimo disse...

Prezado Douglas Habibe,

Alguns debates, no esporte em geral, parecem-me como a discussão sobre o que veio primeiro, se o ovo ou a galinha. Mas algumas de suas análises me incentivaram a replicá-las. Vamos a elas:

1. Independente do fato do primeiro cartão amarelo dado a Lúcio Flávio ser justo ou não, nada, absolutamente nada justifica que o capitão do time, aquele do qual todos esperam liderança e experiência, dê um pontapé em um jogador adversário em um lance que não representava o menor perigo para a sua equipe. Logo, o responsável pela saída do jogador foi ele mesmo, como o próprio reconheceu.

2. Joguei futebol durante anos. E não sou inocente, também cavava faltas. Todos fazem, inclusive os gênios da bola. Pelé e Maradona, inclusive, jogavam a bola nas mãos dos zagueiros dentro da área. Mas a diferença é que estes não davam mergulhos acintosos olhando para o juiz. Sugiro assistir a "Pelé Eterno" para melhor entendimento deste comentário.

3. O pênalti realmente aconteceu, não cabe discussão quanto a isso. Afirmar que é o tipo de lance que quase ninguém assinala, é um argumento fraco por si só. Além disso, em quantos lances destes o jogador infrator quase arranca a camisa do adversário? E, baseado no meu comentário número dois, se o Fábio Luciano puxou a própria camisa, ele é craque - tanto da inventividade quanto do contorcionismo.

4. O soprador de apito não escolheu um botafoguense como compensação. Ele deu um cartão vermelho para o jogador que deu o chamado "pescoção" no Souza, no momento em que este tirou a bola do encrenqueiro Castilho. O próprio jogador do Botafogo, ao se debulhar em lágrimas ao lado de fora do campo, afirmou que apenas "foi proteger um companheiro", no caso o dito goleiro (que ainda por cima estava errado, porque há orientação da Fifa para dar cartão ao goleiro que atrasar a reposição de bola no momento do gol). Ele foi proteger o quê? Ele é segurança, por acaso?

5. Em 1986, quando Zico sofreu a entrada criminosa do jogador Marcio Santos, do Bangu, houve quem defendesse o jogador banguense afirmando, também com base em vídeo, que o Galinho entrou na dividida com o pé elevado. Como falei acima, joguei futebol muitos anos, e não há nada mais covarde do que o carrinho com o pé acima da bola, porque o impacto é frontal, concentrado em um único ponto, multiplicado pela velocidade do agressor. Dizer que o Cristian chegou com o pé por cima é, antes de mais nada, querer defender uma agressão covarde. Logo, nem vou me alongar muito neste item. M. Taylor deve ser citado, sim, como exemplo de covardia sempre, para que as pessoas não esqueçam. Bobo é quem não comenta. E esquece.

6. Os pontos que falam de um possível favorecimento ao Flamengo em finais de campeonato, jogos decisivos etc, prefiro concentrar em um comentário. Neste ponto, você me fez pensar. Acostumado a finais e jogos decisivos, fiquei pensando sobre o que poderia causar esta sensação nas pessoas. E me veio à mente a história de El Cid. El Cid foi um líder espanhol da época que estes combatiam os mouros para reconquistar a Península Ibérica. Os muçulmanos tinham verdadeiro horror a El Cid, guerreiro implacável com os inimigos e inspiração para os comandados. Até que, no que seria a penúltima batalha pelo território, El Cid foi gravemente ferido, vindo a falecer. Ao saber da notícia, os mouros ficaram exultantes e foram confiantes para a derradeira batalha. Mas os espanhóis amarram o corpo de El Cid em um cavalo e o colocaram à frente de seu exército. No momento da luta, ao verem El Cid liderando as tropas espanholas, os mouros acharam que tinham caído em uma armadilha e simplesmente fugiram de pavor. O simples nome e a postura de El Cid foram determinantes para a Vitória. Pensei nesta história porque, talvez, existam clubes como El Cid. Talvez a postura em campo e fora dele, o nome, o tamanho, gerem no adversário e nos demais humanos participantes o temor que El Cid criava em seus inimigos. Quem sabe? Também não me lembro de Milan, Real Madrid, Manchester United serem "prejudicados" em finais de campeonato.

7. Quanto aos editores de esporte esfregarem as mãos, peço compreensão de sua parte. A torcida do Flamengo é, no Rio de Janeiro, maior que todas as outras torcidas somadas. Se você fosse editor de esporte, também esfregaria as mãos.

8. Quanto às papeletas amarelas, foi realmente um episódio lastimável. Mas cada um com seu pecado. O alvinegro saiu do jejum de 21 anos sem títulos bancado por um bicheiro.

Douglas disse...

Maurício Henriques,
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Releia meu comentário: "O segundo cartão amarelo de Lúcio Flávio, por falta em Juan, foi bem aplicado"
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Talvez, equilibrado seja Ibson que, sendo um dos líderes do time, mandou com todas as palavras o árbitro "tomar no c*".
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Ou Souza em que em todas as divididas que participa abusa de tapas, cotoveladas e pontapés.
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Ou Obina que, se valendo da imagem de "bom selvagem", se dá o direito de ser desleal com seus companheiros de trabalho.
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Ou Juan, que não consegue passar dois jogos sem tomar um cartão.
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Ou Joel, que, na beira do campo, já chegou ao destempero de mandar seus comandados "baixarem a porr*da".
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Como você "jogou futebol por muitos anos", provavelmente deve saber que quando o juiz quer prejudicar, ele acerta. E estou longe de dizer que o árbitro foi comprado. Com certeza ele viu todo lance da confusão.
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A "agressão selvagem" de M. Taylor é mais uma invenção da passional imprensa verde-amarela. Foi acidente de trabalho. O que ele fez, quem “jogou futebol por muitos anos” já cansou de fazer. Nesta temporada, o estabanado zagueiro inglês sequer tinha um cartão amarelo. Você, que “jogou bola por muitos anos" deveria saber o que é uma entrada maldosa. O tio ajuda: http://www.youtube.com/watch?v=vF0xeo5uZmw
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Aliás, Pelé, que como você cavava faltas, já fez coisas piores do que M. Taylor em campo. Que pena, isso não saiu no Pelé Eterno. Tem gente, por exemplo, que acha sensacional a cotovelada covarde e desleal de Pelé em Matosas (ou seria o Fontes?). O próprio técnico do Arsenal se desculpou pelas declarações destemperadas depois de rever o lance. Inocente é quem cai em movimentos encampados por jornalistas. Presumo que a imprensa verde-amarela é que esteja correta...
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Com todo o respeito, mas a torcida do Flamengo que viu seu time perder do Santo André, do Independiente (no jogo do "apitasso", na final da Supercopa 1995) ou do Grêmio (na final da Copa do Brasil) ou agora, do Flu, por 4 a 1 estava longe de ser comparada a qualquer épico pré-Iluminismo. Estava mais para um Exército de Terracota. Mas lamentável mesmo é a nova mania da torcida rubro-negra de surrupiar gritos de outras torcidas do país (até do Corinthians, mano?). Em tempo: o excelente “Acima de tudo rubro-negro” nem se compara com esse pastiche que cantam desde o ano passado nos estádios. Está na hora da torcida do Fla – aquela em que os torcedores conseguem brigar entre si – inventar algo mais charmoso, no nível do “Acima de tudo...”
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E um clube que tem Kléber Leite, amigo da Traffic, como dirigente, não pode ser considerado exemplo de lisura. Curiosamente é o maior devedor de impostos da União e durante anos recebeu gordos repasses de patrocínio federal sem questionamentos da, digamos, "imprensa" (o que é proibido por lei). Por muito menos, Eurico foi transformado num bandido. O que eu vou sugerir aqui? Hum, tem o relatório da CPI do Futebol. São mais de 600 páginas esclarecedoras sobre quem é quem no futebol.
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Se você tiver um amigo italiano que "jogou futebol durante anos" saberia que o ajudado-mór da Bota é a Juventus. Mas, apesar disso, num escândalo parecido com o da Papeletas Amarelas, a Vecchia Signora foi rebaixada (o mesmo já aconteceu com o Milan). O que não acontece por estas bandas.
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Infeliz sua comparação do Fla com o Real Mardid, um time que durante anos representou os interesses do franquismo. Que vendeu terreno hiper-mega-superfaturado para a prefeitura de Madri e assim fazer caixa nos aos 1990. Ou será que faz sentido?
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Baseado na relação Walter Clark/Famengo, acho que a história do clube está mais para Cidadão Kane do que para El Cid. O El Cid é o que eles querem que você acredite. E você acreditou.
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Justificar a sujeira que o Flamengo fez nas Papeletas Amarelas - um caso comprovado de CORRUPÇÃO ATIVA no futebol - com o bicheiro Castro de Andrade, só mostra "isenção". Aliás, o malufismo se criou com esse pensamento. Esportivamente, o que seria pior, lavar dinheiro ou comprar arbitragens? A resposta com você
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Nunca seria editor de esportes de um grande veículo de comunicação. Minha relação com os meios de comunicação tem mais a ver com Ignacio Ramonet e o Le Monde Diplomatique. Sorte da massa de manobra, que está livre de mim.
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Não é que eu "joguei futebol por muitos anos" também? E mesmo dando caneladas, continuo jogando. Afinal, como bom brasileiro, eu não desisto nunca. Não vou ser conformista, acho que me faltou um bom empresário.
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Abçs

Anônimo disse...

Prezado tio Habibe,

Vi a sua tréplica e não resisti em fazer mais alguns comentários. Espero que os entenda pois eu, como parte da massa de manobra, posso não estar à sua altura em me fazer compreender.

a) Releia o meu comentário sobre o caso Lúcio Flávio: “o primeiro cartão amarelo também foi bem aplicado.”

b) Vou me abster de falar sobre os jogadores do Botafogo. Quem sou eu para falar daqueles anjos?

c) A frase “quando o juiz quer prejudicar, ele acerta” é tão estranha e confusa que vou relevar. Acho que você estava em grande emoção ao escrevê-la. Vou enviá-la à Fifa e sugerir que, para não prejudicarem, os árbitros passem a errar ainda mais.

d) O fato de M.Taylor não ter cartão amarelo não o inocenta. Há muitos criminosos réus primários. O tamanho da pena está relacionado ao tamanho do crime, não dos antecedentes.

e) Você nunca cavou faltas? Nunca deu ou recebeu uma entrada mais forte? Ah, já sei. Quando o juiz errava a favor do time do tio, você prontamente indicava ao juiz a marcação correta.

f) Lembro ao tio, sofredor de memória seletiva, que o torcedor rubro-negro morto no centro da cidade do Rio há alguns meses foi espancado até a morte (repito: espancado até a morte) por torcedores do Vasco e do Botafogo. E espero que o seu desejo de que a torcida do Flamengo crie músicas originais tenha sido saciado na última quarta-feira. Vai me dizer que a música do chororô não é original?

g) Como eu disse antes, cada um com seus pecados. Não vi nenhum comentário do tio sobre o “contraventor” que foi presidente.

h) O que aconteceria na Itália se o presidente de um clube fosse integrante da Camorra ou da Máfia? Peço sugestões, pois minha imaginação é fraca.

i) sugiro mandar o seu comentário sobre o Real Madrid para a Fifa, que elegeu o clube merengue o clube do século. Ao mesmo tempo, peço para entrar em contato com o Ministério Público e procure saber como anda o caso dos juízes cariocas envolvidos com venda de sentenças e que “olhavam” com carinho para processos nos quais um clube alvinegro carioca estava envolvido. Ah, você não se lembra? Que é isso, tio. Memória seletiva? Em uma pessoa tão ética?

j) Bem eu vou dar o braço a torcer. Procurei ironizar as teorias da conspiração com a história do El Cid, mas relacionar Walter Clark/ Flamengo/ Cidadão Kane é demais. Ponto para você. Nem o roteirista de Tropas Estelares poderia ser tão criativo.

Usei a história do El Cid como ironia. Como o tio não entendeu, vou explicar. Como a teoria da conspiração estava interessante, achei por bem criar uma história também interessante para contrabalançar. Aliás, acredito realmente que o Botafogo sempre foi um perseguido. Aconteceu em 1907. Aconteceu em 1971. Ôpa, será que o Fluminense está envolvido no complô universal para prejudicar o Botafogo?

l) a resposta sobre o que é pior (lavar dinheiro ou comprar arbitragens) está no Código Penal. Ambos são crimes e devem ser punidos, de acordo com a lei. Mas, desculpe a insistência, não me lembro do tio comentar sobre o “contraventor” que foi presidente do Botafogo...

m) Sobre o seu comentário de que nunca seria editor de um grande veículo de comunicação, achei que o se acha melhor que a “massa de manobra”. Agora, pergunto ao tio: massa de manobra de quem? Na Le Monde, por exemplo, achei muito interessante um artigo recente “revisitando” a “liderança” de Stálin. A não ser que o tio, além de memória seletiva para casos de corrupção, tenha também critérios seletivos sobre ditadores. Ah, já sei. É tudo invenção da mídia. Deixe-me ver se adivinho: você acha o Fidel um democrata incompreendido.

n) Quando eu digo “jogar futebol” não é pelada de fim-de-semana. É ser federado e disputar campeonato carioca ou metropolitano. Se não, não dá para comparar. É a mesma coisa que brincar de paintball e sair dizendo que já participou de tiroteio. Em tiroteio de verdade, não dá para ficar dando caneladas.

Acrescento que estou me divertindo muito. Geralmente converso sobre estes assuntos em mesa de bar. A cerveja gelada me ajuda em tentar entender os argumentos às vezes incongruentes que só o futebol faz as pessoas soltarem sem pensar.

Abraços,

Mauricio Henriques

Douglas disse...

É que o tio é burro, caríssimo MH
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Mas graças a meu Gardenal, consigo colocar as idéias no lugar algumas vezes, sem convulsões.
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Le Monde Diplomatique hoje em nada tem a ver com o Le Monde. São veículos completamente diferentes, tanto na estrutura quanto na linha editorial. Comeu bola, "federado".
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Quem disse que sou botafoguense, ético, castrista ou direitista? Só não tento convencer os outros que um crime pode ser justificado por outro, nessa redenção pastiche de Dostoiévski. Nem sou ladrão ou lavador de dinheiro. Já participei de tiroteio e desconfio de quem se esconde atrás de títulos, reconhecimentos e valores morais. Contraditório, não?
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"Quando o juiz quer prejudicar, ele acerta" - declaração clássica proferida pelo recente ladrão-mór do futebol brasileiro, Edílson Pereira de Carvalho. É claro que a frase é quase uma metáfora caetana para quem tem um senso tão apurado de ironia.
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Aliás, O rei das ironias pré-Iluminismo não entendeu meu questionamento sobre a sua visão no caso Castor. Quer que eu faça uma ironia pré-Iluminista ou algo mais rebuscado, usando O Leviatã, "federado"?
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O "torcedor" rubro-negro cruelmente assassinado estava caminhando em paz na rua e de repente se viu atacado covardemente, não é mesmo? Não vou fazer aqui um julgamento utilitarista, mas cada um traça o seu próprio caminho, e pela ficha corrida e as companhias do pobre Germano Soares da Silva...
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Realmente, M. Taylor é um criminoso. Tenho medo do que possa acontecer com ele na prisão lúdica dos justiceiros da bola, com companheiros de cela como Ronaldinho Gaúcho e Pelé (ambos com passados de lances criminosos - esquecidos ou outrora celebrados pela puritana imprensa canarinho e pelos calhordas dos bons costumes), ou com os "monstros" e "criminosos" da Escola Base. Essa nem adianta discutir com o amigo "federado".
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É completamente despropositada a viagem Walter Clark/ Rede Globo/ Flamengo obviamente. Ainda que WC tenha sido vice-presidente do clube da Gávea na fase de ouro do rubro-negro, ainda que tenha sido o homem forte da emissora dos Marinho, ainda que tenha forjado o "padrão Globo de qualidade", ainda que a emissora carioca tenha veiculado uma série de reportagens "isentas" sobre as polêmicas arbitragens que envolveram o rubro-negro em algumas das conquistas do início dos anos 1980 (o que não desmerece aquele esquadrão). Talvez eu tenha de aumentar a minha dose de Gardenal, afinal “isenção” marcou o jornalismo global desde sempre.
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Falando em Gardenal, o remedinho tem efeitos colaterais terríveis. Não é que eu me sinto um Deus, acima do bem e do mal? Logo, não me incomodei nem um pouco com o grito da torcida ou com o rei do tiro, Souza. Ridículo mesmo é surrupiar cantos da torcida do Corinthians, maculando as arquibancadas do Maracanã com aqueles cânticos sem qualquer tipo de charme Made in São Paulo. Até dá para perdoar o plágio descarado da musiquinha sensação "Mengo time de tradição", surrupiado sem dó nem piedade da torcida do Inter. Uma lástima para uma torcida que sempre criou moda nas arquibancadas. Hoje, ela copia.
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Acho que não vou mandar o comentário para a Fifa, que elegeu o Real Madrid como o "Clube do Século" dentro do campo. Fora, poderia ser eleito também, já que a maneira de fazer negócios é bem parecido com os bastidores da Dona do Futebol, que por anos teve como parceira a lavanderia ISL.
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Na Itália de Silvio Berlusconi, dono do Milan, quase-mafioso e irmão ideológico de Castor, não aconteceu muita coisa, não. Nada na verdade (quer dizer, ele foi primeiro-ministro). Punição para quem manipula resultados, compra juízes ou jogadores (como aconteceu nas Papeletas Amarelas no primeiro exemplo), até que houve, com rebaixamento do Milan no início dos anos 1980, com o Tottonero, e da Juve recentemente.
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Eu não estou me divertindo. Não posso misturar álcool com Gardenal.Por isso, tenho de me divertir com a turba do alto da minha torre de marfim e do meu ego anabolizado por doses cavalares de enobarbital, desfilando a minha cultura inútil.
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Em respeito a este simpático blog, limito aqui minha participação com essa tréplica ao também simpático "federado" MH. Injúrias, difamações, calúnias, spams, trojans ou vírus para este e-mail por favor: bicudafc@gmail.com .
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Obrigado.