Site Meter Sem Salto Alto

quinta-feira, novembro 22, 2007

Relação patrocinador x patrocinado

Muito interessante o pensamento de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians. Ele quer rediscutir a relação do clube alvinegro com os principais patrocinadores (Samsung e Nike). Segundo ele, é preciso melhorar o "relacionamento da parceria como um todo". O todo seria relativo a "atitudes, ações e projetos". Ele falou do Corinthians em particular, mas poderia dizer o mesmo para os clubes brasileiros em geral.

Aqui, a relação entre patrocinador e patrocinado no futebol resume-se ao pagamento de patrocínio e exibição de marca na camisa praticamente. Não são formatadas ações integradas, que usem o clube como uma ferramenta não só de comunicação, mas de relacionamento, de geração de receitas alternativas e fidelização às marcas. Vou discutir o assunto com mais calma em breve. Mas é bom saber que os clubes brasileiros começam a perceber a diferença entre patrocinador e parceiro.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Nem Deus salvou a Rainha

Festa croata em Wembley: Inglaterra fora da Euro 2008  Festa croata em Wembley: Inglaterra fora da Euro 2008

Era preciso somente fazer o dever de casa: vencer ou empatar com a já classificada Croácia em Wembley. Esses resultados garantiriam a Inglaterra na fase final da Eurocopa 2008. Os croatas abriram vantagem de dois gols no primeiro tempo. O English Team foi buscar o empate no segundo. Mas recuou e ficou assistindo o adversário jogar, jogar, chegar perto da área, ameaçar. Petric não tinha nada com os problemas ingleses e com um chutaço cruzado despachou os ingleses. A Rússia agradeceu e ficou com a vaga.

*****

Aliás, entre os classificados, não há nenhum time do Reino Unido. Nem Deus salvou a Rainha na Euro 2008.

Grupo A
Polônia e Portugal

Grupo B
Itália e França

Grupo C
Grécia e Turquia

Grupo D
República Tcheca e Alemanha

Grupo E
Croácia e Rússia

Grupo F
Espanha e Suécia

Grupo G
Romênia e Holanda

*****

A desclassificação não causa só um abalo na Seleção Inglesa. Uma interessante matéria do “Daily Telegraph” mostra uma previsão das perdas econômicas da eliminação. O prejuízo é estimado em £1 bilhão (aproximadamente R$ 3,6 bilhões), em perdas nos setores de publicidade, apostas, direitos de transmissão e produtos comumente consumidos por torcedores (como a cerveja por exemplo). Clique aqui para ler a matéria.

Foto: AP/Terra

terça-feira, novembro 20, 2007

Alhos e bugalhos

Alhos e bugalhos: bem diferentes, não dá para comparar Alhos e bugalhos: bem diferentes, não dá para comparar

Quem tiver um tempinho, deve ler a “defesa” do sistema de pontos corridos escrita por Fábio Koff, reeleito recentemente presidente do Clube dos 13. A linguagem desnecessariamente rebuscada nem é a pior parte do artigo. Ruim mesmo é comparar a média de público da Copa do Brasil deste ano (que utiliza o chamado sistema “mata-mata”) com a média de público do Brasileirão 2007, como forma de referendar os pontos corridos.

É preciso cautela e coerência nesse tipo de comparação. Primeiro porque Estatística é aquela ciência que, se um sujeito come quatro frangos e o outro come nenhum, a média vai dizer que cada um comeu dois. Segundo, porque para comparar duas coisas matematicamente é preciso que essas duas coisas tenham equivalência. Ou alguém acha válido comparar o desempenho de carro da Stock Car com um da Fórmula 1 e ainda utilizar isso para dizer que um tem mais potência que o outro?

Então, comparar uma competição que tem 64 clubes, escolhidos por critérios não muito evidentes para o consumidor (ou torcedor, se preferir) com outra que reúne os 20 maiores clubes do país não é válido. Ou alguém realmente acredita que uma competição que conta com a Associação Desportiva Senador Guiomard (também “conhecida” como Adesg/AC), Baré/RR, Barras/PI, Olímpico Pirambu/SE Coxim/MS ou Vilavelhense/ES possa realmente ser um sucesso absoluto de público? Então, se o Brasileirão 2007 tem “16.250 torcedores por jogo, e está crescendo, enquanto a Copa do Brasil fechou com 10.663 espectadores por partida” como afirmou Koff, tenho para mim que não foi por causa do sistema de uma competição ou de outra. A diferença escandalosa é que uma delas prima pelo critério técnico – não por acaso chamada de “elite do futebol brasileiro”. A outra parece mais com um instrumento político, da mesma forma que a Arena - partido conservador criado para apoiar o governo ditador aqui no Brasil - fazia. “Onde a Arena vai mal, um time no nacional”.

Sinceramente, Koff, nunca vi um torcedor ir ao estádio para ver “um sistema de pontos corridos”. Torcedor vai ao estádio para ver bons jogos, bons jogadores, bons espetáculos. O mata-mata é emocionante sim. Mas não quando realizado entre times e clubes que já estão mortos há muito tempo. Há meios melhores de defender os pontos corridos. Só não entra na minha cabeça que a defesa misture alhos e bugalhos.
Imagem: Montagem Glaucia Marques

segunda-feira, novembro 19, 2007

Tenha a Santa paciência, Santa Cruz...

A última colocação no Brasileirão de 2006 colocou o Santa Cruz na Série B. Em 2007, com uma rodada de antecedência, o clube pernambucano desceu ainda mais a ladeira. Ano que vem, o Santa Cruz vai encarar a Terceirona. E eis que, após esse desempenho pífio, Édson Nogueira, presidente do Tricolor de PE, resolveu fazer denúncias graves sobre possíveis irregularidades no campeonato.

Nesta segunda(19/11), entregou um dossiê ao Ministério Público e à Federação Pernambucana de Futebol denunciando "extorsão". Segundo ele, "o clube foi extorquido" e pessoas supostamente ligadas à arbitragem pediram dinheiropara arrumar resultados a favor do Tricolor. Parece que há números de contas bancárias e e-mails na documentação reunida e já há quem clame pela anulação da Série B.

Não vou aqui dizer que não há ou não houve manipulação de resultados. Acho que essas coisas surgiram junto com o futebol ou até antes dele, se bobear... O que me espanta é o dirigente que sabe dessas coisas e só resolve jogar no ventilador quando as coisas não saem como o esperado. Na minha terra, o nome disso é conivência. O sobrenome é omissão. Tenha a Santa paciência, Santa Cruz!

O Calcio em inferno-astral

 A violência no futebol não é exclusividade da Itália A violência no futebol não é exclusividade da Itália


Adoro o campeonato italiano: o inglês pode ser o mais valorizado pela TV, o espanhol pode ter os clubes mais ricos, mas se eu tivesse que escolher só um campeonato nacional da Europa para assistir, eu escolhia o da Terra da Bota. Acho que foram os domingos de Show do Esporte na infância, quando a Band começou a transmitir os jogos da Itália (e foi uma época de ouro, com o timaço do Napoli de Careca e Maradona, da Sampdoria do Vialli, do Milan de Gullit e Van Basten, da Internazionale do Klinsmann e do Matthäus etc). Mas o Calcio está num inferno-astral...

Depois do recente escândalo da manipulação de resultados, agora é a violência dos torcedores que mancha o espetáculo. Claro que o problema não é exclusivo da Itália; é que lá (como todo lugar que encara o futebol como um negócio sério) as coisas acabam tomando proporções maiores. Até a Giovanna Melandri, ministra dos Esportes por lá, manifestou-se, dando ao problema ares de questão nacional. E é mesmo... A legítima preocupação das autoridades poderia servir de exemplo aqui no Brasil, onde violentas torcidsas organizadas (?) fazem o que querem - inclusive, matando com dia e hora marcada, em confrontos "pré-agendados" pela internet.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Idade da Pedra

Souza mostra o quanto os clubes do Brasil precisam melhorar
Exemplo típico de como o marketing esportivo no Brasil precisa melhorar


Os clubes brasileiros ainda têm muito o que aprender para levar o futebol desse país ao patamar que merece (ou pelo menos, levar a algum patamar). Fico impressionada como coisas simples lá fora não são óbvias aqui. Um exemplo básico: navegando pelo site do jornal “O Globo”, vi uma foto do atacante Souza, do Flamengo na home.

Ele vestia um agasalho de um time que não é o seu, com marca de um fornecedor de material esportivo que não é o do seu clube e para piorar, ele parecia estar na Gávea (não sei onde a foto foi tirada, mas o ambiente ao fundo parece o do clube rubro-negro). Eu pergunto: alguém já viu David Beckham vestir alguma coisa sem ganhar nada por isso? Ou alguém aí acha que o Real Madrid, o Barcelona, o Manchester United deixa os jogadores vestirem o que bem entendem, ainda mais em horário de trabalho? A resposta é um sonoro não.

Talvez Souza não seja culpado. Provavelmente nunca foi orientado sobre o assunto (o que não justifica que ainda não tenha se tocado sobre detalhes como esse). Mas será que o Flamengo não se importa com isso? E os direitos de imagem, que custam fortunas ao clube? São usados para quê? Pelo visto, não são utilizados como ativos para negociar com os patrocinadores... Enfim... Há muito caminho a ser trilhado.
Reprodução: Site do jornal "O Globo"

Aliás...

Se alguém quiser ter a sensação de ser dirigente esportivo e comandar um clube de forma profissional, sugiro o game "Fifa Manager 2008". Desde 2003, sempre adquiro esse game (que até 2005 tinha o nome de "Total Club Manager"). Tão bom fazer planejamentos, ter metas, admnistrar clubes com seriedade... Vale a diversão (nesse caso, bem virtual mesmo para a realidade brasileira).

Reprodução da caixa do Game

terça-feira, novembro 13, 2007

Pizza de bacalhau


A carteirinha feita pelo MUV: a torcida do Vasco merece esclarecimentos


Nesta terça, 13 de novembro, o futebol brasileiro completa um ano de mais um episódio vergonhoso. Um triste aniversário e quem sopra as velhinhas são os torcedores de uma das maiores torcidas do Brasil. Parece que foi ontem, mas já faz um ano que as eleições vascaínas estão sub judice. Há um ano, o Vasco da Gama tem um “presidente interino”, cuja vitória nas urnas foi, no mínimo, duvidosa.

Cerca de 300 torcedores do clube foram ao Tribunal de Justiça, no Rio, para protestar contra a lentidão do processo. Bravo, mas triste. O ideal seria que nenhum deles tivesse que fazer protesto para que a Justiça fizesse sua parte. O ideal seria que a história vascaína fosse respeitada. O vencedor poderia sim ser Eurico Miranda. Mas que o fosse sem sombra de dúvidas, respeitando o estatuto do clube, os sócios, a instituição Vasco.

Talvez seja pedir demais. Infelizmente, o futebol é um reflexo perfeito do Brasil como um todo. Foi o Vasco mas podia ser com qualquer outro clube ou federação. O país todo é uma grande pizzaria. E os vascaínos, engasgados, saboreiam uma pizza de bacalhau.
*****
O protesto foi marcado pela distribuição de uma “carteirinha de sócio” (foto) e por uma versão de uma das músicas mais cantadas pelos torcedores do Vasco nas arquibancadas. A letra segue abaixo:

"Vou torcer para o Eurico ir para prisão
Roubou o Vasco, muito ladrão
Eurico, você envergonha a nossa história
Com o seu bando, tudo escória
Contra o Dinamite, roubou geral
Mas que vergonha, cara-de-pau".

Foto: MUV

domingo, novembro 11, 2007

Corinthians grande

Corinthians é time grande e com time grande, não se brinca

O Corinthians está longe de ser um grande time. E isso fez com que muita gente parece esquecesse uma coisa: o Corinthians é time grande. E time grande, grande de verdade, jamais deve ser desrespeitado.
Sou daquelas que acham que time grande já nasce com essa vocação. Seja por conjunção astrológica, por sorte ou por destino, a grandeza já está ali, no gene. E isso já bastaria, em minha humilde opinião, para que o respeito existisse.
Porque esse gene garante o “algo mais” que não se explica. Esse gene contraria estatísticas, derruba favoritos. Esse gene reverte adversidades e garante uma linhagem de fatos heróicos. Esse gene é capaz de ser mais forte que todo sangue ruim de dirigentes corruptos. Esse gene é capaz de unir em família milhões e milhões de torcedores. Esse gene desperta guerreiros. Esse gene, o Corinthians tem.
Que ninguém se engane: o time grande tem capacidade de escrever sua história e seu destino, conduzindo-os, comandando-os. O time grande vive de épicos e epopéias. E o time grande nunca é derrotado por antecipação.
Foto: Thiago Bernardes/UOL

segunda-feira, novembro 05, 2007

Perdendo a chance de (não) ficar calado


Na hora do "vamos ver", é com essa cabeça que pensam os dirigentes brasileiros


Há algum tempo, ouço aqui e ali que o São Paulo está à frente no futebol brasileiro. “Tem outra visão, é bem administrado”. “É todo voltado para o marketing”. Verdade. Não vou aqui tirar os méritos do clube paulista. Mas tenho minhas dúvidas se o Tricolor do Morumbi difere-se tanto assim dos outros clubes e se pensa assim tão avançado quanto decanta. E essa balela de ser ou não o primeiro pentacampeão brasileiro mostra bem isso.

Para quem pretende ser bastião da modernidade e do profissionalismo do futebol no Brasil, o São Paulo deu uma tremenda bola fora. Não reconhecer que o Flamengo é sim, o primeiro pentacampeão brasileiro, é render-se ao atraso, ao futebol virada de mesa, ao amadorismo. É deixar-se enquadrar na Lei de Gérson. É descumprir a palavra dada – e assinada – já que, em 1988, o atual presidente são-paulino não só reconheceu o título rubro-negro no ano anterior, como ainda assinou embaixo. E que não seja dito que “o São Paulo só está agindo assim porque a CBF não reconhece a Copa União”. Porque há tempos, este mesmo São Paulo faz entender que não anda ao lado da CBF.

Sim, o clube que anda à frente perdeu uma chance e tanto de mostrar-se grandioso. E que fique claro aqui que ser grandioso é algo bem diferente de ser grande. O São Paulo perdeu a chance de não ficar calado. Mas calou-se. E dessa forma mostrou que não é, em essência, muito diferente de tudo que caracteriza o futebol brasileiro. Pode ter uma roupagem melhor, mais disfarçada. Mas ainda veste com gosto o pensamento roto e esfarrapado dos que querem levar vantagem em tudo.

domingo, outubro 28, 2007

Estamos em obras...

Em nome dos meus cinco leitores e também para comemorar - com um mês de atraso - o aniversário deste blog, em breve o "Sem Salto Alto" vai estar com novo visual. Tá quase pronto... Aguardem!

quinta-feira, outubro 18, 2007

A consagração

Ricardo Izecson dos Santos Leite. Para o futebol, para a bola, simplesmente Kaká. Na Seleção, é o sete. No Milan, o camisa 22. No mundo, o número um.

Não sei o que vai determinar a eleição de melhor jogador da Fifa este ano. Mas não vai mudar o fato de que Kaká é sim, o melhor na atualidade. Confesso que não via nele nada mais que um bom jogador quando começou. Queimei a língua e digo isso até com certo orgulho. Fosse ele unânime desde o início, talvez não chegasse onde está.

Os dois gols no Maracanã ajudaram a construir a goleada brasileira contra o Equador. E ajudaram a construir o coro “Ah, melhor do mundo” no estádio. Coro unânime. Foi a consagração de um jovem jogador. Foi a consagração de um grande craque.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Sem gols, sem graça, sem futebol...

Domingo teve futebol na telinha. Estréia da Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa de 2010. E a partida se encaixou como luva na programação dominical da TV aberta: foi ruim do começo ao fim. Parecia até novela: alguns nomes de peso atuando, mas sem conseguir anular a grande baboseira que serve como pano-de-fundo. O placar foi injusto. O zero a zero não dimensiona o quanto doeu nos olhos assistir ao jogo. Se fosse possível, "menos um a menos um" seria o resultado ideal.

O futebol do Brasil foi pequeno. Futebol-anão, para ser mais exata. Como o Atchim, o Dengoso, o Feliz, o Soneca, o Mestre, o Zangado e claro... O DUNGA.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Raio-X dos indicados da Fifa

Riquelme: único dos indicados que atuou na AL em 2006/2007

Esta semana saiu a lista dos 30 indicados ao prêmio de melhor jogador do mundo pela Fifa. Na eleição, votam os técnicos e capitães das seleções. Os indicados são: Buffon; Cannavaro; Cech; Cristiano Ronaldo; Deco; Drogba; Essien; Eto'o; Gattuso; Gerrard; Henry; Juninho Pernambucano; Kaká; Klose; Lahm; Lampard; Márquez; Messi; Nesta; Pirlo; Ribéry; Riquelme; Ronaldinho; Rooney; Terry; Tevez; Thuram; Torres; Van Nistelrooy e Vieira.

Alguns dados sobre a lista são interessantes:

* A Itália é o país com mais jogadores indicados (total de cinco). Em seguida, aparecem França e Inglaterra (quatro indicados cada). A Espanha é boa em comprar, mas não em formar craques: só um espanhol está na lista.

* Em relação aos países onde os listados atuam, Espanha e Inglaterra lideram, com dez jogadores cada. A Itália aparece com seis. Alemanha (três indicados) e França (um indicado) completam a lista. Vale lembrar que os campeonatos espanhol e inglês são os dois mais ricos do planeta, com os clubes que mais arrecadam.

* Já em relação aos clubes, o Barcelona é a casa de sete dos 30 indicados. O milionário Chelsea aparece em segundo com cinco e o Milan é o terceiro com quatro (incluindo o favorito Kaká).

* Há dois goleiros, cinco zagueiros, um lateral, doze meias e dez atacantes na lista.

* Menção honrosa para o argentino Juan Román Riquelme. Ele é o único que conseguiu entrar na lista mesmo atuando a temporada 2006/2007 num clube da América do Sul (Boca Juniors).

segunda-feira, outubro 08, 2007

Parece brincadeira...

Abre o olho, Botafogo!
Seria engraçado, se não tivesse pretensão de ser sério. Seria um curioso episódio do futebol amador se não tivesse acontecido na Era (dita) Profissional. Seria surpreendente para qualquer clube. Menos para o Botafogo. E o que seria impensável, tornou-se plausível: menos de dez dias depois de ter sido demitido, o técnico Cuca reassumiu o cargo.

Na sexta-feira (05/10), Carlos Augusto Montenegro já dizia que o recém-demitido treinador poderia voltar ao cargo em 2008. Mas eis que o Botafogo entra em campo no sábado, perde em casa para o Santos e no domingo, os dirigentes encontram a solução mágica: sai Mário Sérgio, entra Cuca.

Não vou discutir a postura do Cuca. Mário Sérgio, que virou bola da vez antes do previsto, já desancou o ex-atual técnico botafoguense, taxando-o de antiético. Mas o que dizer dos dirigentes do Botafogo? O que dizer da falta de planejamento, das decisões tomadas no calor dos acontecimentos, da ausência de profissionalismo e do desrespeito – aos torcedores, aos dois técnicos, ao próprio clube (que com certeza, deve ficar com o ônus das rescisões e contratações-relâmpago)?

Errar é humano, reconhecer o erro é nobre. Mas para tudo há limite. Se Cuca era o homem certo para comandar a equipe alvinegra, por que saiu? Porque era preciso entregar uma cabeça na bandeja? Porque não podiam demitir o time que entrou e entregou o jogo na Argentina? E se Mário Sérgio era um nome tão errado assim, se tinha tão pouca capacidade de assumir o time, porque não contrataram logo uma baiana de escola de samba para ser técnica? Só assim a atitude dos dirigentes do Botafogo fosse aceitável. Ou nem assim...

O mais certo disso tudo é que esses dirigentes vão passar e o Botafogo vai ficar. Bem como este fato ficará registrado na história do clube e do futebol, naquele capítulo reservado aos fatos ridículos do esporte bretão. Aquele, onde estão registrados episódios como os três pênaltis perdidos num só jogo pelo Palermo, o papelão do chileno Rojas, os três rebaixamentos seguidos do Fluminense e por aí vai.
Foto: Enrique Marcarian/Reuters

domingo, setembro 23, 2007

Fazendo o canguru-perneta

Meninas do Brasil: o céu é o limite
Verdade que o Brasil fez 2 a 0 e cedeu o empate. Verdade que a Austrália foi melhor boa parte do 2º tempo. Verdade que a zaga falhou e deu um gol para as adversárias. Mas a verdade também que em nenhum momento, as brasileiras perderam a cabeça ou deixaram de jogar futebol.

Valeu por tudo: pelos gols sofridos (sim, detesto essa coisa de ter a defesa zerada, tomar um golzinho só e voltar para casa); valeu pelo teste psicológico (abrir vantagem, perdê-la e sair novamente para fazer o resultado) e claro, valeu pela vaga na semifinal.

Agora, restam quatro equipes: a Noruega, a Alemanha, os EUA e o Brasil. Brasil, único time dos quatro que ainda não foi campeão mundial feminino. Brasil, de Marta, Cristiane, Formiga, Renata Costa, Andréia. Brasil, pronto para fazer história. Brasil que fez o canguru-perneta e bateu a Austrália por 3 a 2. As americanas são as próximas adversárias. E Deus queira, as próximas vítimas... Vai Brasil!


Foto: Fifa/Foto-net

A insônia de Carlos Alberto

 Carlos Alberto: a culpa é da insônia? Carlos Alberto: a culpa é da insônia?


Na minha escavação diária por notícias de futebol aqui e acolá, me deparei com a matéria “Noites sem sono de Carlos Alberto perturbam o Werder Bremen”, no UOL. Li com atenção e vi que o ex-meia do Fluminense foi afastado do grupo do seu clube atual por problemas de insônia. Sem conseguir dormir direito, o jogador – que foi a contratação mais cara da história do Werder Bremen, ao custo de € 8,5 milhões – não está rendendo em campo o que os dirigentes alemães esperavam e será encaminhado para especialistas para resolver isso.

Não vou falar sobre o diagnóstico ou discutir as possíveis causas da falta de sono dele para não ser leviana. Mas a notícia me causa surpresa sim. Porque há muito tempo, Carlos Alberto dorme. Em campo.

Apontado como revelação e craque já nos primeiros jogos como profissional no Tricolor carioca, Carlos Alberto foi incensado por torcedores e pela imprensa desde cedo. E talvez por isso, achou-se no direito de sentir-se maior do que de fato é. Podem até listar os títulos que ele conquistou. Para mim, nem sempre quer dizer muito – basta dizer que Zico não tem uma Copa do Mundo no currículo e o Vampeta tem.

Ele foi para o Porto e não mostrou serviço. Culparam a adaptação. Repatriado pelo Corinthians/MSI, foi campeão brasileiro muito mais às custas de Tevez e Nilmar que por seu próprio brilho. Voltou ao Fluminense (campeão da Copa do Brasil em 2007), mas o tricolor jogava melhor quando ele não jogava. Carlos Alberto dormia em campo. Foi bastante vaiado. Só acordava para correr na ponta dos pés como uma bailarina que se arrisca a jogar bola; mas não bailava. Tocado, caía já olhando para o juiz e xingando meio mundo. Craque como acha que é, deve pensar que as defesas tinham obrigação de se abrir diante dele como o Mar Vermelho abriu para Moisés. Tentava jogadas de efeito, como se o passe objetivo – mas bem feito – fosse algo menor. Passou a se preocupar mais com a variação de penteados e menos com a variação de jogadas e a evolução do seu futebol.

Daí meu espanto ao ver que o Werder Bremen se preocupa em fazer Carlos Alberto dormir. Eu já acho que o melhor que ele faz é acordar. Acordar para a vida, para a carreira, para as oportunidades. Acordar do sonho de achar que é um craque, quando é – no máximo – um bom jogador. Acordar antes que caia da cama e se transforme num novo Roger: um meia que também despontou no Flu, foi apontado como craque e ainda hoje, aos 29 anos, não passa de uma “promessa”.
Foto: Gazeta Online

quinta-feira, setembro 20, 2007

A três passos do paraíso


A três passos de um sonho. Vamos lá, Brasil!

A China está sediando a Women World Cup. E lá, as meninas da Seleção Brasileira estão revivendo o melhor do futebol-arte, da vontade, da raça, da técnica. Logo elas, que recebem pouco ou nenhum apoio aqui dentro, fazem o que os homens têm esquecido de fazer há algum tempo: vestir a amarelinha com orgulho e alegria.
Com campanha irretocável - três jogos, três vitórias (sendo duas por goleada) - elas se classificaram para a fase mata-mata. Agora, nas quartas-de-final, enfrentam a Austrália. Estão a três passos de realizar o sonho de conquistar o primeiro mundial para o Brasil. Vou torcer muito - como há muito tempo não faço - para que esta Seleção fique com o título. Boa sorte, meninas!
Imagem: montagem/reprodução do site da Fifa

quarta-feira, setembro 19, 2007

Abre o olho, Felipão

Felipão agride jogador sérvio
Além de Portugal não fazer boa campanha nas Eliminatórias da Eurocopa (a equipe portuguesa está em terceiro no Grupo A e apenas os dois primeiros se classificam), o filme do brasileiro ficou bem chamuscado quando o brasileiro deu um soco no zagueiro sérvio Dragutinovi, no empate entre Portugal e Sérvia, em Lisboa. A agressão deve ser punida pela Uefa. Completando o cenário, José Mourinho (polêmico, mas considerado um dos melhores técnicos do mundo) está fora do Chelsea após desgastes e cobranças por resultados.

Eu, como Deus, não jogo com dados e não acredito em coincidências. A frase aparece no filme "V de Vingança", dita pelo personagem principal. Mas eu concordo com ela. E por isso mesmo, digo: abre o olho, Felipão! Não duvido nada que Mourinho surja no comando da seleção de Portugal.
Foto: AP

Fair play em dois atos



Enquanto por aqui, na “Terra do Futebol-Arte”, o assunto do momento é discutir se a foca do Kerlon deve ou não ser morta a pauladas (com direito a declaração do zagueiro Luiz Alberto, dizendo que ‘arregaçaria o atacante’ e pegaria a bola, ainda que para isso tivesse que dar golpes de capoeira e pegar bola, cabeça e tudo), lá na Inglaterra, duas equipes deram uma lição prática de fair play.

Tudo porque, há três semanas, o jogo entre Nottingham Forest e Leicester City, válido pela Copa da Liga Inglesa, precisou ser suspenso porque o zagueiro Clive Clarke, do Leicester, sofreu um problema cardíaco. A partida foi interrompida quando o Nottingham vencia por 1 a 0, mas ainda assim, ninguém do clube hesitou em suspender a partida visando o bem-estar do atleta adversário. Foi o primeiro ato da lição prática de fair play.

Mas o grande ato ainda estava por vir. Partida remarcada, o Leicester City achou justo deixar o adversário marcar um gol no início da nova partida, restaurando o placar de 1 a 0. Para evitar qualquer suspeita de manipulação de resultados em sites de apostas, os dois clubes acertaram que o goleiro Paul Smith, do Nottingham, marcasse o gol. O lance é bastante inusitado, principalmente porque Smith chega a cumprimentar e ser felicitado pelos adversários enquanto caminha com a bola para abrir o placar.

O Leicester acabou vencendo por 3 a 2 de virada. Mas cá entre nós: em tempos de tanta brutalidade – no futebol e no mundo – penso que o clube sairia vencedor mesmo que não conseguisse virar o placar.