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quinta-feira, outubro 18, 2007

A consagração

Ricardo Izecson dos Santos Leite. Para o futebol, para a bola, simplesmente Kaká. Na Seleção, é o sete. No Milan, o camisa 22. No mundo, o número um.

Não sei o que vai determinar a eleição de melhor jogador da Fifa este ano. Mas não vai mudar o fato de que Kaká é sim, o melhor na atualidade. Confesso que não via nele nada mais que um bom jogador quando começou. Queimei a língua e digo isso até com certo orgulho. Fosse ele unânime desde o início, talvez não chegasse onde está.

Os dois gols no Maracanã ajudaram a construir a goleada brasileira contra o Equador. E ajudaram a construir o coro “Ah, melhor do mundo” no estádio. Coro unânime. Foi a consagração de um jovem jogador. Foi a consagração de um grande craque.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Sem gols, sem graça, sem futebol...

Domingo teve futebol na telinha. Estréia da Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa de 2010. E a partida se encaixou como luva na programação dominical da TV aberta: foi ruim do começo ao fim. Parecia até novela: alguns nomes de peso atuando, mas sem conseguir anular a grande baboseira que serve como pano-de-fundo. O placar foi injusto. O zero a zero não dimensiona o quanto doeu nos olhos assistir ao jogo. Se fosse possível, "menos um a menos um" seria o resultado ideal.

O futebol do Brasil foi pequeno. Futebol-anão, para ser mais exata. Como o Atchim, o Dengoso, o Feliz, o Soneca, o Mestre, o Zangado e claro... O DUNGA.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Raio-X dos indicados da Fifa

Riquelme: único dos indicados que atuou na AL em 2006/2007

Esta semana saiu a lista dos 30 indicados ao prêmio de melhor jogador do mundo pela Fifa. Na eleição, votam os técnicos e capitães das seleções. Os indicados são: Buffon; Cannavaro; Cech; Cristiano Ronaldo; Deco; Drogba; Essien; Eto'o; Gattuso; Gerrard; Henry; Juninho Pernambucano; Kaká; Klose; Lahm; Lampard; Márquez; Messi; Nesta; Pirlo; Ribéry; Riquelme; Ronaldinho; Rooney; Terry; Tevez; Thuram; Torres; Van Nistelrooy e Vieira.

Alguns dados sobre a lista são interessantes:

* A Itália é o país com mais jogadores indicados (total de cinco). Em seguida, aparecem França e Inglaterra (quatro indicados cada). A Espanha é boa em comprar, mas não em formar craques: só um espanhol está na lista.

* Em relação aos países onde os listados atuam, Espanha e Inglaterra lideram, com dez jogadores cada. A Itália aparece com seis. Alemanha (três indicados) e França (um indicado) completam a lista. Vale lembrar que os campeonatos espanhol e inglês são os dois mais ricos do planeta, com os clubes que mais arrecadam.

* Já em relação aos clubes, o Barcelona é a casa de sete dos 30 indicados. O milionário Chelsea aparece em segundo com cinco e o Milan é o terceiro com quatro (incluindo o favorito Kaká).

* Há dois goleiros, cinco zagueiros, um lateral, doze meias e dez atacantes na lista.

* Menção honrosa para o argentino Juan Román Riquelme. Ele é o único que conseguiu entrar na lista mesmo atuando a temporada 2006/2007 num clube da América do Sul (Boca Juniors).

segunda-feira, outubro 08, 2007

Parece brincadeira...

Abre o olho, Botafogo!
Seria engraçado, se não tivesse pretensão de ser sério. Seria um curioso episódio do futebol amador se não tivesse acontecido na Era (dita) Profissional. Seria surpreendente para qualquer clube. Menos para o Botafogo. E o que seria impensável, tornou-se plausível: menos de dez dias depois de ter sido demitido, o técnico Cuca reassumiu o cargo.

Na sexta-feira (05/10), Carlos Augusto Montenegro já dizia que o recém-demitido treinador poderia voltar ao cargo em 2008. Mas eis que o Botafogo entra em campo no sábado, perde em casa para o Santos e no domingo, os dirigentes encontram a solução mágica: sai Mário Sérgio, entra Cuca.

Não vou discutir a postura do Cuca. Mário Sérgio, que virou bola da vez antes do previsto, já desancou o ex-atual técnico botafoguense, taxando-o de antiético. Mas o que dizer dos dirigentes do Botafogo? O que dizer da falta de planejamento, das decisões tomadas no calor dos acontecimentos, da ausência de profissionalismo e do desrespeito – aos torcedores, aos dois técnicos, ao próprio clube (que com certeza, deve ficar com o ônus das rescisões e contratações-relâmpago)?

Errar é humano, reconhecer o erro é nobre. Mas para tudo há limite. Se Cuca era o homem certo para comandar a equipe alvinegra, por que saiu? Porque era preciso entregar uma cabeça na bandeja? Porque não podiam demitir o time que entrou e entregou o jogo na Argentina? E se Mário Sérgio era um nome tão errado assim, se tinha tão pouca capacidade de assumir o time, porque não contrataram logo uma baiana de escola de samba para ser técnica? Só assim a atitude dos dirigentes do Botafogo fosse aceitável. Ou nem assim...

O mais certo disso tudo é que esses dirigentes vão passar e o Botafogo vai ficar. Bem como este fato ficará registrado na história do clube e do futebol, naquele capítulo reservado aos fatos ridículos do esporte bretão. Aquele, onde estão registrados episódios como os três pênaltis perdidos num só jogo pelo Palermo, o papelão do chileno Rojas, os três rebaixamentos seguidos do Fluminense e por aí vai.
Foto: Enrique Marcarian/Reuters

domingo, setembro 23, 2007

Fazendo o canguru-perneta

Meninas do Brasil: o céu é o limite
Verdade que o Brasil fez 2 a 0 e cedeu o empate. Verdade que a Austrália foi melhor boa parte do 2º tempo. Verdade que a zaga falhou e deu um gol para as adversárias. Mas a verdade também que em nenhum momento, as brasileiras perderam a cabeça ou deixaram de jogar futebol.

Valeu por tudo: pelos gols sofridos (sim, detesto essa coisa de ter a defesa zerada, tomar um golzinho só e voltar para casa); valeu pelo teste psicológico (abrir vantagem, perdê-la e sair novamente para fazer o resultado) e claro, valeu pela vaga na semifinal.

Agora, restam quatro equipes: a Noruega, a Alemanha, os EUA e o Brasil. Brasil, único time dos quatro que ainda não foi campeão mundial feminino. Brasil, de Marta, Cristiane, Formiga, Renata Costa, Andréia. Brasil, pronto para fazer história. Brasil que fez o canguru-perneta e bateu a Austrália por 3 a 2. As americanas são as próximas adversárias. E Deus queira, as próximas vítimas... Vai Brasil!


Foto: Fifa/Foto-net

A insônia de Carlos Alberto

 Carlos Alberto: a culpa é da insônia? Carlos Alberto: a culpa é da insônia?


Na minha escavação diária por notícias de futebol aqui e acolá, me deparei com a matéria “Noites sem sono de Carlos Alberto perturbam o Werder Bremen”, no UOL. Li com atenção e vi que o ex-meia do Fluminense foi afastado do grupo do seu clube atual por problemas de insônia. Sem conseguir dormir direito, o jogador – que foi a contratação mais cara da história do Werder Bremen, ao custo de € 8,5 milhões – não está rendendo em campo o que os dirigentes alemães esperavam e será encaminhado para especialistas para resolver isso.

Não vou falar sobre o diagnóstico ou discutir as possíveis causas da falta de sono dele para não ser leviana. Mas a notícia me causa surpresa sim. Porque há muito tempo, Carlos Alberto dorme. Em campo.

Apontado como revelação e craque já nos primeiros jogos como profissional no Tricolor carioca, Carlos Alberto foi incensado por torcedores e pela imprensa desde cedo. E talvez por isso, achou-se no direito de sentir-se maior do que de fato é. Podem até listar os títulos que ele conquistou. Para mim, nem sempre quer dizer muito – basta dizer que Zico não tem uma Copa do Mundo no currículo e o Vampeta tem.

Ele foi para o Porto e não mostrou serviço. Culparam a adaptação. Repatriado pelo Corinthians/MSI, foi campeão brasileiro muito mais às custas de Tevez e Nilmar que por seu próprio brilho. Voltou ao Fluminense (campeão da Copa do Brasil em 2007), mas o tricolor jogava melhor quando ele não jogava. Carlos Alberto dormia em campo. Foi bastante vaiado. Só acordava para correr na ponta dos pés como uma bailarina que se arrisca a jogar bola; mas não bailava. Tocado, caía já olhando para o juiz e xingando meio mundo. Craque como acha que é, deve pensar que as defesas tinham obrigação de se abrir diante dele como o Mar Vermelho abriu para Moisés. Tentava jogadas de efeito, como se o passe objetivo – mas bem feito – fosse algo menor. Passou a se preocupar mais com a variação de penteados e menos com a variação de jogadas e a evolução do seu futebol.

Daí meu espanto ao ver que o Werder Bremen se preocupa em fazer Carlos Alberto dormir. Eu já acho que o melhor que ele faz é acordar. Acordar para a vida, para a carreira, para as oportunidades. Acordar do sonho de achar que é um craque, quando é – no máximo – um bom jogador. Acordar antes que caia da cama e se transforme num novo Roger: um meia que também despontou no Flu, foi apontado como craque e ainda hoje, aos 29 anos, não passa de uma “promessa”.
Foto: Gazeta Online

quinta-feira, setembro 20, 2007

A três passos do paraíso


A três passos de um sonho. Vamos lá, Brasil!

A China está sediando a Women World Cup. E lá, as meninas da Seleção Brasileira estão revivendo o melhor do futebol-arte, da vontade, da raça, da técnica. Logo elas, que recebem pouco ou nenhum apoio aqui dentro, fazem o que os homens têm esquecido de fazer há algum tempo: vestir a amarelinha com orgulho e alegria.
Com campanha irretocável - três jogos, três vitórias (sendo duas por goleada) - elas se classificaram para a fase mata-mata. Agora, nas quartas-de-final, enfrentam a Austrália. Estão a três passos de realizar o sonho de conquistar o primeiro mundial para o Brasil. Vou torcer muito - como há muito tempo não faço - para que esta Seleção fique com o título. Boa sorte, meninas!
Imagem: montagem/reprodução do site da Fifa

quarta-feira, setembro 19, 2007

Abre o olho, Felipão

Felipão agride jogador sérvio
Além de Portugal não fazer boa campanha nas Eliminatórias da Eurocopa (a equipe portuguesa está em terceiro no Grupo A e apenas os dois primeiros se classificam), o filme do brasileiro ficou bem chamuscado quando o brasileiro deu um soco no zagueiro sérvio Dragutinovi, no empate entre Portugal e Sérvia, em Lisboa. A agressão deve ser punida pela Uefa. Completando o cenário, José Mourinho (polêmico, mas considerado um dos melhores técnicos do mundo) está fora do Chelsea após desgastes e cobranças por resultados.

Eu, como Deus, não jogo com dados e não acredito em coincidências. A frase aparece no filme "V de Vingança", dita pelo personagem principal. Mas eu concordo com ela. E por isso mesmo, digo: abre o olho, Felipão! Não duvido nada que Mourinho surja no comando da seleção de Portugal.
Foto: AP

Fair play em dois atos



Enquanto por aqui, na “Terra do Futebol-Arte”, o assunto do momento é discutir se a foca do Kerlon deve ou não ser morta a pauladas (com direito a declaração do zagueiro Luiz Alberto, dizendo que ‘arregaçaria o atacante’ e pegaria a bola, ainda que para isso tivesse que dar golpes de capoeira e pegar bola, cabeça e tudo), lá na Inglaterra, duas equipes deram uma lição prática de fair play.

Tudo porque, há três semanas, o jogo entre Nottingham Forest e Leicester City, válido pela Copa da Liga Inglesa, precisou ser suspenso porque o zagueiro Clive Clarke, do Leicester, sofreu um problema cardíaco. A partida foi interrompida quando o Nottingham vencia por 1 a 0, mas ainda assim, ninguém do clube hesitou em suspender a partida visando o bem-estar do atleta adversário. Foi o primeiro ato da lição prática de fair play.

Mas o grande ato ainda estava por vir. Partida remarcada, o Leicester City achou justo deixar o adversário marcar um gol no início da nova partida, restaurando o placar de 1 a 0. Para evitar qualquer suspeita de manipulação de resultados em sites de apostas, os dois clubes acertaram que o goleiro Paul Smith, do Nottingham, marcasse o gol. O lance é bastante inusitado, principalmente porque Smith chega a cumprimentar e ser felicitado pelos adversários enquanto caminha com a bola para abrir o placar.

O Leicester acabou vencendo por 3 a 2 de virada. Mas cá entre nós: em tempos de tanta brutalidade – no futebol e no mundo – penso que o clube sairia vencedor mesmo que não conseguisse virar o placar.

sexta-feira, agosto 31, 2007

Será que valeu?

A Fifa enviou nesta sexta (31/08), um fax à CBF, no qual avisa que vai impetrar um recurso no Tribunal Arbitral do Esporte, na Suíça, contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que decidiu pela absolvição de Dodô no caso de doping pela substância femproporex. A decisão foi tomada a pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada), que pediu à entidade máxima do futebol uma investigação para explicar os motivos pelos quais Dodô foi absolvido mesmo tendo tido resultado positivo no exame antidoping.

O Botafogo (e principalmente, Dodô) que se cuidem. Isso porque a estratégia do clube que, segundo tenho visto em algumas reportagens do jornal “Extra” não foi lá das mais transparentes, pode não só prejudicar, como pôr fim à carreira do jogador. Se a pena do código brasileiro era de no máximo 120 dias de afastamento dos campos, a da Fifa e a da Wada prevê até dois anos de suspensão. Já seria ruim para um jogador novo, mas para um atleta de 33 anos, pode ser o fim da linha. Será que valeu a pena o “jeitinho brasileiro” do Botafogo neste caso?

O show vai começar (de novo)

Sorteio dos grupos da Liga dos Campeões 2007/2008
Depois da fase preliminar, vai começar a fase quente da Liga dos Campeões 2007/2008. Nesta quinta (30/08), em cerimônia realizada em Mônaco, a Uefa realizou o sorteio dos grupos. A competição começa dia 18 de setembro e termina 21 de maio, quando acontece a final no Estádio Luzhniki, em Moscou. São oito grupos com quatro equipes; os dois primeiros seguem adiante; os terceiros colocados entram na Copa da Uefa.

GRUPO A: LIVERPOOL, PORTO, OLYMPIQUE DE MARSELHA E BESIKTAS

GRUPO B: CHELSEA, VALENCIA, SCHALKE 04 E ROSENBORG

GRUPO C: REAL MADRID, WERDER BREMEN, LAZIO E OLYMPIACOS

GRUPO D: MILAN, BENFICA, CELTIC E SHAKHTAR

GRUPO E: BARCELONA, LYON, STUTTGART E GLASGOW RANGERS

GRUPO F: MANCHESTER UNITED, ROMA, SPORTING E DÍNAMO DE KIEV

GRUPO G: INTERNAZIONALE, PSV, CSKA E FENERBAHÇE

GRUPO H: ARSENAL, SEVILLA / AEK, STEAUA BUCARESTE E SLAVIA PRAGA (**)

* Em vermelho, estão os cabeça-de-chave.

** Falta a definição da última vaga do grupo H, entre Sevilla e AEK.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Belas homenagens

A morte de Puerta protagonizou belas cenas de solidariedade, que poderiam servir como emblema, por exemplo, para as torcidas organizadas no Brasil (todas adversárias entre si, mesmo quando são do mesmo clube). Dirigentes, jogadores, técnicos e torcedores de outras equipes adversárias do Sevilla se solidarizaram com a dor do clube e da família. E deixaram a rivalidade de lado.


Rivalidade à parte, torcedores do Sevilla e do Bétis lamentam a morte de Puerta.

Inter e Barça entraram em campo com a camisa de Puerta, no Troféu Joan Gamper.

Fotos: EFE / Reuters

Triste (e interminável) repetição

Em jornalismo, quando uma notícia é “quente” ou interessante o suficiente para render desdobramentos e matérias relacionadas ao assunto, acontece a “suíte” (termo que designa exatamente este tipo de matéria, feita para remeter ao que já foi tratado ou acrescentar novos fatos). No caso da morte do jogador Puerta, era inevitável que o tema rendesse na mídia: a repercussão da morte, a cobertura do enterrro etc.
Mas nesta quarta (29/08), dia seguinte do falecimento do lateral do Sevilla, outro jogador de futebol teve parada cardíaca e morreu. Desta vez foi o zambiano Chaswe Nsofwa, do Hapoel Beersheba (1ª divisão de Israel). Isto porque ainda ontem, na partida entre Nottingham Forest e Leicester, pela Copa da Liga Inglesa, o jogador irlandês Clive Clarke desmaiou no vestiário durante o intervalo. Foi necessário uso de desfribilizador e o jogo foi suspenso.
Matéria do Globoesporte.com diz que a Fifa vai exigir a construção de uma sala para reanimação de atletas em todos os estádios onde serão realizadas partidas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2010. Mas que não fique por aí... Porque a causa de acontecimentos desse tipo estarem sendo tão freqüentes não pode ser mera fatalidade.

terça-feira, agosto 28, 2007

Triste repetição

Sevilha de luto
Sevilla de luto pela morte do jovem Puerta


A Espanha (e o mundo do futebol) choram hoje pela morte prematura do jogador Antonio Puerta. O lateral-esquerdo do Sevilla tinha 22 anos e faleceu nesta terça (28/08) em decorrência de encefalopatia e de falência múltipla dos órgãos, males causados por conta da perda de oxigênio no cérebro provocada por parada cardíaca. Ele passou mal ainda em campo, na partida contra o Getafe.


Sim, a morte de Puerta foi prematura. Mas não sei se pode ser classificada de “inesperada”, tamanha a freqüência de jogadores que têm morrido em campo ou logo após saírem dele. A memória bem recente traz nomes como o de Serginho (São Caetano), Marc-Vivien Foé (Camarões), Miklos Fehér (Benfica) e do brasileiro Lima (Dempo, da Índia). Uma triste repetição que talvez seja resultado direto do futebol que privilegia tanto a parte física e o esforço contínuo do corpo durante as partidas. Basta olhar um jogo da Copa de 70 (referência do futebol-arte) e um qualquer na atualidade. A cadência é completamente diferente; parece até que o campo encolheu e o número de jogadores aumentou. Sem contar o grande número de partidas do calendário.
Sem dúvida, os métodos de preparação física mudaram, melhoraram, foram aperfeiçoados. Mas o corpo humano continua tendo limites. Mesmo para jovens e esportistas como o talentoso (e já saudoso) Puerta.
Imagem: Reprodução - Site Sevilla

Índice Edílson

A economia tem diversos índices que refletem como anda o mercado monetário. O futebol, a meu ver, também tem os seus. E a julgar por eles, o futebol brasileiro já teve dias melhores.
Um fator que tão bem indica isso é o que batizei de “Índice Edílson” (em homenagem à mais “nova” contratação do Vitória em sua tentativa de voltar à Série A). Já algum tempo, os clubes brasileiros – e não só da Série B – anunciam jogadores “veteranos” como se fosse estes fossem a última Coca gelada do planeta. Como se anunciassem que tiraram um Ronaldinho Gaúcho ou um Kaká do plantel de uma grande equipe européia. Foi assim com Vampeta, no Corinthians; com Petkovic, no Santos; com Edílson, no Vitória. E não deixa de ser assim também com Romário, no Vasco. A estratégia parece refletir algumas causas: desespero (o veterano chega sempre como salvador ou como o grande elemento para desequilibrar jogos); miopia gerencial (o dirigente acredita que um grande nome, ainda que em decadência física e técnica, pode melhorar o humor da torcida); franca decadência de um futebol que parece ter cada vez mais orgulho de ser mero produtor e exportador de talentos; pouco planejamento a médio/longo prazos. Resumindo: falta de seriedade, profissionalismo e até irresponsabilidade com o patrimônio alheio (sim, porque um clube não pertence aos dirigentes, por mais que estes pensem o contrário).
E o pobre futebol brasileiro fica assim, do jeito que a gente anda vendo: sem nenhuma estrela com brilho real, escravo de estrelas cadentes (e de pessoas que ficam fazendo pedidos a elas, enquanto o rastro de luz fica para trás). Ou alguém por aí vê algum camisa 10 que realmente seja 10?

*****

Não por acaso, matérias como a do jornal “O Globo”, no último domingo, têm aparecido com freqüência. O título traduz a penúria do nosso futebol: “Procura-se o craque do Brasileiro”. Bom, ele com certeza existe... Mas deve ter ido para algum clube da Europa antes de completar 20 anos.
O Globo questiona onde está o craque do Brasileirão
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Aliás, nada mais sintomático sobre Edílson do que seu próprio site oficial. Lá, ele ainda aparece como “Capetinha da Gávea”. Então tá...

O 'atualizado' site de Edílson

segunda-feira, agosto 20, 2007

Gols de letras

Depois do futebol, os livros são a minha maior paixão. E quando essas duas paixões se unem, acabo reservando espaço na minha estante para os novos títulos. Este ano tem Bienal do Livro aqui no Rio e já tenho três publicações na mira:

A Dança dos Deuses
Autor: Hilário Franco Júnior
Editora: Companhia das Letras
O autor já ganhou dois Prêmios Jabuti e é professor aposentado de história social na USP. Hilário Franco Júnior é historiador especializado em Idade Média. Em seus estudos, viu que quase tudo o que existe agora teve sua origem no mundo medieval. Daí a necessidade de estudar o passado como forma de entender o presente. E ele faz isso com o futebol. O livro está dividido em duas partes: uma histórica e outra analítica. As páginas pretendem mostrar que o futebol não pode ser dissociado da história geral das civilizações, servindo ainda de metáfora sociológica, religiosa, psicológica, lingüística etc.

Jogo Duro
Autor: Ernesto Rodrigues
Editora: Record
Ernesto Rodrigues já tem experiência em escrever biografia de uma personalidade do esporte (a primeira foi “Um Herói Revelado, do inesquecível Ayrton Senna). E encarou a missão de escrever a biografia de João Havelange. Realizou cerca de 24 horas e meia de entrevistas com o presidente de honra da FIFA e faz questão de frisar que Havelange o ajudou, mas aceitou a autonomia do autor em relação ao que seria escrito. Uma boa pedida para quem gosta de entender o lado político do futebol.

Invasão de Campo
Autor: Barbara Smit
Editora: Jorge Zahar

Este livro tem até slogan “Três listras, dois irmãos, uma briga”. A obra conta a história dos irmãos Adi e Rudolf Dassler, que na década de 20 revolucionaram a indústria de calçados ao criar uma empresa voltada somente para linha esportiva. A empresa? É só unir o nome Adi + as três primeiras letras do sobrenome dele: Adidas. O que poderia ser um sucesso em família virou ressentimento, briga e traição. A sociedade acabou e da separação surgiu outra empresa de artigos esportivos: a Puma. É de fazer babar quem gosta de marketing esportivo, futebol e histórias de bastidores que simples mortais como nós não temos acesso.
Imagens: Divulgação/Editoras

sexta-feira, agosto 10, 2007

Superleague Formula: o futebol invade as pistas

Webb e Andreu: criadores da categoria que une automobilismo e futebol

“Dois grandes esportes, um campeonato emocionante”. Com esse conceito, o espanhol Alex Andreu e o inglês Robin Webb criaram a Superleague Formula, um campeonato que une o automobilismo e o futebol. Andreu é especialista em marketing que desenvolveu projetos de mídia e programas de divulgação para os Jogos Olímpicos de Barcelona, a Liga Espanhola de Futebol, a Seleção Espanhola, a FINA, a FIFA e a UEFA. Já Webb é um executivo financeiro conhecido pelas experiências e investimentos nos esportes motores. A idéia dos dois – genial, na minha opinião – é simples: no lugar das escuderias como Ferrari ou Williams, entram times de futebol.

O design dos carros é feito com as cores dos clubes participantes e segundo pesquisa realizada pelos criadores da categoria, vai atrair tanto os apaixonados por esportes motores quanto torcedores de futebol. Lançada em abril, a Superleague já conta com a participação do Milan, do Anderlecht, do Borussia Dortmund, do PSV Eindhoven, do Porto e do Olympiacos, além do Flamengo, que acertou a participação no campeonato no último dia 08, apresentando o modelo do carro rubro-negro em coletiva na Gávea.

Na primeira temporada em 2008, a Superleague Formula terá seis etapas na Europa, com previsão de crescimento para 2009. Todos os carros serão fabricados pela mesma empresa para garantir a igualdade na disputa e terão cerca de 750 cavalos de potência. O que vai fazer diferença mesmo é o piloto – e quem sabe, a força de cada torcida. Esse é o tipo de carrinho que todo amante do futebol gosta de ver e que juiz nenhum pode sequer um cartão amarelo.

Foto: Divulgação / Superleague Formula

quarta-feira, agosto 08, 2007

A teoria...

(...) “Dependerá do presidente (Ricardo Teixeira) perceber que ele não é dono da Seleção. Ela é do povo. Se os torcedores me quiserem de volta, estarei disponível”.

A frase é do atacante Ronaldo ao jornal “La Gazzetta Dello Sport” e na entrelinha, revela o desejo de retornar a vestir a camisa amarela. Nem tanto na entrelinha, o Fenômeno mostra ainda que não engoliu as críticas de Teixeira, publicadas no Estadão, a respeito do comportamento dos jogadores e da má-forma física do atacante na Copa de 2006.

“Em 2002, quando fomos pentacampeões, ele (Ricardo Teixeira) foi o primeiro a levantar a taça. Agora, ele não pensa duas vezes em nos criticar. A questão do peso nunca foi problema”.

Na teoria, Ronaldo está coberto de razão. Mas na prática...

A prática...

Ronaldo: vontade de estar na Seleção Ronaldo: vontade de estar na Seleção


Na prática, há muito tempo a Seleção Brasileira não é do povo. É dos patrocinadores, da empresa que negocia os amistosos da equipe e claro, de Teixeira & Cia, que em julho foi reeleito para mais uma mandato e permanece lá, na CBF, desde 1989. Às vezes, nem dos patrocinadores, como é o caso da Vivo, em pé-de-guerra com o comando da entidade (consulte post sobre o assunto).

Essa mesma Seleção não joga em seu próprio país desde 25 de abril de 2005, quando Romário despediu-se da amarelinha contra a Guatemala.

Na teoria, Ronaldo está certo; a Seleção Brasileira devia ser mesmo dos quase “190 milhões em ação”. Só que a prática revela que, infelizmente, os únicos “milhões em ação” que fazem o movimento “pra frente Brasil” são milhões de dólares (e não mais de corações).

Foto: EFE/UOL

segunda-feira, agosto 06, 2007

Nike x Pirataria

Linha Kick Off, da Nike: camisas originais, com preço mais acessível.
Linha Kick Off, da Nike: camisas originais, com preço mais acessível.


A iniciativa vinha sendo decantada há algum tempo, mas não tinha saído da gaveta. Agora, finalmente aparece nas lojas uma boa iniciativa não para combater – papel destinado às autoridades – e sim para concorrer com a pirataria.

A Nike lançou a “Kick Off”, camisa produzida pela empresa com design igual ao do uniforme utilizado em campo. Alguns detalhes são diferentes: o escudo (que na camisa dos jogadores é bordado e na linha Kick Off é feito em silk) e o tecido (em vez do moderno dri-fit da primeira, a segunda é feita de poliéster). Mas a grande diferença mesmo aparece no bolso: as camisas da linha Kick Off são, em média, 60 reais mais baratas que a camisa utilizada em campo. São vendidas a menos de 80 reais. Concordo que o preço ainda é salgado para a maior parte dos orçamentos no Brasil. No entanto, a iniciativa é boa porque abre caminho para a criação de alternativas que promovam a inclusão do torcedor comum no mercado de consumo do futebol. E, por tabela, gerem mais renda para os clubes brasileiros.

Flamengo e Corinthians, patrocinados pela Nike e donos das duas maiores torcidas do país, já têm camisas com preços mais populares. Será que a moda pega?